Gargalos da saúde
O principal deles refere-se à extensão insuficiente da rede pública. De acordo Secretaria de Saúde do Estado, há uma carência de quase 60 mil servidores. A maior defasagem é para enfermeiros. Faltam cerca de 16 mil. O número de médicos também apresenta uma carência de aproximadamente 8 mil. Nosso sistema estadual sofre do mesmo problema que a área padece no plano federal: o não estabelecimento de fronteiras nítidas entre as esferas pública e privada. O Brasil definiu, na Carta de 1988, um modelo universal e eficiente de atendimento em vários níveis, o Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, parcela expressiva de seu orçamento, tanto no plano federal quanto estadual, é destinado ao sistema privado.
Planejamento
Sou de opinião de que o Estado não deve interferir no sistema privado. Assim, não podemos continuar com sistemas de dupla porta em hospitais e equipamentos públicos e os repasses ao sistema privado devem ser paulatinamente reduzidos até acabarem. Dinheiro público deve ser destinado ao sistema público, em sua ampliação e modernização. Isso também dará maior liberdade ao setor privado da medicina. Ao Estado cabe regular a qualidade dos serviços, como em qualquer outro setor da economia.
OSS e PPPs
A prioridade absoluta do governo será o fortalecimento do SUS e do sistema público de saúde. Não há problema algum no funcionamento das organizações sociais de saúde, desde que elas não venham a gerir bens públicos. Sobre as parcerias público-privadas (PPPs), o governo deverá rever tais modalidades de gestão.
Falta de leitos
O Brasil tem 2,3 leitos por mil habitantes, índice inferior ao que recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS), que situa a marca aceitável entre 3 e 5. São Paulo tem indicadores melhores, mas ainda insuficientes. É preciso aumentar o número de leitos no sistema público. Não é algo que se consiga num curto prazo, mas é possível.
Dependentes químicos
Sim. Há experiências muito importantes já tentadas nessa área, como as desenvolvidas em Santos, pelo prefeito Davi Capistrano (1992-1996). As condutas repressivas têm baixíssima eficácia e devem ser evitadas em favor de orientações educativas.
Prevenção e qualidade de vida
A principal medida a ser adotada como parte de um programa de saúde preventiva é estender os serviços de água e esgotos a toda a população. São Paulo tem uma rede de distribuição de água, construída ao longo de gerações, que supre o abastecimento, caso a crise da água não nos atinja. Mas ainda falta universalizar a rede de esgotamento sanitário. Além disso, é necessário estabelecer parcerias com as redes de atendimento municipais para potencializar uma política realmente preventiva.
Idosos
Essa é uma questão mundial. Há duas visões. Uma, a liberal, que implica fazer ajustes para reduzir direitos e canais de atendimento. Outra, de cunho social, implica não ver a população idosa como ônus, mas como cidadãos que deram sua contribuição ao país. É necessário aumentar e qualificar os investimentos para que essa parcela da população que necessita de maior assistência não fique desassistida.