Grupo Técnico discute inspeções prediais e segurança de edificações   

Compartilhar artigo

O Grupo Técnico de Segurança e Saúde Ocupacional (GTSSO) do SindHosp realizou, na sede da entidade, um encontro transmitido via Zoom com o tema “Edificação Segura e Responsabilidades da Segurança do Trabalho”. Apresentada por Carlos Marrocos, engenheiro-chefe da Segurança do Trabalho do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), a reunião aconteceu no dia 14 de setembro último e teve como foco a segurança voltada para edificações. “Basicamente, o que precisamos para considerar um edifício seguro”, resumiu Marrocos, que teve a seu lado Carlos Cassiavillani, Roger Abdala e Lucineia Nucci. Ao todo, o encontro contou com 26 participantes de diferentes instituições.

De acordo com Carlos Marrocos, uma edificação segura pressupõe o cumprimento das diretrizes da nova norma de inspeção predial da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a chamada ABNT NBR 16747:2020, principal ferramenta de gestão de manutenção predial no Brasil, inclusive para estabelecimentos de saúde. É uma norma que contempla todos os itens que precisam ser verificados para garantir a segurança das instalações de uma empresa.

Ganchos de ancoragem

Em sua apresentação, o engenheiro-chefe do HC-FMUSP detalhou equipamentos e instalações de segurança, chamando a atenção para aspectos que nem sempre os gestores levam em consideração. Os cuidados começam pelo alto, na laje de cobertura. Uma das novidades normativas é a exigência dos chamados Sistemas de Proteção Individual contra Quedas (SPIQ), que passa a vigorar a partir de 2024 para edificações sem um guarda-corpo no parapeito da laje.

 “Esse sistema de proteção contra quedas prevê a instalação de ganchos de ancoragem para que profissionais de diferentes áreas possam trabalhar presos a esses pontos, sem risco de queda. Eles garantem a proteção para o pessoal que faz limpeza de caixa d’água, inspeção de sinalização, verificação de para-raios, pintura de fachada e assim por diante, em geral, de empresas terceirizadas. Também podem servir para o içamento de máquinas e mobiliário”, explicou Carlos Marrocos. “Mas os gestores têm de levar em consideração que o teste de arranque desses ganchos é anual e que existem ganchos específicos para cada tipo de carga, tudo devidamente normatizado”. O teste de arranque ou carga tem como objetivo verificar a resistência, a estabilidade e a confiabilidade de um ponto de ancoragem.

Ainda na laje, os gestores precisam contar com Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), que é um conjunto de estruturas e soluções projetadas para proteger pessoas e construções da ação de raios. “Esse sistema requer uma medição ôhmica, que pode levar à perda da apólice de seguro se não for realizada anualmente ou em caso de sinistros”, destacou Marrocos. “Outra preocupação durante uma inspeção de laje é com a luz-piloto, que serve de alerta de obstáculo para aeronaves. A verificação no período noturno tende a ser mais eficaz”.

Elevadores

A prevenção de acidentes com elevadores pede uma série de medidas dos gestores de manutenção. A primeira delas é a verificação de itens obrigatórios no poço do elevador, como escada e sinalização. “Um item fundamental é a aba de proteção, que serve para proteger o passageiro de uma queda no poço em caso de uma operação de resgate. Essa aba também tem medidas normatizadas”, enfatizou Carlos Marrocos durante sua apresentação. “Mais uma situação comum é a falta de protetores de roldanas e tampas de painéis elétricos nas casas de máquinas dos elevadores. Isso tem de ser verificado e as equipes de manutenção precisam zelar por deixar tudo em ordem”.

Um dos itens mais importantes de segurança predial são os equipamentos de detecção e combate a incêndio. O engenheiro-chefe de Segurança do Trabalho do HC-FMUSP alerta para um problema mais comum do que parece. “Muitas vezes, as empresas instalam todo o sistema de detecção de fumaça, mas não protegem a fiação do forro e dutos, deixando os cabos sujeitos à ação de roedores e comprometendo a segurança do edifício. Esse detalhe pode passar despercebido até pela inspeção do Corpo de Bombeiros, que não abre o forro para verificar a existência dos dutos, e o sistema acaba não funcionando quando mais se precisa dele porque um cabo está rompido”, apontou Carlos Marrocos.

Escadarias pressurizadas

O sistema de pressurização de escada também requer um controle rígido para amenizar danos em caso de incêndio. Ele é importante para garantir que as pessoas tenham uma rota de fuga livre de fumaça em uma situação de fogo. Os dutos de pressurização costumam estar corretos no projeto, mas podem apresentar irregularidades ao ser construídos. “O problema é a perda da velocidade e da vazão de ar. Muitos edifícios não passam no teste de vazão e pressão de ar nas escadarias por esse motivo. Em geral, as empresas fazem o teste do detector de fumaça, que aciona o alarme e o sistema de pressurização, mas não se preocupam com o teste de vazão e pressão desse sistema”.

O engenheiro explica que, no topo dos prédios, há uma válvula de alívio que regula o sistema de pressão das escadas, mantendo a pressurização mesmo com a porta do térreo aberta. Segundo ele, no caso de uma emergência, a pressurização precisa ser forte o suficiente para garantir que as portas se fechem após a passagem das pessoas, mas não tanto a ponto de impedir que as pessoas acessem as escadas. “A vazão da pressurização influencia justamente nesse equilíbrio de forças e precisa estar adequada ao projeto”, reforçou Marrocos na reunião. “Além da parte estrutural, tem uma questão de cultura de segurança. Em caso de fogo, as portas das escadas têm de permanecer fechadas para impedir a entrada de fumaça e reduzir o risco de sufocamento, principalmente de cadeirantes, que precisam esperar ajuda para descer. Deixar um calço na porta corta-fogo para mantê-la aberta, por exemplo, significa colocar em risco a vida de todo mundo, assim como colocar correntes com cadeados nas portas, que impedem a passagem das pessoas”.  

Risco elétrico

A instalações elétricas e o grupo motogerador representam mais uma área de atenção em estabelecimentos de saúde. A sobrecarga de energia costuma estar associada a princípios de incêndio. “Não é incomum que muitos equipamentos sejam ligados na mesma tomada com uso de uma régua, incluindo aqueles que puxam mais energia e podem levar a superaquecimento e fogo”, destacou Carlos Marrocos. “Outra questão importante: os geradores. Existe o gerador de conforto e o gerador de segurança. O gerador de segurança precisa garantir que o sistema de combate a incêndio funcione em caso de fogo”.

A reunião do Grupo Técnico de Segurança e Saúde Ocupacional ainda discutiu temas como a instalação de sistema de condução de gases, destacando a importância de se garantir a ventilação permanente de áreas onda haja cozinha, aquecedores de água e a prevenção de vazamentos, e a colocação de redes de proteção conforme normas que regulamentam tanto sua produção como sua instalação.

Equipamentos hospitalares

Em sua apresentação, Marrocos falou também sobre um tipo específico de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) em estabelecimentos de saúde. Trata-se de uma força-tarefa que promove uma inspeção em equipamentos hospitalares diversos, incluindo desfibriladores, monitores cardíacos, aparelhos de ultrassom, incubadoras, sistemas de anestesia, unidades eletro-cirúrgicas e radiografias, mamógrafos, ventiladores pulmonares, bisturis elétricos e assim por diante. “É importante que o gestor de manutenção esteja atento a esses equipamentos, realizando inspeções regulares”.

Por fim, os integrantes da reunião chamaram a atenção para a importância do treinamento e a percepção de risco por parte das pessoas que utilizam as edificações, além do trabalho de prevenção. O ponto, segundo os participantes, é que a questão da segurança vai além das leis ou das normas. Vidas estão em jogo, assim como a reputação do estabelecimento, enfatizaram. Os gestores precisam encontrar formas de lidar com isso, privilegiando a prevenção, porque sempre vai haver problemas com falhas de evacuação e uso incorreto de um extintor de incêndio, por exemplo. Além disso, é importante levar em consideração que muitos pacientes estão em uma condição temporária desfavorável para se deslocar e vão precisar de ajuda em caso de incêndio ou situação similar. Ter um espaço acessível não significa que a edificação está segura para um cadeirante ou um paciente de cama diante de uma necessidade de evacuação.  

Quer conhecer mais sobre as Câmaras e Grupos Técnicos do SindHosp? Acesse aqui

Artigos Relacionados...

Curta nossa página

Siga nas mídias sociais

Mais recentes

Receba conteúdo exclusivo

Assine nossa newsletter

Prometemos nunca enviar spam.

error: Conteúdo protegido
Scroll to Top