“A Saúde não é como as outras áreas. Precisamos de investimentos e parcerias para que os projetos tenham continuidade”, declarou David Uip, secretário de Estado da Saúde de São Paulo, durante almoço-debate promovido pelo Grupo Lide Empresarial. O evento aconteceu em 8 de junho no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, e contou com a participação do presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr. O secretário discorreu sobre temas como dengue, Aids, programa Mais Médicos, projetos na área da Saúde e repasse de recursos.
Questionado sobre o repasse de recursos, o secretário afirmou que o Estado deixou de receber 1,7 bilhão de reais no ano passado. “É um dinheiro que faz falta. Nem o ressarcimento do atendimento da alta complexidade foi repassado. Então, de forma republicana, apelamos ao governo federal para sensibilizá-los da necessidade desse repasse”. O orçamento da Saúde passou de R$ 103,27 bilhões para R$ 91,5 bilhões.
Segundo ele, o corte de R$ 11,7 bilhões – o segundo maior corte no orçamento de 2015 – não pode comprometer o funcionamento do sistema. “O orçamento da secretaria estadual conta com R$ 20 bilhões anuais, sendo 70% já comprometidos com folha de pagamento. Não temos prevenção, saneamento, nem vacinação suficientes para evitar que o paciente vá para o hospital. Hoje, mais de 80% dos pacientes na fila de um pronto-socorro não precisa estar ali. Os casos que não são graves são os que geram filas", explicou.
Sobre a judicialização, que garante direitos de atendimento de saúde específicos, conseguidos pela Justiça, Uip pondera que o recurso não pode inviabilizar a Saúde. "Chegamos a ter que oferecer 69 tipos de fraldas. Tivemos uma ação judicial de R$ 20 milhões para comprar remédios que vão atender 37 pessoas. Entendo o lado do juiz, mas ninguém pergunta se o Estado tem essa verba para cobrir todas as ações judiciais concedidas. Em 2014, foram gastos 540 milhões de reais nesses processos e estimamos 700 milhões de reais neste ano.
Uip relatou ainda o aumento nos casos de dengue,hepatites e DSTs. “Vivemos uma epidemia de sífilis, de Aids, gonorreia, hepatites B e C, porque as pessoas não estão se prevenindo. São quase sete novos casos de sífilis em São Paulo por dia”, afirmou.
“A morbidade da dengue, por exemplo, é muito alta e a letalidade é baixa em São Paulo. O Estado registrou 170 mil casos, sendo 169 mortes, em diversas cidades do interior e bairros da capital paulista, em sua maior parte registrada entre a população idosa, mas a taxa percentual ainda é considerada baixa perto do número de casos que o Estado registrou. O mosquito invadiu São Paulo por condições climáticas há uns cinco anos e a população não estava protegida por anticorpos”. Segundo o secretário, 80% dos criadouros estão em domicílios, o que torna o combate ao mosquito uma operação complexa.