Em qualquer lugar do mundo, o dilema é o mesmo: incorporar tecnologia sem extrapolar os custos do sistema de saúde, com a sabedoria suficiente para discernir entre o que é necessário e trará benefícios reais, e o que é dispensável, ou assessório.
Dentre todas as experiências internacionais relatadas durante o dia, no CISS, nenhuma deixou de lado a questão deste equilíbrio. Estados Unidos, Israel, Alemanha e Reino Unido apresentaram soluções em curso em seus países, todas relacionadas à inovação e tecnologia. Mas em algum momento, sempre se esbarra nos custos.
Cleveland, por exemplo, reiventou sua economia, que era predominantemente industrial, para uma economia de serviços e pesquisa. Mas mesmo entre os norte-americanos, em que a tecnologia é “apreciada”, existem limitações em relação custo. “A China está inclinada a passar o tamanho da economia dos Estados Unidos em 2014. O custo de um produto da China será muito menor e nós entendemos isso como um desafio: reduzir consistemente o custo do nosso produto sem reduzir a qualidade, e isso vale para a saúde”, afirmou William O`Riordan, dirigente da Steris – empresa especializada em processos de esterilização.
Para Gerry McDonell, vice-presidente de Assuntos Clínicos e Científicos da Steris, os hospitais investem muito dinheiro em equipamentos gigantescos, mas não investem tanto em limpeza. “Descobrem depois que o robô precisa ser esterilizado. O dinheiro gasto com antibióticos para tratar infecções poderia ser revertido em prevenção. Gastamos muito dinheiro, mas não de forma tão sabia”, avaliou.
Em Israel, conhecida como a nação das start ups, o sistema de saúde é subsidiado pelo governo e amplamente regulado por ele. Os recursos são escassos – 7,7% do PIB – mas existem experiências positivas de aplicabilidade da inovação e da tecnologia em favor da saúde de qualidade. Existe um cenário desfavorável, com falta de médicos e enfermeiros e falta de leitos, no entanto o país apresenta indicativos surpreendentes, como expectativa de vida alta e baixa taxa de mortalidade infantil, por exemplo. Segundo Eyal Jacobson, diretor adjunto da Administração de Serviços Médicos do Ministério da Saúde de Israel, nos últimos anos o governo resolveu investir em tecnologia emergente, o que resultou em 100% dos prontuários de saúde como sendo eletrônicos, e num projeto de extensão da informação, que é coletada em tempo real. “Hoje temos dados demográficos, diagnósticos, procedimentos, testes de laboratórios e patologia, relatórios de alta, tudo conectado”, afirmou.
Para Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Alber Einstein, Israel é um exemplo de como fazer muito com pouco. Lottenberg criticou a incorporação tecnológica pelo simples incremento, e afirmou que ela deve vir acompanhada de um ambiente propício para a inovação. “Monitorar as doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, teria um impacto muito maior do que qualquer incorporação tecnológica”.
O CISS – Congresso Internacional de Serviços de Saúde é o evento oficial da Feira Hospitalar, realizado com apoio do SINDHOSP e diversas entidades.