Abraçada por várias entidades, a campanha Setembro Amarelo é um alerta para o aumento de casos de suicídio no mundo. Iniciada no Brasil em 2014, ela incentiva o uso de luz amarela durante todo mês de setembro para dar relevo ao tema. Pesquisas apontam que 32 brasileiros se suicidam por dia, taxa superior às mortes por Aids e pela maioria dos tipos de câncer.
Um dos fatores que potencializa esse problema é o tabu que envolve o assunto. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 9 entre 10 casos de suicídio seriam evitados com mais informação, conscientização e discussões abertas. Com essa preocupação, a OMS lançou uma série de manuais dirigidos a diversos grupos sociais e profissionais, como médicos, conselheiros e jornalistas para abordagem do problema.
Com mais de 12 mil ocorrências anuais, o Brasil ocupa a 8ª posição no ranking de países com maior incidência de suicídios. Nos últimos 10 anos, essa taxa cresceu mais de 40% entre brasileiros de 15 a 29 anos.
Taxa entre médicos
Considerado grave problema de saúde pública, o suicídio acomete pessoas de qualquer idade, gênero, profissão ou classe social. Estudo realizado pela American Foundation for Suicide Prevention, em 2008, aponta que o risco entre médicos é 70% maior do que na população em geral. Entre mulheres médicas esse índice é ainda mais alarmante: 400% maior.
Transtornos mentais, o uso de drogas e transtornos relacionados ao álcool, além da pressão profissional, são fatores de risco. "O alto número de horas trabalhadas, o estresse profissional e a responsabilidade de lidar com tragédias humanas geram ansiedade e podem desencadear depressão entre médicos", afirma Mauro Aranha, psiquiatra e presidente do Cremesp.
Como lidar
Aranha afirma que as formas mais eficazes de evitar que uma pessoa renuncie à própria vida é a prevenção primária dos transtornos mentais, que envolve atividades relacionadas à promoção geral da saúde e da integração e participação social dos cidadãos; e a prevenção secundária, monitorando clinicamente pessoas já acometidas por transtornos mentais, principalmente os transtornos de humor, transtornos psicóticos e uso nocivo ou dependência de drogas.
“Quando o indivíduo sofre de transtorno mental, é importante que seja acompanhado pelos profissionais de saúde e familiares em relação aos riscos de cometimento de suicídio”, esclarece. “Num primeiro momento, a pessoa pode mencionar que, se morresse, deixaria de sofrer (ideia vaga de morte). Embora possa não haver ainda a intenção suicida, é um alerta, que pode evoluir para o desejo (ideia de suicídio) e a intenção, sem planejamento num primeiro momento e, depois, com planejamento e método”, afirma.