O Healthcare Innovation Show (HIS) de 2022 reuniu, na última quarta e quinta-feira, grandes players da saúde para acompanharem múltiplos painéis sobre tecnologia e inovação do setor, no São Paulo Expo.
Foram mais de 200 palestras e 50h de conteúdo com convidados de todo o Brasil, e também internacionais. A disseminação de conhecimentos ocorreu em simultâneo nos 10 palcos do evento, proporcionando uma atmosfera única e imersiva para os presentes. Dinâmica que garantiu grande engajamento do público com os experts.
Nesta 8ª edição, além do vasto leque de apresentações, o HIS investiu alto na promoção do networking. Fornecedores vieram de todo Brasil para apresentar soluções e produtos ao segmento de healthcare, o que aproximou profissionais da saúde e atualizações do mercado.
O SindHosp esteve presente no segundo dia de programação e integrou três palestras, confira a cobertura a seguir.
O uso de AI na otimização de protocolos clínicos
Cristian Rocha falou sobre Inteligencia Artificial (AI) e a otimização de protocolos clínicos, no palco CIO SUMMIT. O expert é CEO da Laura, empresa que tem como principal produto o Robô Laura; criado para identificar riscos de deterioração clínica antecipadamente, por meio de inteligência artificial e tecnologia cognitiva.
Cristian esclareceu a definição de Inteligência Artificial para os presentes, disse se tratar de um grande conjunto de tecnologias que ajudam a imitar as ações do ser humano de agir e pensar.
Segundo ele, o conceito de AI surgiu no século XV, quando a humanidade começou a pensar em criar máquinas pensantes, mas foi em 2011 e 2012 que aconteceu a ascensão, com a descoberta de algorítimos sofisticados para solucionar problemas complexos; como identificar imagens e vozes e dirigir veículos. “Essas tecnologias surgiram há apenas 10 anos”, reforçou.
No âmbito saúde, compartilhou sua visão: “O que a gente vê é que o mundo ainda não atingiu o pico da produtividade com a AI.
Um dos principais desafios é criar modelos responsáveis, ou seja, que mantenham a ética no que compete ao gênero, raça e situação social. Para isso, importa estar a par das motivações de cada ação dos algoritmos, elas precisam ser minuciosamente explicáveis.
Se sabe que existe uma grande lacuna quando se fala de Inteligencia Artificial na saúde, é como se estivéssemos engatinhando. Isso ocorre porque o ciclo de adoção à tecnologia é muito mais dilatado na saúde que no varejo, por exemplo, mas é certo que vamos avançar com o setor nos próximos anos, dizer que não é ingenuidade”, disse.
Segurança da informação e o dilema da privacidade
O painel Segurança da Informação e o Dilema da Privacidade também fez parte da programação do palco CIO SUMMIT e cotou com a participação de Danielle Florestano, diretora da Mastercard Cyber & Inteligence Solutions Mastercard Brasil; Hélio Matsumoto, diretor-executivo (TI, Digital e CAC) do Grupo Fleury; Renata Rothbarth, advogada especialista em Saúde Digital do escritório Mattos Filho; e Leandro Ribeiro, gerente de Segurança de Informação no Hospital Sírio Libanês.
Daniele Florestano iniciou o debate alertando a frequência crescente de ciberataques efetivos e tentativas pelo mundo, para ela o cenário apresenta a essencialidade da mitigação de riscos em todos os setores, especialmente na saúde, devido à manutenção de dados altamente sensíveis.
Um dos pontos destacados por Daniele foi a importância, sobretudo durante a pandemia e pós-pandemia, de investir em treinamento eficiente dos funcionários. “Eles são uma brecha de entrada, e um atacante sempre tenta entrar pelos caminhos mais fáceis”.
A diretora contou que a Mastercard realizou um parâmetro de segurança com o Datafolha em 5 segmentos diferentes, sendo saúde um deles, e apurou o seguinte:
- 81% dos entrevistados acha muito importante a cibersegurança na saúde;
- 58% das empresas sofrem ataques com média e alta frequência;
- 70% das empresas não fizeram simulação de ataque nos seus sistemas, nos últimos 3 meses;
- e apenas 23% das empresas de saúde têm uma área de cibersegurança realmente estruturada.
Para ela, os dados levantados só comprovam a carência do mercado.
Hélio Matsumoto, falou em seguida sobre os desafios para prevenção dos ciberataques. “A educação em cibersegurança é um desafio, não adianta contratar as melhores ferramentas e plataformas do mercado, as melhores empresas e monitorar tudo, se alguém da sua operação, lá na ponta, anotar a senha do servidor em um post-it e colar no monitor’, enfatizou.
Indo além, Hélio destaca a importância de uma gestão estratégica e ágil. O profissional observa um comportamento comum das empresas após sofrer um ciberataque, de contratar pacotes de segurança e consultorias especializadas. Ações que causam uma falsa sensação de segurança, visto que tais ferramentas apenas emitem alerta de que algo está errado, “mas se nada for feito com esse dado e o erro não for corrigido, é provável que ele se torne o ponto de partida para um novo ataque”.
O diretor-executivo diz ainda que é preciso fazer um balanço entre a quantidade de informações de segurança versus a capacidade da empresa de responder a eles. Apontando as tecnologias como grandes ferramentas para auxiliar nesse processo de identificação e definição, se o aspecto levantado solicita uma ação ou não.
Por fim, ressalta a alta probabilidade de que um ataque aconteça, dai a necessidade de ter capacidade de resposta, o que engloba os investimentos em automação de ambientes. “Se destruírem tudo, quanto tempo você vai demorar para colocar a casa no lugar? É importante focar também na resposta caso haja o ataque e não apenas na prevenção”, conclui.
O gerente de Segurança de Informação, Leandro Ribeiro, complementa destacando que empresas podem deixar de existir após ataques, reforçando a importância da conscientização entre as pessoas, de que segurança de informação é crucial. “Ações simples como trocar as senhas e usar fator de autenticação fazem a diferença.”
Leandro também falou sobre a primazia da visibilidade, “Saiba tudo o que ocorre na empresa, tenha ideia do perímetro, quais são os dispositivos médicos, quantos são, quais as vulnerabilidades, se estão atualizados e tenha certeza que não há brechas.
A gestão de riscos, o envolvimento das pessoas e a visibilidade do negócio são fatores essenciais para estratégia de informação” disse.
Para leandro, o mais urgente é cuidar do backup, criptografar os dados e se certificar que tudo será recuperado em tempo hábil. Além disso, o fator humano também é fundamental, todos precisam estar treinados e prontos para reagir. “Como cada time atua? Como o time de marketing vai comunicar o mercado de que houve um ataque, por exemplo?”
No mais, quando se trata de inteligência cibernética, é importante ter por perto especialistas antenados e a capacidade de aprender com a dor dos outros.
Atenção Primária na Saúde Suplementar torna mesmo o setor mais sustentável?
Por fim, o SindHosp presenciou o debate sobre atenção primária e sustentabilidade, que reuniu Luis Fernando Rolim Sampaio, superintendente de Provimentos Saúde na Unimed Seguros; Vitor Asseituno Morais, presidente da Sami; Ícaro Vilar, CEO da AmorSaúde; e Luciane Oliveira da Silva Infanti, sócia EY para América Latina, moderadora do encontro no palco Estratégia de Negócios.
A atenção primaria pode ser o principal instrumento de sustentabilidade e qualificação de cada indivíduo que demanda algum nível de assistência, introduziu Luciane e passou a palavra a Rolim Sampaio.
Dando início ao bate-papo, o superintendente da Unimed Seguros, disse que visualiza a atenção primaria como uma questão crucial para organização e sustentabilidade do sistema, por otimizar os fluxos e a entrega de serviços e de resultados para a saúde suplementar. “As iniciativas, porém, precisam ser escaláveis para aumentar o número de prestadores, com vistas na redução dos preços”, disse.
Vitor Asseituno Morais, presidente da Sami, também reconhece o potencial da AP na construção de um sistema suplementar mais sustentável. “Se a gente focar só em cuidar da pessoa quando ela fica doente, estamos enxugando gelo na ponta do iceberg sem entender o todo”.
Segundo Vitor, é preciso focar no começo de tudo, trazer o indivíduo pro centro e entender o comportamento dele, como hábitos alimentares e estilo de vida.
“Há uma frase que diz: tudo que não está conectado tende a virar curiosidade ou desperdício. O problema é que na saúde nada está conectado, então tudo tende a virar exame repetido, diagnóstico menos assertivo, tratamento incorreto e visões parciais de um paciente que é único. E é isso que a gente tenta mudar com uma operação digital”, enfatizou.
Para ficar a par dos eventos promovidos ou apoiados pelo SindHosp, convenções coletivas firmadas e atualizações sobre a Saúde, acesse a aba ‘Notícias’ e siga as nossas redes sociais.