O presidente do SindHosp, Francisco Balestrin, participou do Seminário Internacional “35 anos do SUS – SP”, promovido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES). O evento, que aconteceu entre os dias 30 e 31 de outubro, no Centro de Convenções Rebouças, na Capital paulista, teve sete mesas de debates abordando conquistas e desafios da saúde, além de homenagem aos profissionais que atuaram na linha de frente no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS).
O seminário fez parte do “Movimento 35 anos do SUS – São Paulo”, realizado pelo governo paulista durante o mês de outubro em comemoração às três décadas e meia de existência do sistema, que contou com diversas ações coordenadas, incluindo um programa de apoio à qualificação da gestão estadual do SUS, no contexto da regionalização, com parceria internacional.
Francisco Belestrin integrou a quinta mesa do segundo dia de evento, com o tema “Desafios do Dimensionamento, Qualificação e Fixação dos Profissionais em Saúde”. O debate contou com a presença também de Mario Scheffer, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e Paulo Seixas, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSC-SP), e teve mediação de Mariana Carreira, do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Faculdade Getúlio Vargas (FGV Saúde).
Como presidente do SindHosp, Balestrin pôde falar sobre os desafios da força de trabalho na saúde do ponto de vista de hospitais, clínicas e laboratórios privados de São Paulo. Além de mencionar as principais tendências do mercado, projetando uma saúde cada vez mais personalizada, digital e inclusiva, ele destacou as competências desejáveis para os líderes do futuro na área, incluindo escuta ativa, curiosidade contínua, autoconhecimento e repertório tecnológico.
O impacto dos pisos salariais
Para Balestrin, um bom exemplo do desafio de dimensionamento é a lei que instituiu o Piso de Enfermagem (14.434/2022), interferindo nos salários de mais de um 1,2 milhão de profissionais. “O impacto aproximado dessa medida para o setor privado com fins lucrativos, que absorve 27% desses profissionais e é composto em sua maioria por instituições de pequeno e médio portes, chegará a R$ 5,3 bilhões por ano”, destacou o presidente do SindHosp. “Hoje, o Congresso tem dezenas de outras propostas para a criação de piso nacional de salários para inúmeras categorias, e isso vai dificultar dimensionamentos pela limitação de recursos”.
Em sua participação, o presidente do SindHosp definiu pilares de qualificação e estratégias de fixação dos profissionais da saúde e chamou a atenção para um tema sempre desafiador: o envelhecimento. “A cada 21 segundos nasce um ‘cinquentão’ e esse envelhecimento tem impacto no perfil dos recursos humanos”, apontou Balestrin.
O professor Mario Scheffer, da FMUSP, mostrou dados de uma pesquisa que coordena sobre a força de trabalho em São Paulo. Segundo ele, houve um aumento de 60% no número de médicos atuando no Estado de 2013 para 2023. “O número subiu de 110 mil para 177 mil médicos, dos quais 30% se movimentou entre os municípios”, informou Scheffer. “Em relação à formação, temos mais de meio milhão de estudantes de graduação em saúde no Estado de São Paulo e cerca de 15 mil médicos residentes, o que significa um terço do país”.
Já Paulo Seixas, da FCMSC-SP, em sua palestra, resumiu o principal desafio da saúde nos mais diversos campos, incluindo o de profissionais da área. “O grande desafio é encontrar o melhor equilíbrio possível entre o dever, ou seja, o que precisa ser feito, e o poder, isto é, o que a responsabilidade fiscal permite”.