Folha de S. Paulo debate A Saúde do Brasil

Fórum aconteceu nos dias 26 e 27 de março em SP

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A modernização é a saída? Sobram ou faltam leitos hospitalares? O SUS conseguirá chegar ao patamar para qual foi criado? E a saúde suplementar, como ficará ao longo dos anos? Perguntas como essas foram temas do fórum “A Saúde no Brasil”, realizado pelo jornal Folha de S. Paulo entre os dias 26 e 27 de março no Teatro Tuca, em São Paulo. O evento contou com a participação de nomes como o ministro da saúde, Arthur Chioro; o secretário de saúde do Estado de São Paulo, David Uip; e o médico e colunista da Folha, Dráuzio Varella. Sob a coordenação da repórter especial Claudia Collucci, personalidades do setor se reuniram para debater os principais aspectos da saúde atual e como praticar mudanças para um futuro melhor.
 
O presidente do SINDHOSP e FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, prestigiou o evento. "A Folha de São Paulo está de parabéns pelo excelente nível dos debates que vimos hoje. Vim pessoalmente acompanhar porque assuntos como esses que estamos acompanhando são de suma importância na construção de uma saúde melhor no futuro". O diretor das entidades, Luiz Fernando Ferrari Neto, também esteve presente.
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) ganhou destaque especial. Para Chioro, a modernização é o que falta para melhorar a qualidade de atendimento atual. “Meu sonho é um dia poder ver o SUS como o modelo que ele foi realmente criado para ser, um modelo que é considerado o melhor do mundo, que possa fazer com que o brasileiro olhe e diga: estou satisfeito”, afirma. “A modernização e o investimento na atenção básica são fundamentais, bem como a inserção de novas agendas de saúde pública que vão além do tratamento só de doenças”, completa. O tema também foi defendido por Uip. “Precisamos de novas propostas, competência, criatividade e um pouco de ousadia para melhorar a saúde pública. O gestor precisa criar valores que agreguem bem feitorias ao paciente. A saúde pública em São Paulo hoje é uma das melhores do mundo, temos competência”, explicou.
 
O programa Mais Médicos e sua efetividade, citado por ambos em seus discursos, foi debatido também por Miguel Srougi, professor titular de urologia da USP, e Mozart Sales, secretário de Gestão do Trabalho e Educação do Governo Federal, representando José Gomes Temporão. Com comentários divergentes, a discussão principal ficou entre a situação inicial dos estrangeiros que chegaram ao Brasil e a alta demanda por médicos em algumas regiões mais carentes do País. “As condições sub-humanas aos quais os cubanos foram submetidos para entrar no Brasil é o que deveria ser a principal preocupação do Governo Federal. Aonde já se viu uma pessoa, após a sua jornada de trabalho, precisar de permissão para deixar sua residência? Qual apoio o Governo deu para quem chegou aqui em casa e sem família? Porque salários miseráveis?”, questionou Srougi. “E ainda vejo as pessoas aprovando este programa. Quem aprova o atendimento dado por um médico deste programa certamente não chegou ao hospital com uma doença grave”, completou. “Eu discordo. Hoje quem precisa de médicos tem mais do que um beijinho, tem uma mão amiga, que cuida", afirma Mozart. “O Mais Médicos é muito mais do que a vinda de estrangeiros, é uma oportunidade de sanar deficiências. Nunca antes na história deste País vimos algo assim", conclui.
 
Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, foi convidado a retratar a saúde financeira dos hospitais junto com Gonzalo Vecina Neto, superintendente do Hospital Sírio-Libanês e Walter Cintra, diretor executivo do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMUSP, no entanto, ele aproveitou a discussão sobre o programa do Governo Federal para questionar os participantes, notáveis da saúde: “Falamos sobre o Mais Médicos, criticamos, mas o que pensamos para melhorar o sistema de saúde? Quando falamos de saúde, devemos esquecer oposições e agir com políticas de Governo de Estado". Gonzalo reiterou. “Não há investimentos suficientes nos hospitais e não adianta dizermos que sobra dinheiro. Falta gestão para os recursos. Temos de criar um modelo de integração entre as redes assistenciais primárias e secundárias”. 
 
Envelhecimento da população
 
Citado por praticamente todos os palestrantes do Fórum, o tema ganhou um painel exclusivo com o presidente do Centro Internacional de Longevidade, Alexandre Kalache, que em sua explanação citou dados populacionais de 1945 a estimativas de 2025 a 2050. Segundo ele, há mais pessoas vivas com mais de 60 anos na atualidade do que a somatória de pessoas que, ao longo dos anos, até hoje chegaram a esta idade. Com a atual expectativa de vida alcançando os 75 anos, no ano de 2.025 o Brasil contará com aproximadamente 1.2 bilhão de pessoas com mais de 60 anos e, até o momento, pouco se tem pensado em como a saúde tratará a população idosa.
 
“O grande gasto em saúde está no último ano de vida e em pessoas já idosas. Por isso a necessidade de novas políticas de saúde para que quando os jovens de hoje chegarem ao final da vida, tenham cuidados dignos”, disse. Ainda segundo Kalache, pouco tem sido feito pelos governantes. “Hoje em dia o que mais vemos é o governo fazendo propagandas e falando: cuidado com a diabetes, pratique exercício físico, use camisinha, etc. Mas será que paramos pra pensar que existem pessoas que vicem em condições tão ruins que não podem ter uma alimentação saudável, não tem aonde se exercitar e que já nascem com algum tipo de doença na vida? Não podemos responsabilizar as pessoas por suas doenças, situação social ou qualidade de vida. Temos de pensar lá na frente, em como vamos tratar disso. Prevenção é ótimo, mas só isso não basta”. O presidente ainda deixou uma importante mensagem. “Países desenvolvidos enriqueceram antes de envelhecer. Países em desenvolvimento, como o nosso, estão envelhecendo antes de ficarem ricos".
 
O assunto também foi abordado de forma rápida pelo médico e colunista da Folha de S. Paulo, Drauzio Varella, que afirmou que um a das maiores preocupações atuais também deveria ser o controle da taxa de fecundidade, principalmente nas regiões mais carentes do País. “48% das crianças nascem hoje na chamada Classe E, aquela que se sustenta com, pasmem, apenas R$75 mensais. Quando faço gravações para a TV na

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