O Centro de Referência da Saúde da Mulher – Hospital Pérola Byngton (CRSM) lançou o Protocolo Pérola de Dor Oncológica, que define as principais diretrizes para tratamento adequado da dor em pacientes com câncer acompanhados na instituição. O documento faz parte de um movimento organizado pelo Hospital – que teve início com a criação do Ambulatório de Controle da Dor e, posteriormente, com a Enfermaria de Cuidados Paliativos – com a finalidade de chamar atenção para a necessidade de controle adequado da dor em todas as fases do câncer e para o impacto positivo dos cuidados paliativos na qualidade de vida do paciente em fases avançadas de doença.
Anualmente, o CRSM recebe cerca de 1600 novos casos de câncer – onde 25% deles se encontram em estágios avançados e uma parte significativa irá evoluir para doença metastática e fora de possibilidade de cura. Como a dor é predominante nesses casos, as pacientes são tratadas em diferentes setores do Hospital, como ambulatório de oncologia, pronto-socorro especializado, ambulatórios de especialidades e Ambulatório de Controle da Dor. O Hospital conta, ainda, com o atendimento em regime de internação na Unidade de Cuidados Paliativos (UCP) para as pacientes com sintomas de difícil controle e em fases mais avançadas de doença, onde recebem atenção de equipe multidisciplinar voltada à manutenção da qualidade de vida e ao controle dos sintomas da doença ou dos efeitos colaterais do tratamento.
De acordo com a médica Claudia Inhaia, médica com especialização em cuidados paliativos e em terapia da dor e responsável pela UCP, é preciso intensificar a conscientização sobre a dor oncológica, não só por parte dos pacientes, mas também dos profissionais de saúde. “A maioria dos pacientes oncológicos acredita que a dor faz parte da doença e deixam de procurar ajuda, o que é errado. Quando a dor é tratada adequadamente, há melhora não só na qualidade de vida, mas também nos índices de adesão ao tratamento”. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% dos pacientes oncológicos sofrem com dores, de intensidade moderada ou intensa, decorrentes tanto do próprio avanço do tumor quanto do tratamento antineoplásico.
Um levantamento* recente investigou o impacto da dor na vida de 344 pacientes oncológicos de todo o Brasil e os resultados trazem à tona os impactos físicos, sociais e econômicos acarretados pela dor subtratada e revelam a falta de conhecimento sobre o assunto. Dentre os entrevistados, 61% afirmou ter dor recorrente a mais de seis meses; no entanto, 30% revela não tomar nenhum tipo de medicamento que proporcione um pouco de alívio. Quando questionados sobre a intensidade da dor, 38% afirmou sentir dores intensas, enquanto 5% classificou sua dor como “insuportável”.
Para Claudia, o lançamento do Protocolo Pérola pode ser o primeiro passo para que que outras instituições sigam o mesmo caminho. “O Pérola Byngton é, atualmente, referência em Saúde da Mulher no País. Esperamos que, com esse movimento, outros centros percebam que a dor bem tratada é qualidade de vida aos pacientes”, afirma a médica.