Evento aborda o poder de influência das campanhas de comunicação frente às políticas-públicas em saúde

A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) promoveu evento na última quarta-feira (31) para dialogar sobre O Processo de Influência na Formulação de Políticas Públicas em Saúde: O Papel das Campanhas de Comunicação.

O debate aconteceu no auditório do SindHosp, que apoiou o evento institucionalmente.

Dentre as articulações, uma palestra exclusiva apresentou as campanhas finalistas em Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade, na categoria Saúde e Bem-estar. Com mais de 25 mil trabalhos inscritos no festival deste ano e integrantes de 5 continentes, a premiação é referência no setor da Comunicação.

Discussões

A partir dos cases, os participantes discutiram as melhores práticas internacionais em campanhas de comunicação, como ferramentas de mobilização para formação de uma agenda pública em saúde.

As palestrantes Carolina Lobo, vice-presidente de comunicação para saúde na Weber Shandwick e jurada da categoria Saúde e Bem-estar em Cannes 2022, e Luciana Barbetta, diretora-geral da Powell Tate no Brasil articularam a temática por cerca de 2h; expondo diversos modelos premiados ao público, que acompanhava na modalidade hibrida.

Grandes campanhas de comunicação, quando expressivas e estratégicas, são ferramentas poderosas para ‘furar a bolha’ e fazer uma mensagem engajar multidões.

Segundo Carolina e Luciana, trabalhos voltados para causas em defesa de comunidades específicas, como doenças neurológicas e oncologia, despertam campanhas com grande poder de influência, e estão em destaque entre os projetos apresentados. 

Temáticas sobre desigualdade social e equidade na saúde, reforçando a importância de equalizar a assistência pública e privada, foram apontadas como tendências no mercado. 

Mas afinal, como impactar e sensibilizar as lideranças políticas quanto às causas de minorias e ampliar as discussões sobre determinado tema? Eis uma das perguntas-chave do encontro.

Palestra: Campanhas Finalistas em Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade 2022 na categoria Saúde e Bem-estar

Em apresentação da palestra Campanhas Finalistas em Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade 2022 na categoria Saúde e Bem-estar, Carolina Lobo contou que no começo os projetos permeavam nas campanhas de cunho publicitário, mas ao longo das edições o Festival de Cannes passou a inserir novas categorias; uma vez que a essência mutável da comunicação é inegável e devido à necessidade emergente de acompanhar as mudanças do mercado.

“Nota-se que as fronteiras entre publicidade e relações-publicas são difusas. Desde 2009 há uma categoria específica para relações-públicas, criada para reconhecer campanhas de comunicação integradas e não apenas as com foco publicitário _ voltadas para o produto”, disse.

A profissional destaca uma tendência nos festivais dos últimos anos, de premiar causas que abarcam propósitos. Nesse sentido, a seleção dos premiados se deu por quesitos como criatividade e resultados, mas também em função do que a campanha despertou em termos de impacto social.

Muitos dos cases exerceram função de advocacy e contribuíram para a mudança de um país, estado ou cidade por meio do impacto causado com a comunicação, sempre estratégica e com elementos específicos para alcançar os fins desejados. “Estamos falando não somente de um mundo voltado a fazer coisas disruptivas, mas principalmente de um universo que busca causar impacto social por meio de campanhas disruptivas”, enfatizaram as palestrantes.

O case Ilha do Dia Seguinte

Dentre os trabalhos em destaque, o case Ilha do Dia Seguinte conquistou classificação ouro por abordar uma problemática de Honduras, país que proibia a utilização da pílula do dia seguinte e determinava pena de até 6 anos para as mulheres que infringissem a Lei vigente.

A fim de sensibilizar as lideranças responsáveis, em mar estrangeiro, os profissionais do projeto criaram uma ilha intitulada Ilha do Dia Seguinte. Um espaço em águas internacionais para que mulheres hondurenhas pudessem tomar o contraceptivo de emergência em segurança, devolvendo a mais de 3 milhões delas o direto de escolha, sem medo de perseguição.

Para isso, semanalmente, barcos levavam-nas até o mar fora da jurisdição hondurenha. Um protesto em mar aberto solicitando a revogação da Lei à presidente.

A inciativa viralizou. Com mais de 268 milhões de impressões orgânicas, 180 milhões de alcance e 2 milhões de petições assinadas, em março deste ano, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, ouviu a causa e se comprometeu a criar uma Lei legalizando a pílula.

O evento terminou com um bate-papo para tirar dúvidas e concluir as reflexões. 

Assista ao diálogo completo:

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