WorkCafé debate terapias avançadas na busca por um futuro mais sustentável

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O SindHosp em parceria com a Johnson & Johnson Innovative Medicine no Brasil realizou em sua sede, em São Paulo, mais uma edição do WorkCafé. Desta vez, com o tema “Diálogos para um futuro mais saudável”. Participaram do debate os convidados João Batista da Silva Junior, gestor da Gerência de Sangue, Tecidos, Células, Órgãos e Produtos de Terapias Avançadas (GSTCO) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); Renato Porto, presidente-executivo da Interfarma; e Manoela Albuquerque, editora de Saúde na MIT Technology Review Brasil. O evento teve mediação de Francisco Balestrin, presidente do SindHosp e da FESAÚDE-SP e vice-presidente da CNSaúde, e participação especial das diretoras da Johnson & Johnson Innovative Medicine no Brasil, Simone Forny e Gabriela Almeida.

Terapia com células CAR-T

Na abertura do WorkCafé, Francisco Balestrin lembrou que a parceria do SindHosp com a Johnson & Johnson vem de longa data. “Este é nosso terceiro evento juntos e o primeiro foi histórico, porque criou as bases para a produção da Proposta Saúde São Paulo 2022, uma publicação voltada aos então candidatos a governador do Estado”, destacou Balestrin.

Também na abertura, Simone Forny, diretora médica de Hematologia da Johnson & Johnson, falou sobre a importância de trazer temas sensíveis ao debate, como é o caso da aplicação de novas tecnologias na saúde. “Não podemos nos furtar dessa discussão. Estamos há mais de 90 anos no Brasil, procurando trazer soluções para pacientes que não têm opções de tratamento. Na hematologia, temos a questão do mieloma múltiplo, que, há 20 anos, significava hemodiálise e fratura óssea. Hoje, temos caminhos para garantir mais anos de vida com qualidade”, destacou Forny.
Segundo ela, uma das abordagens mais promissoras é a terapia com células CAR-T, uma modalidade da imunoterapia, que utiliza células de defesa geneticamente modificadas e reprogramadas em laboratório para combater o câncer. O tratamento é feito com dose única, por meio de infusão intravenosa. “É apenas um shot, de um supersoldado. Os pacientes sobrevivem, e com qualidade de vida. Mas é preciso responsabilidade. Não é para todo mundo. Depende do perfil do paciente e do caminho até se chegar ao tratamento, isso faz diferença”, ponderou Simone Forny.

Riscos e benefícios

O WorkCafé apresentou o painel “Terapias Inovadoras e Perspectivas Futuras”. O primeiro a falar foi João Batista, da Anvisa, que se pautou pelo tema “Segurança, eficácia e qualidade dos produtos de terapias avançadas: aspectos regulatórios”. Segundo ele, existem 45 estudos avaliados pela agência de produtos de terapias avançadas (PTA) desde 2018, sendo nove produtos registrados, média de dois por ano, o que representa muita coisa considerando todo o ciclo de investigação. “Estamos falando não só de transplante de células, mas de elaboração de células, isso é alta biotecnologia. E as pesquisas estão avançando, já temos biorreatores em animais vivos para criação de órgãos. O trabalho da agência é regular e fiscalizar tudo isso levando em conta os riscos e os benefícios”, pontuou Joaõ Batista.

Segundo o gerente da GSTCO, a Anvisa harmoniza com as agências reguladoras de países que têm concentração tecnológica, como Estados Unidos, Japão e muitas nações da Europa. “Somos líderes na questão regulatória entre os BRICS, tangenciando o acesso. Poucas agências no mundo regulam sangue, tecido, células e órgãos”.

Medicamentos biológicos 

Na sequência do painel, Renato Porto, da Interfarma, lembrou de Steve Jobs, que morreu por uma forma rara de câncer, um tumor do tipo neuroendócrino de pâncreas, e teria uma vida mais longa se fosse tratado com terapias avançadas de hoje. “Nosso desafio é ter uma população mais saudável e, como disse Steve Job, criatividade é conectar. Temos de focar no resultado, em mudar a vida das pessoas, e nos provocar a ter soluções não lineares. Quero que cada um na cadeia faça o melhor, seja disruptivo, e não se utilize para dificultar uma jornada de pesquisa e desenvolvimento que já é difícil. O desafio de inovar é gigantesco. Estamos falando de soluções altamente personalizadas, complexas, sem desperdício”, considera Porto.

“Qual o custo por não ter medicamento disponível? Não tratar adequadamente sete doenças representou um prejuízo de centenas de bilhões de reais. Ou seja, os tratamentos de alto custo, na verdade, não são alto custo, porque garantem um aprimoramento econômico do Estado”, revelou o presidente da Interfarma. “O futuro do mundo são os medicamentos biológicos, há uma mudança geracional em curso. Não vamos parar em soluções comuns, vamos ao limite, fazer o impossível para chegar ao possível, nenhum paciente pode ficar para trás”.

Doenças x tratamentos


Fechando o painel, a jornalista Manoela Albuquerque, da MIT Technology Review Brasil, tratou do futuro das terapias avançadas. “O ponto mais sensível dessa discussão cabe aos pacientes. É difícil para uma pessoa acompanhar o desenvolvimento de um medicamento para combater sua doença sabendo que a solução não vai chegar a tempo de beneficiá-la. Por outro lado, sabemos dos desafios de se lançar um produto, o que inclui dados clínicos, segurança e eficácia, valor e acesso. Estamos desenvolvendo um projeto que pretende mapear as dores comuns associadas às terapias avançadas, envolvendo desenvolvedores, prescritores e pagadores. Temos seis indústrias desenvolvedoras participando do projeto”, revelou Albuquerque, que também destacou esta frase de Miguel Forte, presidente da International Society for Cell & Gene Therapy (ISCT), dada durante uma entrevista a ela: “As doenças têm uma distribuição global, e a capacidade de as tratar não tem. Mas eu julgo que vários exemplos – e o Brasil vem sendo um deles – mostram que isso é possível, e é nesse sentido que o desenvolvimento desses produtos caminha”.

Encerrando o evento, Gabriela Almeida, diretora de Acesso e Estratégia da Johnson & Johnson Innovative Medicine no Brasil, fez as considerações finais. “Espero que esse evento tenha sido um marco na busca por soluções em relação a terapias avançadas, com um ambiente regulatória bem estabelecido, caminhos para que a lei seja cumprida e pacientes tenham acesso, mas o paciente certo, na hora certa. Precisamos de mais conversas complexas com foco em salvar vidas”, atentou Almeida.

“Pesquisamos mais de 10 mil moléculas para conseguir colocar uma no mercado, e ainda tem a educação médica. O ciclo de inovação é caro. E hoje temos o tratamento com CAR-T cell, devidamente estabelecido em centros de referência, submetido a decisões coletivas. Ou seja, a tecnologia tem eficácia, transforma vidas, mas os pacientes não conseguem acesso, a não ser por via judicial, muitas vezes depois do momento certo para receber. Precisamos de modelos de parcerias para facilitar o acesso, um sistema mais resiliente e sustentável”.

 

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