Há cinco anos uma rede de hospitais na Itália iniciou um projeto desafiador: implantar a filosofia slow medicine em suas atividades diárias. Para contar um pouco desta história, o professor e médico Marco Bobbio está no Brasil, e participou do primeiro painel do Conecta Saúde, evento organizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS) e realizado pela FEHOESP, SINDHOSP e demais sindicatos filiados, nesta terça e quarta-feiras, 17 e 18 de outubro, no Intercontinental Hotel, capital paulista.
Na abertura, o presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, lembrou um pouco da história da evolução da medicina, quando há menos de 100 anos descobriu-se a penicilina. “A medicina de hoje está sendo tratada como uma questão tecnológica, mas ela tem que ser tratada como ciência humana e precisa como tal manter suas características de relacionamento humano. O Slow Medicine, na minha opinião, é o resgate da verdadeira medicina, não do ponto de vista romântico e utópico, mas do ponto de vista do tratamento da pessoa humana, e não do tratamento de doenças”.
Segundo Bobbio, a tecnologia pode ajudar no processo de diagnóstico, mas não é e não pode ser a única maneira de interagir com os pacientes. “No cuidado primário, o médico começa discutindo com o paciente, ele sabe sua história, seu histórico familiar. É mais difícil para os especialistas verem o paciente como um todo. Mas mesmo os cirurgiões podem ser slow. Não durante uma intervenção, quando eles precisam ser rápidos e tomar decisões ágeis. Mas eles podem ser slow na hora de decidir o que é melhor para o paciente, dentro de seus valores e desejos”.
O médico falou um pouco sobre os resultados da rede de hospitais slow, que começou em 2013 com um questionamento para as equipes: identifiquem três procedimentos inapropriados em três departamentos. Em 2015 os procedimentos considerados inapropriados foram reavaliados. Os primeiros resultados mostram, por exemplo, que houve redução na prescrição de antibióticos em 4,7%, 28% menos radiografias torácicas e 22% menos indicações de exames laboratoriais.
Na foto acima, da direita para a esquerda: José Carlos de Campos Velho, Marco Bobbio, José Carlos Barbério, Yussif Ali Mere Jr, Dario Birolini, Lucas Zambon e Luiz Fernando Ferrari Neto.
Confira mais notícias do evento em nossas rede sociais e na edição de dezembro da Revista FEHOESP 360.
Por Aline Moura
Fotos: Leandro Godoi