6 de outubro de 2014

Anvisa lança manual contra incêndio em hospitais

O manual “Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde” já está disponível para consulta. A publicação é direcionada a gestores e profissionais envolvidos com projetos e obras em estabelecimentos de saúde.
 
A obra tem por objetivo fornecer orientações sobre prevenção e combate a incêndios nos Serviços de Saúde, em complementação às regulamentações contidas na Resolução nº 50/2002, norma que trata de projetos de arquitetura para prédios destinados a esses serviços.
 
“Além de estarem em constante transformação espacial, os equipamentos existentes nos serviços de saúde exigem instalações bastante complexas. O risco de incêndio num estabelecimento desses é tão presente ou maior que em outros, evidenciando, assim, a necessidade de medidas de controle rígidas e atualizadas”, afirma a Gerente de Tecnologia em Serviços de Saúde da Anvisa, Diana Carmem Almeida, em nota. 
 
O lançamento da obra se insere nos esforços da Anvisa para colaborar com a diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS) que preconiza segurança máxima no atendimento aos pacientes. “Num estabelecimento de saúde em chamas, problemas de mobilidade podem dificultar grandemente o resgate ou abandono do local por pacientes já muitas vezes prejudicados em sua locomoção. Por isso a importância do treinamento de funcionários e da presença de equipamentos e planos de contingência específicos para situações críticas como um incêndio”, explica Diana.
 
Segundo ela, todas essas providências, baseadas no tripé Segurança da Vida, Proteção do Patrimônio e Continuidade das Operações, estão listadas passo a passo na publicação produzida pela Agência.
 
O guia foi escrito pelo engenheiro elétrico e especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, Marcos Linkowski Kahn, sob supervisão de técnicos da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde por meio de cooperação com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS). A obra tem tiragem inicial de três mil exemplares e será distribuído às vigilâncias sanitárias, hospitais e profissionais de saúde.

Unicamp abre ambulatório de aconselhamento genômico

O Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (Brainn, na sigla em inglês), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, está oferecendo aconselhamento genômico a um grupo de pacientes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O novo serviço inclui exames que permitem identificar predisposições genéticas a doenças e antecipar medidas de prevenção e tratamento.
 
Por enquanto, o aconselhamento genômico é oferecido gratuitamente a 100 pacientes que participam de pesquisas da instituição, mas a ideia é abri-lo para a população.
 
A identificação das possíveis doenças futuras ocorre por meio do sequenciamento do exoma, as sequências de DNA que direcionam a produção de proteínas essenciais ao funcionamento correto do organismo. Como grande parte das falhas que levam a doenças genéticas, hereditárias ou não, ocorre no exoma, seu sequenciamento permite analisar o DNA de um paciente para descobrir predisposições a doenças.
 
Diferente dos testes genéticos, focados nas doenças relacionadas a mutação em um único gene, o aconselhamento genômico considera mutações em diferentes partes do genoma.
 
“Por meio desse sequenciamento podemos fazer não só o diagnóstico molecular das doenças monogênicas, mas também de doenças mais complexas, que são causadas por mutações em mais de um gene, o efeito poligênico”, explicou a coordenadora do serviço, a médica geneticista Iscia Lopes Cendes, professora do Departamento de Genética Médica da FCM.
 
De acordo com Fernando Cendes, coordenador do Brainn, o sequenciamento e o rastreio de mutações genéticas podem levar a descobertas precoces de doenças neurológicas, como epilepsia, Parkinson e Alzheimer, um dos objetivos das pesquisas desenvolvidas no CEPID.
E também é possível revelar a predisposição a diversos tipos de câncer e condições que implicam, por exemplo, em risco cardiovascular, como a arritmia, que pode causar morte súbita, e hipertermia maligna, a suscetibilidade à reação a anestésico e relaxante muscular. 
 
Além das informações do sequenciamento, o paciente conta no ambulatório com suporte profissional para a avaliação das medidas possíveis de serem adotadas após os resultados. Antes do teste, o paciente recebe esclarecimentos que o auxiliam na decisão sobre receber também os resultados dos achados incidentais.
 
O aconselhamento é feito por profissionais treinados pelo CEPID Brainn para orientar os pacientes sobre as descobertas em seu material genético, com informações a respeito dos riscos envolvidos e suporte psicológico adequado.
 
De acordo com Iscia, o trabalho abre novas possibilidades de formação. "Pretendemos criar a figura do aconselhador genômico, treinar médicos residentes, oferecer mestrado profissionalizante e abrir o leque de atuação dentro da medicina genômica. É ainda inédito no país."
 
Após ser encaminhado ao ambulatório por apresentar alguma condição de origem genética ou de difícil diagnóstico pelos métodos tradicionais e passível de ser detectada pelo sequenciamento do exoma, o paciente passa por um aconselhamento pré-teste, que esclarece sobre as chances de achados incidentais e o envolve no processo de tomada de decisões sobre as informações genéticas que serão investigadas.
 
O sequenciamento do exoma é feito no Laboratório de Genética Molecular e os dados são transferidos para o Laboratório de Biologia Computacional e Genética Estatística, ambos ligados ao Departamento de Genética Médica da FCM.
 
“A partir daí, eles são interpretados pelos profissionais e o processo de aconselhamento tem continuidade com as decisões sobre o que fazer com as informações encontradas”, disse Cendes.
 
Saúde pública
 
A maioria dos pacientes do ambulatório procura inicialmente diagnóstico de doenças neurológicas, principalmente epilepsia, foco dos estudos do CEPID Brainn. Os novos achados, no entanto, também serão contemplados pelo serviço, que tem o objetivo de ser incorporado na rede pública de saúde.
 
Em geral, o oferecimento dos testes envolvendo o sequenciamento do exoma no Brasil é limitado, concentrando-se na rede privada e, ainda assim, com grandes restrições, já que a maior parte dos exames é feita no exterior.
 
 “Temos problemas de saúde inerentes à nossa população do ponto de vista genético e ambiental. Se esses problemas não forem relevantes para os grandes centros de pesquisa internacionais, nunca teremos soluções adequadas. Por isso, é preciso criar alternativas ajustadas à nossa realidade”, disse.
 
A incorporação do serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo os pesquisadores do Brainn, também levaria a uma economia nos gastos com a saúde pública em longo prazo.
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