Dando sequência às sabatinas com os candidatos a prefeito de São Paulo, o “Diálogos da Saúde” recebeu na sede do SindHosp o deputado federal Guilherme Boulos, que vai concorrer ao cargo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), tendo como vice a ex-prefeita Marta Suplicy, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Ele veio acompanhado de seu pai, o infectologista Marcos Boulos, além dos também médicos Gonzalo Vecina e Marianne Pinotti, esta filha do falecido deputado José Aristodemo Pinotti, ambos ex-secretários municipais em gestões petistas – ele da própria Marta Suplicy e ela de Fernando Haddad. Clique aqui para assistir à íntegra do evento.
Na abertura da sabatina, Francisco Balestrin, presidente do SindHosp e da Fehoesp, entregou a Guilherme Boulos o “Guia de Ações São Paulo Saudável – Transformando comunidades, cuidando de pessoas”, com agendas prioritárias para a capital paulista na área da saúde. A publicação tem correalização do CEBEXs e apoio institucional do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde da Fiesp (Comsaúde). Filho e irmão de médicos, Boulos abriu a conversa falando que o tema saúde pública fez parte da sua vida por convivência familiar: “Aprendi desde pequeno a importância do SUS e também que a saúde é, antes de tudo, uma ciência humana, e deve ser tratada como tal”.
R$ 119 bilhões
Guilherme Boulos é filosofo e professor com mestrado em psiquiatria. Disse que chegou a atuar em consultório na área de saúde mental, mas que não deu sequência diante da militância política, sobretudo à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que pavimentou sua trajetória no “campo progressista”, como gosta de dizer. Para ele, a cidade tem uma janela de oportunidade, com capacidade de investimento alta. “Para o exercício 2025, o orçamento municipal será de 119 bilhões de reais, um pouco menos do que o orçamento do estado de Minas Gerais, graças a renegociações de dívida com a União e a venda do aeroporto Campo de Marte”.
Segundo Boulos, oportunidade parecida tiveram os prefeitos Prestes Maia e Faria Lima, que “souberam aproveitar, investiram em metrô, regularização de loteamentos clandestinos e grandes avenidas e deixaram um legado”. “Esse orçamento nos permite enfrentar o maior drama da cidade, nossa desumana desigualdade social, inclusive na saúde”, apontou o candidato do PSOL. “Temos médicos sobrando no centro expandido da capital e profissionais de saúde faltando na periferia. Também há uma distorção em relação a oportunidades e geração de emprego”.
Uma das diretrizes apontada por Boulos na sabatina para a saúde é adotar uma visão urbana consagrada em grandes cidades do mundo. “Temos de reduzir as distâncias e os tempos médios de deslocamento das pessoas para seus trabalhos, e para os locais onde vão buscar por serviços. Assim, sobra tempo para o descanso, a família, o lazer, enfim, para o bem-estar, que faz bem à saúde, já que poupa energia vital que as pessoas gastam se movimentado”.
Plano com cinco pontos
Em seu plano de governo, Guilherme Boulos destacou cinco pontos, muitos dos quais “dialogam” com o guia de ações do SindHosp/Fehoesp. O primeiro é o foco na prevenção e investimento na estratégia de saúde da família, estimulando o estilo de vida saudável. “Queremos chegar a 80% de cobertura do Programa Saúde da Família em quatro anos de governo, hoje temos menos de 50%”, enfatizou o candidato.
O segundo ponto diz respeito às filas para consultas, exames e procedimentos. “Queremos diminuir as filas com ações como o ‘Poupatempo da Saúde’, oferta de mais médicos na periferia e investimento em saúde digital, principalmente com prontuário eletrônico e telemedicina”, disse Boulos. O terceiro e o quarto pontos seriam investimentos em programas de saúde mental, com psicólogos nas escolas e centros de atenção psicossocial (CAPS) móveis, e em idosos, com atendimento na casa das pessoas e espaços de convivência 60+.
Como quinto ponto, Boulos defendeu uma gestão mais eficiente do SUS na cidade. “Queremos ter em São Paulo um SUS modelo para o Brasil, com gestão mais eficiente, unificando padrões e procedimentos”, anunciou o político. O convidado do “Diálogos da Saúde” ainda falou sobre o cuidado com os motociclistas, que representam um custo alto para a saúde quando se acidentam, a relação com a câmara dos vereadores e demais esferas de governo, incluindo União e Estado, uma política para a região metropolitana e seus diversos municípios, e a importância de uma gestão das redes de média e alta complexidade da saúde, integrando hospitais municipais e estaduais.