O SindHosp realizou a reunião inaugural do recém-criado Comitê Técnico de Boas Práticas em Instituições de Longa Permanência de Idosos, as ILPI. Coordenado por seu diretor técnico-científico, o médico José Antônio Maluf de Carvalho, o grupo tem como objetivo produzir um documento que norteie o trabalho de donos e gestores das ILPI. “Queremos produzir um manual de boas práticas. É uma oportunidade de extrapolar as nossas fronteiras, gerando recomendações que visem garantir um melhor funcionamento de ILPI, tanto para aqueles idosos que já estão alocados como para aqueles que necessitam deste serviço de saúde”, definiu Maluf.
O presidente do SindHosp/FESAÚDE, Francisco Balestrin, abriu a reunião chamando a atenção para o papel do comitê. “Queremos fomentar aqui discussões técnicas no sentido de estabelecer parâmetros de governança clínica, princípios operacionais e arquitetura de qualidade assistencial no âmbito das ILPI”, destacou Balestrin.
Lançamento em 2027
O objetivo do grupo é realizar reuniões bimestrais durante o ano de 2026 para lançar o manual em 2027, oferecendo-o para autoridades, sociedades e frentes de trabalho e criando a partir dele webinares e aulas educativas para diferentes públicos. “Do ponto de vista da saúde, o cuidado integral nas ILPI deve reafirmar o compromisso com a dignidade humana e com a excelência, sempre identificando os riscos para a segurança do idoso”, ponderou Maluf.
Durante a reunião, a enfermeira sanitarista e educadora Miriam Ikeda apresentou a palestra “Visão Assistencial das Estruturas para Idosos”. Diretora da Ânima-Ânimus Consultoria em Saúde, com projetos de implantação de unidades de saúde e Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), plano diretor assistencial, revisão de processos, eficiência operacional, ela diz que qualquer pessoa que pretenda ou trabalhe com idosos precisa se fazer esta pergunta: “O que você vai ser quando envelhecer?”.
Segundo Ikeda, para se trabalhar com idoso é preciso pensar que também vai envelhecer. “E saber que envelhecer não é doença. O problema é quando a gente envelhece muito e mal, o que leva a doenças crônicas. Mas nem todo crônico é idoso e nem todo idoso é crônico”. Para ela, o objetivo não deve ser tratar doenças, mas, sim, manter o idoso saudável.
Processo não patolótico
Segundo a OPAS, o envelhecimento é “um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte”. Ou seja, é um processo natural, “não patológico”, reforçou a palestrante. “Os dois grandes erros são tratar alterações em um idoso como decorrente do envelhecimento e tratar o envelhecimento natural como doença”, sustentou Miriam Ikeda.
De acordo com a Anvisa, as ILPI são instituições de caráter residencial destinadas ao domicílio coletivo de pessoas acima dos 60 anos em condições de liberdade, dignidade e cidadania. “É uma residência assistida, que engloba diversos aspectos da vida, da saúde ao social. Existe uma complexidade, por conta do manejo dos cuidados prolongados. E o cuidado tem de ser centrado na pessoa, não no paciente, em sua história e sua jornada”, salientou Ikeda.






