SindHosp recebe delegação britânica para discutir intercâmbios na saúde

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Em mais uma edição de seu WorkCafé, o SindHosp recebeu em sua sede uma delegação britânica de organizações e prestadores de serviços de saúde trazida pela equipe do governo do Reino Unido no Brasil para uma missão de intercâmbio comercial. Com mais de 75 anos de existência, o National Health System (NHS) britânico é um modelo integrado de cuidado focado no paciente, que inspirou o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, justamente por ser reconhecido como um dos melhores sistemas de saúde do mundo em termos de custo-benefício e acesso.

Saúde digital

O intercâmbio tem como objetivo facilitar a conexão de empresas britânicas com parceiros brasileiros interessados no potencial comercial de organizações ligadas ao NHS e empresas focadas em soluções de saúde digital. Os britânicos têm investido bastante em saúde digital, incluindo telemedicina, Inteligência Artificial (IA) e análise de dados, com soluções digitais e monitoramento remoto, implementados para os pacientes passarem menos tempo nos hospitais. O resultado são novos modelos de cuidado, IA para diagnóstico, terapias digitais e soluções de gerenciamento de saúde comportamental, com foco cada vez maior na prevenção, além de cirurgias robóticas, enfermarias virtuais, novos tratamentos genômicos e treinamento profissional com métodos inclusivos.

Participaram do WorkCafé sete organizações do Reino Unido. A NHS England, que trabalha com parceiros para planejar, educar e treinar uma força de trabalho internacional na área da saúde; a Alder Hey Children’s NHS Foundation Trust, que presta cuidados de saúde para mais de 400 mil jovens anualmente; o The South London and Maudsley NHS Foundation Trust, que oferece o maior programa de treinamento de psiquiatria na Europa e a segunda maior unidade de pesquisa em saúde mental do mundo; o Modality Partnership, que provê cuidados primários e comunitários do NHS, atendendo a mais de 8,5 milhões de cidadãos; o The Royal College of General Practitioners, que apoia a prática de cuidados primários por meio de treinamento, certificação, pesquisa e protocolos clínicos; a Spirit Health, que mantém a CliniTouch Vie, uma premiada plataforma de saúde digital, realizando monitoramento remoto de pacientes e permitindo aos profissionais de saúde transferirem com segurança os cuidados dos hospitais às casas; e a TPP, que é líder mundial em tecnologia de saúde, especializada em plataformas de prontuário eletrônico (EMR, da sigla em inglês) com computação em nuvem, e sistemas clínicos para diferentes cenários de cuidados.

SUS e NHS

O presidente do SindHosp/Fehoesp, Francisco Balestrin, deu as boas-vindas aos convidados e lembrou que o SUS é espelhado no NHS inglês. “O SUS oferece universalidade, integralidade, tudo 100% coberto. E é o maior do mundo, já que fazem parte dele 212 milhões de brasileiros”, enfatizou Balestrin. O cônsul-geral britânico em São Paulo, Jonathan Knott, que é também comissário de Comércio de Sua Majestade Real para América Latina e Caribe, defendeu a cooperação entre Brasil e Reino Unido. “Como já acontece entre AstraZeneca e Fiocruz”, lembrou o cônsul.  

20 milhões de prontuários

Abrindo os debates do WorkCafé, moderado pela consultora técnica do SindHosp Nathalia Nunes, o painel “Da consulta à casa: como a experiência britânica de Saúde Digital pode contribuir com as necessidades do mercado brasileiro?” reuniu Ashley Brook, diretor da TPP UK, e Nadine Miles, diretora de Desenvolvimento de Mercado da Spirit Health. “Temos uma plataforma digital completa de saúde: são 25 produtos diferentes, com dados em tempo real e disponíveis em locais remotos via dispositivos móveis, tudo via prontuários eletrônicos. Os usuários também podem subir dados off-line e o sistema é atualizado quando houver conexão com internet”, explicou Brook, da TPP UK, que gerencia 20 milhões de prontuários, cerca de um terço dos pacientes do NHS.

Informações na nuvem

Para Nadine Miles, da Spirit Healht, nada substitui a interação entre médico e paciente, mas a tecnologia pode facilitar o trabalho. “Temos um algoritmo que indica para o médico especialista quais dos pacientes vão necessitar de seu tempo valioso, e o especialista consegue manter contato via plataforma”, revelou Miles. “Não importa a via de comunicação, há a coleta dos dados, o algoritmo sistematiza os questionários, as informações ficam disponíveis na nuvem e o acesso ocorre em tempo real”.  

A segunda parte do evento teve o debate “A tecnologia em saúde – como o NHS está transformando o cuidado”, com participação de Mark Baumfield, líder global e diretor assistente do Royal College General Practitioners, Jose Mascarenhas, diretor de Vendas do South London and Maudsley NHS FT (The Maudsley), Rafael Guerrero, diretor do Alder Hey Children’s Hospital e Stephanie Dawe, parceira executiva da Modality Partnership.  

Teleatendimento

Mark Baumfield revelou que o Royal College General Practitioners é a maior faculdade de medicina do Reino Unido, com 55 mil membros, sendo cinco mil deles fora do país, e excelência na prática da medicina com clínicos gerais, os chamados médicos de família. Para ele, a digitalização é uma resposta aos desafios. “A pandemia mudou a forma como as pessoas se relacionam. Hoje, no Reino Unido, a maior parte do atendimento é feita on-line ou por telefone”, contou Baumfield.

Práticas padronizadas

Jose Mascarenhas, do South London and Maudsley NHS FT, explicou que o hospital Maudsley surgiu em 1247, mas, apesar de ser muito antigo, tem vocação para o pioneirismo. “Somos especializados em saúde mental e treinamos muita gente para que levem para seus países nossas práticas. Oferecemos treinamentos para profissionais de ambulância e polícia na abordagem de pessoas agressivas, por exemplo. Temos práticas padronizadas e reconhecidas”, destacou Mascarenhas.   

 

Criança saudável, adulto saudável

O cirurgião cardíaco infantil Rafael Guerrero, do Alder Hey Children’s Hospital, lembrou que o Brasil tem cerca de 63 milhões de pessoas abaixo de 18 anos de idade e que criança saudável significa adulto saudável. “Há muito o que se fazer na América Latina. Nossa experiência no atendimento de 300 mil crianças mostra que as instituições têm de ter foco na saúde mental no tratamento de outras doenças, porque lidar com qualquer doença nunca é fácil e requer atenção emocional”.

Cuidado primário

Por fim, a clínica geral Stephanie Dawe, da Modality Partnership, disse que não tem familiaridade com TI, mas reconhece a importância da tecnologia na saúde, principalmente no cuidado primário, em que os pacientes são usuários finais de aparelhos eletrônicos. “A pergunta que a gente se faz é: o que a gente consegue controlar para que a vida cotidiana melhore. Já sabemos que tarefas tediosas podem ser feitas por robôs, que não dormem nem precisam ir ao banheiro, e isso pode ser útil na saúde”, ponderou Dawe.

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