A utilização da Inteligência Artificial (IA) no combate às glosas emerge como uma solução fundamental e cada vez mais presente no setor de saúde. Em mais uma edição do Workshop da Saúde Técnico, a diretora-executiva do SindHosp, Larissa Eloi, conversou com a médica Vivian Jonke, especialista em IA e fundadora da Dragão Digital. A íntegra do bate-papo, que teve como tema “Saiba como a Inteligência Artificial pode ajudar na Redução de Glosas”, está disponível no canal oficial do SindHosp no YouTube.
A convidada especial destacou a urgência de se desmistificar a IA e a apresentou não como uma promessa futura, mas como uma realidade atual para gestores hospitalares. “A gente já tem ferramentas na mão para fazer isso acontecer”, afirmou Vivan Jonke, enfatizando que a nova tecnologia é uma aliada poderosa para otimizar processos e garantir a saúde financeira das instituições.
Bilhões de reais em glosas
A dor das glosas é uma realidade persistente no ecossistema da saúde, com perdas financeiras significativas. Durante sua apresentação, Vivian Jonke destacou dados reveladores. Segundo ela, as glosas podem atingir até R$ 5,8 bilhões na saúde suplementar, com prazos de recebimento que se estendem por quase 76 dias, impactando diretamente a receita efetiva. “Realmente, a gente tem um desafio financeiro que é muito significativo”, pontuou a especialista, ressaltando que uma abordagem reativa no tratamento das glosas, ou seja, agir somente após sua ocorrência, aumenta o prazo de recebimento e compromete o fluxo de caixa, resultando em uma perda de até 12% da receita inicial.
A chave para reverter esse cenário, segundo a especialista, reside na antecipação e na proatividade. A IA, com sua capacidade de processar vastos volumes de dados (Big Data), permite a identificação de padrões de glosas, a criação de modelos preditivos e a automação de processos. “O ideal é realmente a gente se antecipar, ter estratégia, ter planejamento, e não apagar incêndio”, explicou Jonke. Com a aplicação da IA, é possível reduzir em até 30% as glosas, encurtando o ciclo de faturamento e otimizando a rastreabilidade de materiais e medicamentos, além de melhorar a comunicação entre hospitais e operadoras.
Letramento digital
Para os gestores que buscam iniciar a jornada da IA em suas instituições, o primeiro passo é o que ela chamou de “letramento digital”. “Às vezes, a gente acha que a IA é um bicho de sete cabeças, mas o letramento digital desfaz essa primeira impressão e os gestores percebem que se trata de um investimento que vale a pena”, sugeriu a especialista. Para começar, ela continua, ferramentas como o ChatGPT e outros, que exigem um aprendizado na formulação de “prompts” eficazes, representam um caminho para desmistificar a tecnologia e gerar insights. O diagnóstico inicial das áreas com maior incidência de glosas e a preparação dos dados históricos são etapas cruciais antes da escolha e implementação da solução.
A especialista reforçou que a IA não substitui profissionais, mas, sim, valoriza aqueles que se adaptam e a utilizam como aliada. “Os profissionais que vão ser substituídos são os que não se envolvem com tecnologia”, alertou Vivian Jonke. O investimento em IA, com um retorno sobre investimento (ROI) médio esperado já no primeiro ano, promove uma transformação da gestão de contas a receber, migrando de uma postura reativa para uma abordagem estratégica e proativa. A adoção da IA não é apenas uma melhoria operacional, mas uma mudança de paradigma que garante maior previsibilidade do fluxo de caixa e transparência nas negociações com as operadoras.
CURSO SOBRE IA E GLOSA
Para saber mais sobre o tema, o SindEduca promove no próximo dia 21 de agosto o curso presencial “Inteligência Artificial e a Redução de Glosa na Prática”, que será ministrado justamente pela docente Vivian Jonke. Associados e contribuintes têm 50% de desconto. Inscrições: clique aqui.