A prevenção de doenças deixou de ser vista como um custo para se tornar objeto de interesse de empresas dos mais diversos segmentos, operadoras de planos de saúde e seus usuários. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o País tem hoje 993 operadoras de planos de saúde em atividade e 1.083 programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças. O pico de crescimento foi registrado em um único ano: até 2011 eram 127 programas e 198 mil beneficiários atingidos e, em 2012, o número chegou a 760 programas e 1,2 milhões de beneficiários.
Mas o que contribuiu para tamanho interesse na prevenção? Segundo Luciana Silveira, especialista na área de prevenção de doenças e autora do livro “Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde – Diferenciais Estratégicos na Conjuntura do Mercado de Saúde Suplementar”, foi fundamental o trabalho conjunto da ANS e das operadoras de planos de saúde pioneiras em ações de prevenção.
As primeiras iniciativas já mostraram resultados efetivos dos programas de prevenção: melhor atendimento aos beneficiários, oportunidade de fidelização desses clientes – que enxergaram nos programas um diferencial oferecido pelas operadoras – e redução de custos assistenciais. Com prevenção, as pessoas se cuidam mais e adoecem menos. Diminuem também os custos indiretos das doenças: companhias que possuem ações de promoção da saúde para seus funcionários conseguiram combater o absenteísmo por doenças a aumentar produtividade.
De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), as iniciativas de promoção de saúde nas empresas costumam ser eficazes, desde que contemplem não só a informação ao público-alvo, mas contem com mecanismos de incentivo, de motivação, com formas de potencializar a mudança de comportamento e, ainda mais importante: que tenha metas realistas. Para engajar os colaboradores, as empresas podem inovar utilizando, por exemplo, a Internet e as redes sociais para difundir os programas de prevenção e seus benefícios.
Os programas de prevenção também estão na agenda das operadoras de planos de saúde de autogestão, tornando-se uma das ferramentas mais eficazes no controle dos custos assistências. Isso porque no segmento a porcentagem de idosos chega a 22,8%, segundo a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (UNIDAS). A título de comparação, os idosos correspondem a 11,2% dos beneficiários em todo o sistema de saúde suplementar brasileiro. Um exemplo de programa implementado pelas autogestões é o de gerenciamento de doentes crônicos, que apresentou resultados muito satisfatórios em uma das filiadas à entidade: houve redução de 47% dos custos assistenciais na população atendida pelo programa, diminuição em 20,4% das consultas realizadas, com queda de 60,5% nas internações hospitalares e de 69,2% nos atendimentos de urgência e emergência realizados em prontos-socorros.
Tanto no exterior quanto no Brasil, programas preventivos com foco em doenças cardiovasculares e diabetes lideram o ranking das iniciativas. As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), compostas por doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e problemas respiratórias crônicos, representam cerca de 58 % das mortes e 45% de doenças no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas há diferentes tipos de ações implementadas pelas operadoras de planos de saúde, que vão desde o combate aos maus hábitos alimentares, ao tabagismo e ao sedentarismo, como para prevenção de dores crônicas, problemas respiratórios e de coluna.