GVSaúde debate a obesidade

No Brasil, o problema já alcança quase metade da população

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A FEHOESP e o SINDHOSP apoiaram a realização do debate “Obesidade e os Impactos no Sistema de Saúde”, que ocorreu em 21 de outubro, no Salão Nobre da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. A palestra, realizada pelo Centro de Estudos e Planejamento em Gestão de Saúde da FGV, teve como moderador o professor Álvaro Escrivão Junior, do Departamento de Gestão Pública da fundação.
 
Hoje, a obesidade representa um dos principais desafios para os sistemas de saúde na maior parte dos países. No Brasil, o problema já alcança quase metade da população, com viés de crescimento. Antes, esse era um problema mais recorrente entre adultos, mas, hoje, já atinge crianças e adolescentes.
 
O aumento da população obesa é acompanhado pelo incremento significativo de doenças relacionadas, como dislipidemias, diabetes, hipertensão arterial, doenças respiratórias do tipo apneia do sono, litíase biliar, distúrbios dermatológicos, distúrbios alimentares.
 
O professor titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Andrade Lotufo, que atua no Hospital Universitário (campus Butantan), onde é coordenador da Divisão de Clínica Médica e Presidente da Câmara de Pesquisa, discorreu sobre os desafios para a prevenção e a assistência à obesidade nos sistemas de saúde público e privado.
 
Lotufo abriu sua palestra chamando atenção para os significados práticos da obesidade, que são o aumento da prevalência de doenças associadas mecanicamente ao excesso de peso, como lombalgia, artrose de joelhos, varizes e trombose de membros inferiores e apneia do sono; aumento da prevalência de fatores de risco cardiovascular como diabetes, hipertensão e dislipidemia com consequente impacto na mortalidade geral; além da estética. 
 
“O peso tem uma questão de qualidade de vida importante. Nos anos 1920 as empresas de seguro norte-americanas já tinham identificado que pessoas acima do peso tinham mortalidade maior. Mas, cientificamente, foi o estudo de Framingham, de 1957, que o dado foi constatado”
 
Segundo o professor, a evolução histórica do sobrepeso no Brasil pode ser constatada em três estudos: Estudo Nacional da Despesa Familiar (Endef, 1974-1975), realizado pelo IBGE; a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN, 1989), feita pelo INAN com a colaboração de IPEA e do IBGE; e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF, 2002-2003 e 2008-2009).  “Com esses dados percebe-se que houve aumento da obesidade no país”, conta Lotufo. 
 
Recentemente, o monitoramento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que é realizado pelo MS anualmente desde 2006, confirmou a tendência de alta na quantidade de pessoas obesas no Brasil. “Esse aumento do peso acontece no mundo todo”, observa o professor.
 
Para Lotufo, prevenir esse tipo de problema depende de uma estratégia populacional que envolva todos os setores da sociedade, passando pelos fabricantes de comida, pelo setor sucroalcooleiro, além do MS.
 
Em sua explanação, a professora Patricia Constante Jaime apresentou a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), do Ministério da Saúde (MS). Patrícia é nutricionista e professora associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, ela é responsável pela Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do MS. “A prevenção e o controle dessas doenças são medidas prioritárias”, afirma.
 
Ela explicou que o propósito do PNAN é a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição.
 
“No Brasil, estima-se que o total de gastos relacionados à obesidade alcança os R$ 500 milhões por ano”, afirma Patricia.
 
RedeNutri
O Sistema Único de Saúde (SUS) criou uma rede social visando o debate permanente sobre a alimentação e nutrição, como determinante social da saúde e componente do desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais. A Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde, ou simplesmente RedeNutri, é uma rede social composta por profissionais envolvidos na implementação de ações de alimentação e nutrição em diferentes esferas de governo e áreas. Para conhecer a rede, clique aqui.

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