Com uma plateia selecionada de mais de 70 pessoas, a Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, participou na sede da ARCA de um debate estratégico sobre os rumos da saúde digital no Brasil. O anfitrião Francisco Balestrin, presidente do Conselho Estratégico da ARCA, abriu o evento. Segundo ele, a ARCA não nasceu para ser protagonista, mas, sim, para reunir protagonistas. “Ela é um espaço tanto arquitetônico como institucional capaz de agregar diferentes atores para discussões e articulações multissetoriais de assuntos da saúde que mereçam consenso”. A diretora-geral da ARCA, Larissa Eloi, também deu as boas-vindas à secretária, que touxe o mascote Zé Gotinha para o evento. “A ARCA tem como missão ser um agente de mudanças para construirmos um sistema de saúde mais robusto, ágil e sustentável”.
Antes da palestra de Ana Estela Haddad, os sponsors da ARCA falaram sobre o think thank da saúde. Virginia Paraizo, diretora Técnica e de Qualidade da Galileu Saúde, falou sobre o propósito de sua empresa, que atua em 556 municípios e 1.100 unidades de saúde, além de Colômbia, México, Chile e África. “Trabalhamos para integrar tecnologia e governança clínica com pertinência para ampliar acesso e sustentar os serviços de saúde agregando valor para a pessoa”, destacou Paraizo. “Estamos comprometidos em tornar a ARCA um espaço de geração de grandes ideias. Temos na saúde digital uma ferramenta essencial para ampliar de fato o cuidado e atingir milhões de pessoas”.
Julia Cestari, head de Políticas Públicas da Mevo, explicou que sua empresa trabalha com saúde digital, digitalizando documentos de saúde, favorecendo o acesso e a adesão a tratamentos e diagnósticos. “Questões complexas não têm soluções simples e o ecossistema de saúde lida com questões complexas, como financiamento da saúde, interoperabilidade, acesso a novas tecnologias, a própria fragmentação do sistema, que não se esgotam em uma solução isolada”, elencou Cestari. “A ARCA emerge como figura agregadora de entidades e tomadores de decisão, justamente para promover o diálogo. Só assim consegue difundir tanto políticas públicas como tecnologias que façam sentido para a sociedade. O diálogo melhor caminho para avançar”.
Kelly Magalhães, diretora nacional de Relacionamento Médico da Rede D’or, enfatizou a importância da união do setor privado e público para melhorar o sistema de saúde. “Com 78 hospitais em 13 estados e o Distrito Federal com 70 mil colaboradores, mais de 110 mil médicos na Rede D’Or e pelo cinco milhões de pacientes tanto em emergências como no ambulatório, temos grande responsabilidade com o cuidado à população”, pontuou Magalhães. “A ARCA surge como projeto fundamental frente à complexidade e à necessidade de atuação conjunta no setor da saúde”.
Maturidade digital
Em sua palestra, Ana Estela Haddad tratou dos “Avanços do SUS Digital”. “Nosso objetivo é transformar dados em informação estratégica e conhecimento. Dados de saúde têm de estar com paciente, e com o profissional que o atende, para garantir a continuidade, a segurança e a qualidade desse cuidado”, disse Haddad. “O SUS Digital nasceu de uma articulação interfederativa como um plano, com etapas, para que estados e municípios, juntamente com governo federal, possam avaliar e avançar em sua maturidade digital”.
Sobre o acesso, Ana Estela falou dos desafios. “Não basta incorporar a tecnologia, temos também de fazer a gestão da rede de atenção de tal maneira que o acesso possa ser ampliado. É o caso da telessaúde, que permite ampliar o acesso”, ponderou Haddad, que enalteceu o Indice Nacional de Maturidade para Saúde como um diferencial: “Criamos quatro níveis, e quase nenhuma das organizações atingiram o nível máximo. Há lugares, como o Norte, onde falta infraestrutura, o que significa conectividade e até energia elétrica”.
Na sessão de perguntas e respostas, a secretária foi provocada a falar do que seria o mundo ideal para a saúde digital. “O meu sonho é termos soberania digital, ou seja, infraestrutura de datacenter, com dados bem protegidos, plena interoperabilidade no ecossistema da saúde como um todo, e investimentos para inovação contínua, com trabalho conjunto dos setores público e privado”.