No Brasil, mais de um milhão de pessoas recebem atenção domiciliar, seja atendimento (cuidado ambulatorial residencial) ou internação (hospitalização em casa). O mercado, que está em expansão, fatura atualmente R$ 3 bilhões ao ano. Os números são do censo do Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (NEAD).
O crescimento do setor tem relação direta com o aumento da expectativa de vida no País e com a carências de leitos hospitalares. "Estudos da Associação Nacional de Hospitais Privados mostra que seriam necessários 13 mil novos leitos. A atenção domiciliar pode ajudar a otimizar o uso de leitos, oferencendo atendimento em casa para quem tem essa possibilidade de sair do hospital”, afirma Ari Bolonhezi, diretor do NEAD e coordenador da pesquisa.
Além dessa lógica, objetivo, há um tanto de outros benefícios ao paciente que se recupera fora do hospital. Em casa, é mais fácil propiciar a autonomia do paciente e de sua família, além da retomada do vínculo familiar.
Mercado
Atualmente, o mercado home care emprega cerca de 230 mil pessoas e, de acordo com Bolonhezi, deve crescer mais. “No censo, notamos que 70% dos prestadores de serviço têm a sensação de que o mercado está crescendo. Isto é muito positivo. O serviço se espalhou por todos os Estados do Brasil e há a necessidade de formar novos profissionais”, disse.
Para dar conta da demanda, além da maior formação da mão de obra especializada, é preciso otimizar o uso de tecnologia para monitoramento a distância. A maior parte dos empregados em atenção domiciliar é formada por técnicos de enfermagem, eles são 155 mil, mas há espaço para médicos, enfermeiros, fisioterapeuras, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e fonoaudiólogos.
Bolonhezi explica que o número de profissionais usados é cinco vezes maior na internação domiciliar do que na hospitalar. “No hospital, temos um enfermeiro para atender cinco leitos, em um turno de 12 horas. Já no atendimento domiciliar, isso se inverte: é um enfermeiro para cada paciente e existe o revezamento de turnos”, explica.
Somam-se a isso outros desafios do setor, como a impossibilidade de previsão de leitos diários, já que o número de pacientes é muito instável, e a dependência de fatores imponderáveis. "Se tem uma greve de ônibus, por exemplo, como o profissional vai chegar no local de atendimento, muitas vezes em lugares distantes?", argumenta Bolonhezi
Quanto aos pacientes, cerca de 70% deles são encaminhados pelas operadoras de saúde. O restante ou paga particular (26%) ou é oriundo do serviço público (4%).