Emagrecedores podem voltar ao Brasil

Projeto de lei passará pelo Senado em julho

Compartilhar artigo

Dois anos e meio após o governo ter proibido a venda e o uso de três tipos populares de emagrecedores no país, pessoas com excesso de peso recorreram a drogas de uso "off label" –registradas para outras finalidades–, se submeteram a mais procedimentos médicos e tiveram agravado o grau da obesidade.
 
É o que relatam especialistas em nutrologia e endocrinologia ouvidos pela reportagem, que defendem a volta ao mercado das substâncias femproporex, mazindol e anfepramona (do grupo das anfetaminas e seus derivados).
 
Elas foram banidas em 2011 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para a qual não há provas científicas de que as substâncias são eficazes, e o risco do uso delas superaria os benefícios à saúde.
 
Esse veto, porém, corre o risco de cair. Um projeto na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado susta os efeitos da resolução da Anvisa que tirou os anfetamínicos de cena. Se aprovado na comissão, o texto vai ao plenário da Casa e à promulgação pelo Congresso.
 
A expectativa é que a CCJ avalie o texto em 2 de julho. A Folha apurou que a própria Anvisa já avalia que o projeto será aprovado. Médicos e pacientes a favor da liberação têm feito gestões junto aos senadores pela aprovação.
 
"A Anvisa tirou produtos eficazes, com trabalhos científicos e há mais de 50 anos no mercado. Os pacientes sumiram dos consultórios e voltam depois com diabetes e hipertensos", critica Dimitri Homar, médico integrante da diretoria da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
 
Segundo Homar, a alternativa foi buscar remédios de uso "off label", que são mais caros e não são os mais adequados por não terem sido estudados para o emagrecimento. O topiramato (anticonvulsivante), Victoza (contra o diabetes tipo 2) e bupropiona (antidepressivo) são algumas das drogas procuradas.
 
O endocrinologista João Castro adiciona outro nome à lista das alternativas: a lisdexanfetamina, usada contra o deficit de atenção.
 
Castro afirma que a percepção, no consultório médico, é que aumentou o número de pessoas com problemas de peso e o grau de obesidade.
 
Os médicos rejeitam os resultados de uma pesquisa feita por telefone – e divulgada pelo Ministério da Saúde– que aponta a estagnação dos percentuais de excesso de peso e de obesidade em 2013.
Se aprovado o projeto, a Anvisa ainda poderia editar uma nova resolução, com os mesmos vetos –algo com potencial político explosivo.
 
Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, prefere não entrar na questão política. "A Anvisa já manifestou sua posição técnica de forma exaustiva (…) Somente uma lei pode dispensar a Anvisa da responsabilidade de evitar que existam medicamentos no mercado que causem mais danos do que a doença que pretendem tratar", afirma.
 
DE OLHO
 
O andamento do projeto que pode derrubar o veto da Anvisa é acompanhado de perto pelo grupo "União pela volta dos inibidores de apetite e suplementos alimentares", com mais de 3.000 seguidores no Facebook.
 
Uma das integrantes do grupo, Antônia Rodrigues, 50, tomou anfepramona durante 17 anos, com o objetivo de controlar a ansiedade e a compulsão pela comida.
 
Meses após o veto ao remédio, conta, começou a engordar, passando de 68 kg, em 2011, e atingindo os 94 kg.
 
"Eu já tinha problemas com a minha articulação, e isso se potencializou. Estou sem medicamento e sem poder fazer academia. Você fica sem saída", lamenta.
 
Antônia afirma que já tentou usar um medicamento contra diabetes, mas sentiu efeitos limitados. "No desespero", recorreu ao mercado negro: "Era maisena."
 
Simone Claudino, 41, também tomava anfepramona como forma de manter o peso. "O remédio não me fazia emagrecer tanto. Já tinha chegado a um peso bom, mas queria mantê-lo."
 
Depois de parar de tomar, o peso passou de cerca de 70 kg para 93 kg. Por conta própria, tentou tomar a sibutramina (um emagrecedor permitido, mas vendido com regras rígidas) e teve problemas cardíacos.
 
"A sociedade trata a obesidade como uma sem-vergonhice e não como uma doença", diz.

Artigos Relacionados...

Artigos

Desejos para a saúde em 2025

Nações, companhias, organizações da sociedade civil e o próprio ser humano costumam renovar pactos, redefinir estratégias e realinhar objetivos a cada final ou início de ciclo. Estes momentos de reflexão

CCT saúde
Convenções Coletivas

Firmada CCT com Sindicato dos Médicos de São Paulo

Informe SindHosp Jurídico nº 125-A/2024 FIRMADA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO COM O SINDICATO DOSMÉDICOS DE SÃO PAULO – SIMESP, VIGÊNCIA DE 1º DE SETEMBRO DE 2024A 31 DE AGOSTO DE

Curta nossa página

Siga nas mídias sociais

Mais recentes

Receba conteúdo exclusivo

Assine nossa newsletter

Prometemos nunca enviar spam.

error: Conteúdo protegido
Scroll to Top