No terceiro episódio da série “Especial – Legados na Saúde” do videocast Papo da Saúde, o SindHosp recebeu em sua sede o médico cardiologista Marcelo Queiroga, ministro da Saúde entre 2021 e 2022, durante o governo Jair Bolsonaro. Ele foi entrevistado por Francisco Balestrin, presidente da Fehoesp e do SindHosp, e Giovanni Cerri, presidente do Instituto Coalizão Saúde. Marcelo Queiroga falou sobre o período em que comandou a pasta da Saúde no país, ainda durante a pandemia, e pôde contribuir com suas impressões e opiniões para as discussões em torno das eleições municipais em 2024. Clique aqui e assista à íntegra da entrevista no canal oficial do SindHosp no YouTube.
Médico formado em 1988 pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcelo Queiroga se tornou cardiologista depois de realizar residência no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, nos anos 1990. Era presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) quando assumiu como ministro, em plena pandemia de Covid-19, ocupando o posto no lugar do general Eduardo Pazuello.
Constituição de 1988
Durante a entrevista concedida ao SindHosp, o ex-ministro disse nunca ter imaginado que exerceria o maior cargo da saúde pública no Brasil, muito menos em uma época tão difícil. “No dia 14 de março de 2021, recebi essa honrosa missão. Eu estava em um plantão noturno, em uma urgência cardiológica”, lembrou Queiroga. “O SUS é a grande trincheira de luta da saúde pública brasileira. Eu me formei no ano em que foi promulgada a Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, colocando o cidadão e a dignidade humana como prioridades. Não há dignidade sem a saúde como um direito fundamental”.
Inteligência artificial
Para o convidado do Papo da Saúde, apesar dos avanços, o Brasil precisa mudar a política do sistema de saúde. “Não aplicamos da maneira correta os poucos recursos que temos. As Unidades Básicas de Saúde são o grande instrumento para mudar a saúde pública no Brasil. Temos de olhar para a saúde digital. Nós podemos ter unidades de saúde revolucionárias, com tecnologias disruptivas, que já começam a funcionar”, argumentou Queiroga.
Mesmo defendendo modelos de saúde digital, o ex-ministro sabe das dificuldade de lidar com novas tecnologias. “A tecnologia está superando nossa capacidade de entender suas implicações. Se considerarmos as capacidades de inteligência artificial e os dados massivos que estão sendo gerados, as implicações disso são verdadeiramente desafiadoras. Você tem que manter a humanidade, mesmo quando está tratando com tecnologia”, disse. “Quando se trata de inteligência artificial, não é o que a máquina sabe, é como ela aprende. A capacidade de aprender e se adaptar é o que realmente define a eficácia da inteligência artificial. Mas acho que a IA será extremamente útil em campos como a medicina, ajudando os médicos a diagnosticarem doenças mais rapidamente e com mais precisão acho”.
Eleições municipais
O médico cardiologista acredita que os futuros secretários de Saúde precisam ter conhecimento de saúde pública e o município tem de cuidar e dar atenção básica. Também defende a regionalização da saúde. “Não tem sentido municípios de médio porte querendo ter todos os equipamentos sofisticados da média e alta complexidade, quando podia haver na região um consórcio entre os municípios, de modo que cada um responda por uma ou mais especialidades”, sustentou Marcelo Queiroga. “O município tem de resolver a atenção básica, controlando a hipertensão arterial e o diabetes, estimulando a atividade física, o que nem sempre acontece”.