O Mapa do Acesso da Saúde de São Paulo foi lançado nesta quarta-feira (17/05), em evento híbrido transmitido ao vivo pelo YouTube. O secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Eleuses Paiva, e o presidente do SindHosp, Francisco Balestrin, apresentaram os principais insights para o público, com moderação da jornalista especializada em saúde, Natalia Cuminale. Lideranças da saúde e veículos da imprensa, como Globo, TV Record e o Jornal Folha de S.Paulo, se reuniram para acompanhar o lançamento, na sede do Sindicato.
A pesquisa de opinião pública aplicada entre os dias 15 e 29 de março de 2023, pelo Instituto Qualibest, ouviu mais de 2000 entrevistados, e é um desdobramento da Proposta Saúde São Paulo, projeto do SindHosp que visa aumentar o acesso à saúde de forma sustentável e com equidade.
O estudo pode oportunizar melhorias de eficiência e qualidade na atenção da saúde no Estado de São Paulo, e coloca uma luz sobre temas relevantes e críticos do setor.
“Enquanto cidadãos, é nosso dever conhecer essas informações e dar apoio às nossas autoridades sanitárias para que as coisas aconteçam. O SindHosp busca entender mais a fundo como funciona a saúde no Estado de São Paulo, isso desde 2021, com o início da Proposta Saúde São Paulo, um estudo de 14 meses e mais de 100 entrevistados”, disse o presidente do Sindicato, Francisco Balestrin, na abertura do evento.
Dados
Com a apuração dos dados, observa-se que há um caminho importante de educação e convencimento a percorrer para que a Atenção Primária à Saúde (APS) se torne, efetivamente, a porta de entrada do sistema. Segundo a pesquisa, o acesso ao sistema de saúde ocorre de forma equivocada, em atendimento de média complexidade, e não pela atenção básica.
Embora 94% dos pesquisados saibam o que é uma UBS — Unidade Básica de Saúde (porta de entrada para a assistência básica), 70% dos entrevistados que têm plano de saúde e usam também o SUS, acessam o SUS pela UPA (Unidade de Pronto-Atendimento), enquanto 57% dos que não possuem plano acessam o SUS também pela UPA. Além de equivocado, esse acesso encarece o sistema.
O fato de quase 60% dos usuários SUS acessarem os médicos do setor público através das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA), dado apontado na pesquisa, reafirma a necessidade de melhorar a resolutividade da APS, já que prontos-socorros e serviços de pronto-atendimento devem ser destinados a casos de urgência/emergência.
Segundo o levantamento, mulheres, pessoas que estão nas classes C, D e E e residentes no Litoral ou Interior são os principais usuários do SUS. Já os homens formam maioria entre os beneficiários do setor suplementar, além dos que se encontram nas classes A e B e residem na Capital paulista.
Quem tem plano, avalia melhor o SUS. Quase que a totalidade dos entrevistados utiliza o SUS para vacinação, que recebeu ótima avaliação na pesquisa.
Outro dado em destaque refere-se às Equipes de Saúde da Família (ESF). 36% dos respondentes afirmam que NUNCA foram atendidos por uma ESF, 21% já foram atendidos algumas vezes, 21% não sabem e apenas 22% afirmam ser atendidos SEMPRE pela ESF.
Por se tratar de uma importante porta de entrada para o sistema, a baixa percepção da cobertura da ESF no Estado de São Paulo carece de novas análises e maior entendimento.
Para o secretário de Saúde, Eleuses Paiva, os dados revelam objetivos não atingidos e clareiam pontos de atuação.
“É importante que a atenção primária em saúde se torne efetivamente a porta de entrada do sistema. Na prática, porém, a pesquisa mostra uma atenção primária com baixa resolutividade e isso é refletido nas UPAs. Estudos mostram que mais de 80% dos pacientes que procuram as UPAs poderiam ter seu problema resolvido na APS”, enfatizou.
Dificuldade de acesso
O maior problema apontado pela pesquisa está relacionado às dificuldades de acesso, quando o usuário precisa usar os serviços públicos de saúde. 83% dos entrevistados afirmam que já sentiram alguma dificuldade, e a maioria delas está relacionada ao tempo. A fila de espera foi o principal obstáculo alegado por 54% dos entrevistados, seguido do encaminhamento para a realização de exames (38%), assistência básica (24%) e direcionamento para um Ambulatório Médico de Especialidades — AME (22%).
O longo tempo de espera para consultas, exames e indicação para tratamentos é a grande angústia para a maioria dos entrevistados e essas dificuldades são fatores que motivam os cidadãos a procurarem a rede privada.
Brechas assistenciais
Segundo Balestrin, presidente do SindHosp, a pesquisa mostra que existem brechas assistenciais importantes que precisam ser sanadas. “Importante repensar mecanismos de interação entre os sistemas público e privado com estímulos para uma maior integração e não replicação de estruturas, definindo de maneira mais clara e com incentivos estruturados o papel da saúde pública e privada para um melhor uso dos recursos disponíveis”.
“Importante repensar mecanismos de interação entre os sistemas público e privado com estímulos para uma maior integração e não replicação de estruturas, definindo de maneira mais clara e com incentivos estruturados o papel da saúde pública e privada para um melhor uso dos recursos disponíveis”.
O presidente compartilhou sua expectativa, como patrono do levantamento, de que todo o ecossistema da saúde e agentes políticos se unam em prol de resoluções e que possam garantir a sustentabilidade do SUS e do setor de saúde suplementar.
No fim do diálogo, o estudo foi entregue em mãos ao secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, e poderá servir como material de suporte para a implementação de medidas de conscientização, desenvolvimento de campanhas e para o aprimoramento da qualidade do atendimento à população.
O Mapa do Acesso da Saúde de São Paulo já está disponível para download, acesse aqui.