6 de janeiro de 2014

Câncer do colo do útero mata no Norte do Brasil como na Índia

Os dados sobre o câncer do colo do útero revelam "Brasis" muito diferentes. No Norte, o país tem taxas de mortalidade semelhantes às da Índia e de Bangladesh. No Sudeste, o Brasil está próximo dos Estados Unidos.
 
Embora tenha perdido força no Brasil como um todo, essa doença evitável é o tipo mais frequente de câncer entre as mulheres do Norte. E é o segundo mais frequente entre as do Nordeste e Centro-Oeste –sempre excluído o tumor de pele não melanoma.
 
Segundo especialistas, as taxas são o reflexo da falta de amparo. "É o câncer da pobreza. Só morre quem não tem acesso a ginecologista e a um bom laboratório [de análise do papanicolaou]", diz Sérgio Bicalho, coordenador do programa de prevenção do câncer do colo do útero e de mama da secretaria de saúde de Minas Gerais.
 
Os mineiros têm a taxa de mortalidade mais baixa pela doença no país. Os registros mais altos estão nos Estados do Amazonas, Maranhão, Amapá e Acre.
 
Os números da região amazônica mostram a dificuldade de acesso à prevenção, diz Edson Andrade, diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas.
 
Segundo ele, não é incomum um barco viajar quilômetros para diagnosticar quatro ou cinco mulheres de uma comunidade.
 
Andrade conta que o Estado deve criar nove polos regionais de oncologia, ampliando o acesso ao diagnóstico precoce. O Amazonas já instituiu a vacina contra o HPV em 2013 e estuda adotar um exame mais caro, mas mais rápido e seguro.
 
No país, a taxa de mortalidade é 4,14 por 100 mil –ou 4,66 com correções para comparação internacional e 7,13 se ajustada de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Mesmo o índice nacional é alto, diz Marcos Moraes, presidente do conselho de curadores da Fundação do Câncer e ex-diretor do Inca. "As taxas variaram muito pouco [nos últimos anos], os gestores apresentam como se o problema estivesse resolvido. E absolutamente não está."
 
O câncer do colo do útero está ligado ao HPV, vírus transmitido sexualmente. Parte das mulheres infectadas desenvolve lesões precursoras do câncer. Se forem tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
 
Tanto Moraes quanto Bicalho sustentam que a solução passa longe de investimentos milionários. Está, dizem, na capacitação de quem faz o papanicolaou, de quem avalia o material no laboratório e na organização do serviço para chegar até a mulher.
 
Helvécio Magalhães, secretário de atenção à saúde do Ministério da Saúde, lista ações da pasta para reverter o problema, como o reforço no número de serviços e equipamentos no Norte e no Nordeste e a ampliação das vagas de especialização de médicos nas regiões.
 

 

Em outro braço, o governo federal passará a ofertar a vacina contra o HPV na rede pública de saúde em 2014. Os impactos dela, no entanto, só virão em décadas.

Aranhas ferem 13 por dia em SP

Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, com base nas notificações feitas pelos serviços de saúde de todo o Estado, aponta que, em média, por dia 13 pessoas procuram atendimento médico após ataque de aranhas. Somente até setembro de 2013, foram notificados 3.104 acidentes causados por aracnídeos, 23% do total registrado de 13.136 casos.
 
Entre as regiões com o maior número de acidentes estão Campinas, Sorocaba e Taubaté com 706, 247 e 229 casos notificados, respectivamente.
 
Em 2012, o número total de acidentes causados por ataque de aranha foi 3.628.
 
Após o acidente, os primeiros cuidados são lavar o local da picada, fazer compressas mornas para aliviar a dor e procurar uma unidade de saúde.  Caso seja possível, também é indicado levar a aranha ao serviço de saúde para identificação.
 
"Em geral, os pacientes não procuram o serviço médico nas primeiras horas, pois, muitas vezes, a picada não é percebida ou apresenta pouca dor. Além disso, pelas características das aranhas de aparência inofensiva, a pessoa pode não dar importância ao acidente. Quanto maior o tempo entre a picada e o diagnóstico, menor a possibilidade de boa resposta ao antiveneno", diz Jocely Casemiro Campos, técnica da área técnica de zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria.
 
Previna acidentes com aranhas:
 
– Mantenha jardins e quintais limpos;
– Tenha cuidado ao manusear folhagens;
– Evite o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e material de construção nas proximidades das casas;
– Evite folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbustos, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas e mantenha a grama aparada;
– Sacuda roupas e calçados antes de usá-los, pois as aranhas podem se esconder neles e picarem ao serem comprimidos;
– Vede as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer, pois as aranhas, na sua maioria, apresentam hábito noturno;
– Afaste as camas das paredes e evite que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão;
– Evite pendurar roupas nas paredes e examine antes de vesti-las, mesmo que estejam dobradas e guardadas.
– Acondicione o lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar insetos, como baratas, que atraem as aranhas.

Sabará pretende estar na lista dos hospitais Excelência do Ministério

Começou em 2011: a alta direção do Hospital Infantil Sabará, movida pela ambição de colocá-lo em pé de igualdade com algumas das mais renomadas instituições pediátricas do mundo, contratou o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) para prestar consultoria de educação na metodologia da Joint Commission International (JCI). Entendendo a acreditação como parte do processo de fortalecimento da governança corporativa da instituição, formou-se um grupo facilitador para implantação dos padrões descritos no Manual da JCI. O selo foi outorgado em julho de 2013, conquista muito comemorada pelo hospital, que tornou-se a única instituição exclusivamente pediátrica brasileira a receber o selo, e a quarta fora dos EUA.
 
A pretensão máxima do pediatra José Luiz Setúbal, presidente do Conselho Superior da fundação que leva seu nome e administra o hospital infantil, tem sido colocar o Sabará na rede de hospitais de excelência do Ministério da Saúde, grupo que inclui Oswaldo Cruz, Einstein e Sírio Libânes, entre outros. Desde a sedimentação da governança, o hospital passou a investir em pesquisa e, claro, qualidade assistencial.
 
Em janeiro, o jornal Valor Econômico informou que pela primeira vez, em três anos, o hospital fechou 2013 com superávit operacional de R$ 2 milhões. No ano de 2012, o Sabará registrou déficit operacional de R$ 9,5 milhões e em 2011, quando o hospital tornou-se uma fundação, o resultado foi negativo em R$ 18,5 milhões. Ainda de acordo com o Valor, o faturamento do Sabará teve crescimento de 38% para R$ 130 milhões e a melhora no desempenho foi motivada por uma combinação de fatores, como a renegociação dos contratos com as operadoras de planos de saúde que estavam defasados, o aumento de 30 leitos, totalizando 136 unidades para internação e a transferência da sua área administrativa para um outro prédio, em frente ao hospital.
 
A edição de dezembro da revista FH, que contempla o estudo Referências da Saúde, evidenciou as últimas reestruturações da entidade, entre elas os benefícios da acreditação.
 
“A acreditação é um instrumento poderoso de alinhamento da estrutura e dos processos às melhores práticas. Ela faz parte de um projeto ambicioso que busca alcançar o mesmo patamar de qualidade dos melhores hospitais do mundo”, explica o superintendente do Sabará, Wagner Marujo. A instituição, que até então não possuía nenhum selo, optou já de início pela criteriosa acreditação da JCI.
 
A instituição aprimorou os processos de suporte à prática assistencial para crianças e adolescentes, em um ambiente mais humanizado. Havia desde o início a convicção de que o novo prédio, inaugurado em 2010, seria naturalmente capaz de atender às exigências de qualidade e segurança da acreditadora americana. Quanto aos processos, foram aprimorados o cuidado dos pacientes, o fornecimento de informação de direito a pacientes e familiares, o gerenciamento e uso de medicamentos, anestesia e cirurgias seguras, a capacitação dos profissionais (inclusive gestores e líderes), entre outros.
 
A maior dificuldade encontrada foi convencer funcionários, colaboradores e parceiros de que a adoção das novas práticas traria ganhos para todos. E isso significaria envolver não só o pessoal interno, mas também fornecedores e prestadores de serviço.
 
Ao fim, a implantação do projeto consumiu cerca de R$ 4 milhões, considerando todos os 1,3 mil itens de atenção. Só os custos com treinamento de pessoal ultrapassaram os R$ 400 mil. As mudanças incluíram ainda a estruturação de uma gerência da qualidade, de uma farmácia clínica (e farmácias satélites) e a compra de novos equipamentos e tecnologias. As estratégias de comunicação interna e o surgimento de comissões de auditoria também integraram o pacote.
 
Para os gestores, os padrões da JCI alinharam a estrutura e os processos do hospital, elevando a segurança e a qualidade assistencial. O processo, concluem, causou um “salto de patamar” na atividade fim da instituição, ou seja, o atendimento ao paciente. “A JCI vem certificar nossa vitória na busca permanente pela perfeição”, explica o presidente do Hospital Infantil Sabará, Eduardo Carneiro. “Foi um processo com o principal objetivo de aprimorar os padrões de segurança e qualidade dos cuidados assistenciais aos nossos pequenos pacientes. Todos são beneficiados, mas o maior ganho é para o paciente que pode contar com uma excelente estrutura de gestão e atendimento hospitalar.”
 
Os resultados ainda são intangíveis, mas já notáveis. Segundo a direção do Sabará, o engajamento dos “cuidadores” (como são chamados os colaboradores) no processo de acreditação, embora tenha representado um grande desafio, levou à uma cultura sólida de qualidade e segurança. Isso inclui o trabalho multidisciplinar, novos níveis de transparência, alterações operacionais e um processo de mensuração de qualidade constante.
 
“Hoje conhecemos melhor quem somos, identificamos com mais rapidez os nossos problemas. Há mais clareza da estratégia e dos objetivos, além de um ambiente muito mais transparente para familiares, médicos, fontes pagadoras e fornecedores. Isso não se traduz necessariamente em melhores resultados financeiros”, explica Marujo, muito embora o faturamento do Sabará tenha quintuplicado nos últimos três anos, ultrapassando os R$ 100 milhões por ano.
 
Ações de acompanhamento de não conformidades e oportunidades de melhoria integram o plano de sustentabilidade do projeto, que incluem ações de treinamento e divulgação interna de indicadores. O envolvimento da alta liderança do Sabará e da Fundação José Luiz Egydio Setúbal também são consideradas estímulos constantes.
 
“O foco na pediatria com padrões de qualidade mensuráveis permitem que as avaliações deixem de ser subjetivas e passem a ser objetivas. Todo mundo ganha. A comunidade ganha”, diz Marujo. Eduardo Carneiro completa: “Sempre estamos em busca da perfeição. E a perfeição é interminável.”
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