O SindHosp realizou um “Papo da Saúde Especial Outubro Rosa” com a psico-oncologista Luciana Holtz, presidente do Oncoguia, a Associação Brasileira de Defesa do Paciente com Câncer, que falou sobre a conscientização, prevenção e tratamento do câncer de mama, enfatizando a importância do acesso à informação e ao cuidado de qualidade. Durante a entrevista, conduzida por Larissa Eloi, CEO do SindHosp e da FESAÚDE, a convidada destacou pontos centrais para fortalecer a campanha Outubro Rosa e o enfrentamento da doença no Brasil.
Segundo Luciana Holtz, o câncer de mama é uma questão urgente no país: “Uma em cada oito mulheres vão ter câncer de mama, um dos maiores motivos que matam mulheres no Brasil e é o segundo câncer que mais tem incidência no nosso país”. Ela ressaltou que, diante desse cenário, é essencial que todas as mulheres estejam engajadas no próprio cuidado com a saúde. “Nós, mulheres, assumimos esse monte de papel que a gente gosta, e está tudo bem, mas não vai dar para fazer tudo o que a gente quer fazer se não colocarmos nossa saúde em primeiro lugar, como aconteceu com a máscara do avião, a gente tem de colocar na gente primeiro para depois colocar nos outros”.
A presidente do Oncoguia explicou a trajetória da entidade, enfatizando que a luta central é garantir informação de qualidade, apoio e defesa dos direitos dos pacientes. Para ela, o acolhimento é fundamental: “Não deixar com que nenhuma pessoa que receba um diagnóstico de câncer de mama passe por essa fase sozinha”. Apoio multidimensional, que inclui familiares, amigos, grupos de apoio e organizações, é vital para o enfrentamento da doença.
Mamografia e cura
Luciana Holtz também destacou a importância da detecção precoce para aumentar as chances de cura: “Na faixa de mulheres de 50 a 69 anos, apenas 30% das brasileiras fazem mamografia. É um exame chato, mas é também o único exame capaz de detectar o câncer enquanto ele está pequenininho. Se não fosse assim, eu não teria 95% de chance de cura”.
Segundo ela, o principal problema do Brasil é o diagnóstico em uma fase tardia do câncer de mama, quando não é possível mais curar a doença, sendo que o país tem 70 mil novos casos por ano. Holtz diz que é preciso ampliar o acesso ao exame, especialmente para mulheres entre 40 e 49 anos, conforme as novas diretrizes do Ministério da Saúde.
Outro tema abordado foi o impacto do histórico familiar e dos testes genéticos, como o BRCA, no cuidado personalizado: “Se eu sei que tenho uma mutação, eu tenho que tomar decisões para me cuidar de um jeito diferente. Hoje, isso está sendo amplamente discutido no Brasil.”