Novos modelos são desafios para a saúde suplementar

Diretores da FEHOESP participaram de evento que debateu as perspectivas para o setor

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Em meio a um cenário ao mesmo tempo crítico e desafiante, com os problemas econômicos se refletindo na saúde suplementar, suprimindo negócios, investimentos e a capacidade de inclusão dos que desejam ter plano de saúde, as perspectivas de desenvolvimento do setor ainda são promissoras? Para tentar responder essa questão e buscar soluções para os problemas enfrentados pelo setor atualmente, foi realizado nos dias 1º e 2 de setembro, em São Paulo, o 21º Congresso da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) e o 12 º Congresso do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog). 
 
O presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, o diretor das duas entidades, Luiz Fernando Ferrari Neto, o presidente e o gestor do IEPAS, respectivamente, José Carlos Barbério e Marcelo Gratão, participaram do evento.
 
Na abertura, o presidente do Grupo Amil, do Edson de Godoy Bueno, falou sobre o futuro do setor. O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos Abrahão, afirmou estar preocupado com a sustentabilidade do segmento, mas que o órgão regulador não pode abrir mão da obrigação fiscalizatória e, tampouco, atuar sozinha. Segundo ele, é importante a melhoria na gestão das operadoras, a redução do desperdício, o investimento em ações de prevenção de doenças e promoção da saúde e a união dos atores da saúde, entre outras medidas. “O setor só sobreviverá se houver um diálogo franco e objetivo entre os participantes, e se pensarmos que todos nós dependemos do setor de saúde público e privado.” 
 
Segundo ele, em um período de um ano houve a redução de 1,7 milhão de vidas. E previu que este número pode chegar a 2 milhões até o fim de 2016, considerando que nos últimos dois meses a perda foi, em média, de 100 mil vidas/mês. “Perdas que no mutualismo impactarão de forma significativa”, acrescentou.
 
Amitabh Chandra, professor na escola de governo de Harvard e membro do Comitê de Assessores sobre Política de Saúde no Congresso Americano, abordou a discussão sobre copagamento e expansão de acesso, citando exemplos bem-sucedidos nos Estados Unidos. Para ele, o pagamento in bundled ou por pacotes, talvez seja uma grande oportunidade para este setor. “Transformando o DRG (sigla em inglês para Grupo de Diagnósticos Relacionados) nesta forma de pagamento. Porém, precisamos de credibilidade científica para este formato”, sugeriu. Além disso, comentou sobre o impacto dos novos medicamentos sobre os custos e das negociações que estão sendo feitas na tentativa de baixar esses valores.
 
Como retomar o crescimento dos planos de saúde foi o tema do debate que reuniu os presidentes do Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo (Sinamge), Cadri Massuda, e da FenaSaúde, Solange Beatriz Mendes; o superintendente do Instituto Brasileiro de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Ferreira Carneiro, e a sócia da PWC, Eliane Kihara.
 
“Esse cenário de desemprego e a falta de renda dos brasileiros foi a gota d’água nesse copo que já estava cheio”, lembrou Solange na abertura do debate, que conclamou os representantes do setor para todos construírem um modelo de plano acessível, como proposto pelo Ministério da Saúde. “Precisamos discutir como dar maior acesso à população ao plano privado.”
 
Assim como os planos acessíveis, outros novos modelos de produtos fomentaram o debate, como coparticipação e franquia. 
O superintendente do IESS esclareceu que o instituto defende um modelo de franquia anual, no qual o beneficiário paga pela maioria dos serviços até chegar ao valor da franquia, mas não haveria valor específico para serviços preventivos. “O desafio é estabelecer quais procedimentos de prevenção e promoção à saúde, com comprovação de custo-efetividade, ficariam isentos da cobrança da franquia anual”, explicou.
 
Para Cadri Massuda, presidente do Sinamge, uma opção para diminuir os custos é o modelo do médico de família, como produto de rede restrita e regionalizada. “Com esse modelo de atendimento, apenas 5% a 10% dos pacientes têm necessidades reais para serem encaminhados a um especialista.”
 
Recuperação do mercado
O jornalista, âncora do programa CBN Brasil e comentarista econômico da Globonews e do Jornal da Globo, Carlos Alberto Sardenberg, abordou o cenário econômico brasileiro. Apontou as tendências do mercado, que o pior da crise já passou e que todos indicadores apontam para a recuperação do mercado e que essas conclusões também são compartilhadas pelas principais consultorias econômicas. “Precisamos voltar a crescer para voltarmos a ter o que tínhamos em 2011. O que temos hoje com a Petrobras é a maior perda de valor de uma empresa que se tem conhecimento na história mundial. E isso não se apaga assim. Mas os números da economia começam a mostrar uma luz. É um crescimento de 0,3%. É pouco mas é um registro positivo após meses de queda. Já podemos dizer que a economia parou de piorar.”
 
Apresentou, ainda, pesquisas que demonstram as boas expectativas; o índice de confiança de empresários e consumidores, que aumentou, e a adequada agenda econômica do novo governo. Entretanto, ponderou que, diante da necessidade de aprovação de medidas impopulares no Congresso Nacional, as projeções podem mudar.
 
No segundo dia de evento, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, falou da situação dramática vivida pelo Estado na área da saúde, que, apesar de atender pacientes de todas as regiões do país, não recebe a devida contrapartida financeira. Além disso, destacou alguns fatores que ampliam ainda mais as dificuldades como o desperdício, gastos em torno de R$ 1,2 bilhão com a judicialização e atuação da máfia das OPME. Complementou dizendo que 20 santas casas fecham no país a cada dia.
 
“Não tem quem vai conseguir me convencer a construir mais hospitais no Estado de São Paulo. Hospital funciona assim: maravilhoso, você faz um grande investimento e, no dia seguinte, você paga a conta. E o custeio representa o valor da construção de um hospital por ano. Então, não dá para assumir mais obrigações, tanto de investimentos quanto de custeio.”  
 
Ele explicou,

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