Depois de um período de tensão, governo e entidades de classe chegaram a um acordo sobre as regras para criação do Cadastro Nacional de Especialistas. O novo texto, que ainda deverá ter os detalhes finais acertados, foi acordado, em reunião no dia 20 de agosto, entre integrantes dos ministérios da Saúde, da Educação e entidades médicas. A versão que será apresentada na próxima semana atende às reivindicações de associações e retira o artigo, considerado polêmico, que permitia a criação de critérios de equivalência entre cursos de especialidade médica e acadêmicos.
"A ideia era permitir que títulos de especialidades, com algumas alterações pudessem também ser aproveitados para obtenção de títulos de mestrado e doutorado, não o oposto", afirmou o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Heider Pinto. "Para evitar confusões, isso foi retirado", completou.
O diretor da Associação Médica Brasileira, Diogo Sampaio, disse estar satisfeito com as alterações. "Mas somente vamos dar a palavra final quando virmos a versão pronta do novo decreto", afirmou.
Prevista na Lei do Mais Médicos, a criação do cadastro nacional de especialistas foi feita por meio de um decreto, publicado há duas semanas. A versão inicial, no entanto, irritou entidades médicas que viram no texto uma série de brechas para que o governo ampliasse seus poderes na regulação dos cursos de especialidades médicas.
Diante do descontentamento das entidades, um decreto legislativo foi apresentado para anular os efeitos do decreto presidencial. A proposta, no entanto, não chegou a ser votada. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, negociou com o setor e com parlamentares, um grupo de trabalho foi criado e a nova versão do texto, foi agora acordada.
"O importante é termos a adesão de todos", disse Heider Pinto. A nova versão do texto prevê um cadastro com base de dados distintas. Em uma delas, ficarão contidas as informações sobre especialidades. Em outra, os dados sobre títulos acadêmicos.