18 de maio de 2015

40 hospitais aderem ao projeto em prol do parto normal

Reduzir a ocorrência de cesarianas desnecessárias que acabam encarecendo o sistema de saúde é o que visa o projeto Parto Adequado, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em parceria com o Hospital Albert Einstein. Com apoio também do Ministério da Saúde e Institute for Healthcare Improvement (IHI), 40 instituições privadas e públicas assinaram termos de compromisso em 8 de maio.
 
De acordo com a diretora-presidente substituta da ANS, Martha Oliveira, a iniciativa vai contribuir para mudar o modelo de atenção ao parto e nascimento realizado hoje.
 
A partir de agora, os hospitais participarão de sessões de aprendizagem e treinamentos práticos, incluindo o contato com outros hospitais que já desenvolveram experiências similares. Os participantes vão colaborar para o desenvolvimento de três modelos assistenciais, a serem customizados e testados com o Albert Einstein, o IHI e a ANS. De acordo com comunicado da ANS, está prevista a criação de manuais contendo a metodologia desenvolvida e as recomendações decorrentes dos resultados observados.
 
A seleção obedeceu a critérios técnicos, como quantidade de partos e percentual de cesarianas realizados por ano. Devido ao grande número de interessados, os candidatos foram organizados em dois grupos: os hospitais-piloto, que estarão em contato mais direto com a equipe do projeto, e os hospitais seguidores, que terão acesso aos materiais dos debates e treinamentos por intermédio da ANS.
 
Cenário 
 
As altas taxas de cesáreas verificadas no país – 84% na saúde suplementar e 40% no sistema público – são motivo de preocupação do governo brasileiro. Quando não há indicação clínica, a cesariana ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade.
 
Além dessa medida, em julho entrará em vigor a Resolução Normativa nº 368, com ações que garantem o acesso de beneficiárias de planos de saúde aos percentuais de cirurgias cesáreas (por operadora, por hospital e por médico) e a utilização do partograma e do cartão da gestante. A ANS informou ainda que a outra ação em andamento é a participação no grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Saúde para o desenvolvimento de diretrizes clínicas para o parto, que resultou em consulta pública promovida pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC).

Implementação do “Fator de Qualidade” como RN é questionado

Leia a íntegra do posicionamento da Associação Médica Brasileira (AMB):

"Na última semana, durante a primeira reunião do Grupo de Trabalho referente à regulamentação do Fator de Qualidade para prestadores de Serviços Hospitalares e de Serviço Auxiliar Diagnóstico e Terapia (SADT), previsto na Resolução Normativa nº 364/14 da Lei 13003, a Associação Médica Brasileira (AMB) mais uma vez questionou o uso do Fator de Qualidade (FQ) como critério para aplicação do índice de reajuste nos contratos entre operadoras e prestadores de serviços, proposto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

 
Na prática, serão três formas de reajuste: aos que tiverem “acreditação plena”, ou seja, aqueles que dentro dos critérios adotados pela agência forem bem avaliados, o reajuste será de 100% com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA); aos que não tiverem desempenho satisfatório, o valor será igual a 90% do IPCA; por fim, os que não que não tiverem mecanismos de medição ou controle, receberão 80% do mesmo índice.
 
Na visão da AMB, este tipo de proposta não leva em consideração uma série de fatores que fazem parte da relação de atendimento médico. “Em uma sociedade assimétrica como a nossa temos, por exemplo, muita desigualdade na qualidade de ensino, além de uma estrutura de trabalho que não é igual para todos os profissionais da saúde, ambas obrigações do Estado, entendemos que variáveis como estas podem fazem com que os critérios defendidos pela ANS sejam injustos”, argumenta o diretor de Defesa Profissional da AMB, Dr. Emílio Zilli.
 
A AMB é favorável à valorização dos profissionais que tiverem as melhores práticas médicas, mas acredita que se não houver uma remuneração compatível, para que profissionais possam exercer de forma digna e soberana suas obrigações éticas e constitucionais, os atendimentos na saúde suplementar podem privilegiar o lucro e o mercantilismo na assistência aos pacientes. “Não podemos aceitar ter uma remuneração abaixo do índice IPCA para qualquer profissional, pois a longo prazo essa medida trará a alguns profissionais uma defasagem enorme”, comenta Zilli.
 
Vigência
 
Em caso de vigência da Resolução Normativa n 364/14, o prazo para adaptação dos profissionais de saúde será de dois anos (serviços ambulatoriais), enquanto os demais estabelecimentos de saúde um ano (serviços hospitalares e SADT).
 
Diálogo
 
Embora repudie formalmente a proposta da ANS, a AMB mantém aberto o canal de diálogo e do entendimento com agência, visando o digno exercício dos profissionais da saúde, assim como o melhor atendimento possível aos cerca de 50 milhões de pacientes que são usuários dos serviços de saúde suplementar no Brasil."
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