26 de janeiro de 2017

Por uma guinada no setor da saúde

Por Yussif Ali Mere Jr, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo de 26 de janeiro de 2017.

Há anos a saúde figura como uma das principais preocupações dos brasileiros.
 
Assistimos diariamente aos desmandos na saúde pública: filas intermináveis para consultas e exames, estabelecimentos em situações precárias de atendimento, falta de profissionais, medicamentos e materiais, enfim, um quadro de total desassistência. Esse cenário, infelizmente, vem se agravando.
 
Saúde é um setor que está direta e principalmente ligado à economia, à educação e ao saneamento básico. Um povo mais educado, cidades com bom tratamento de água e esgoto e um orçamento compatível para prevenção, promoção e assistência elevam os indicadores sociais. Mas, afinal, a falta de recursos é a responsável pela atual situação da nossa saúde?
 
Alguns defendem a tese de que, no Brasil, o setor não carece de mais verbas, mas, sim, de melhor gestão. Para fugir desse debate, que não leva a novos horizontes, é premente assumir que a nossa saúde tem deficiência de recursos financeiros, sim, mas também poderia produzir mais com o que hoje lhe é destinado.
 
O Brasil é o oitavo maior mercado de saúde no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O País movimenta anualmente cerca de R$ 550 bilhões, incluindo investimentos públicos, do mercado de planos e seguros de saúde e o gasto direto das famílias. São quase 10% do produto interno bruto (PIB), que totalizou R$ 5,9 trilhões em 2015 (o do ano passado ainda não foi divulgado, mas será menor). É um montante considerável. Porém, se pegarmos apenas o investimento público, veremos que ele responde por 47% do total de recursos e atende a mais de 75% da população (151 milhões de brasileiros). O que os cidadãos custeiam diretamente somado ao investimento do mercado de planos de saúde – que sente os reflexos da crise e perdeu 1,2 milhão de vidas de janeiro a novembro do ano passado – responde por 53% do total de gastos, lembrando que “apenas” 24,78% das pessoas têm algum tipo de plano de saúde. Num país que constitucionalmente coloca a saúde como “direito de todos e dever do Estado” e se propõe a assegurar universalidade, integralidade e equidade a seus cidadãos, esses dados mostram a discrepância entre a realidade orçamentária e o que o Sistema Único de Saúde (SUS) deveria entregar.
 
É fato também que há desperdício. Não há dados nacionais, mas relatório da OMS intitulado O Financiamento da Cobertura Universal afirma que entre 20% e 40% de todos os gastos em saúde são desperdiçados por ineficiência. Se o Brasil movimenta cerca de R$ 550 bilhões por ano e se hipoteticamente perdermos 30% disso para a ineficiência, estamos falando de aproximadamente R$ 165 bilhões anuais que estão indo para o ralo, num país que atravessa séria crise econômica e retração dos investimentos. Esse montante perdido para o desperdício, aliás, é bem superior ao teto do orçamento aprovado para o Ministério da Saúde este ano, de R$ 125 bilhões.
 
Para pôr esse setor tão complexo nos trilhos da sustentabilidade é necessário enfrentar com coragem vários desafios, que vão da reforma do Estado à rediscussão sobre a viabilidade da integralidade no SUS, à necessidade de introduzir redes integradas e continuadas de assistência, à introdução de tecnologias de informação, e por aí afora. Há, porém, um tema capaz de garantir eficiência e eficácia ao sistema de saúde e que tem sido pouco explorado: a deficitária formação dos profissionais da cadeia produtiva da saúde, que não contempla diretrizes de atuação no SUS e no setor privado. Eles chegam ao mercado sem conhecimento das políticas públicas e sem noções de gerenciamento e gestão. Algumas grades curriculares têm disciplinas que tratam de sociedade e cidadania, saúde pública, saúde coletiva, comportamento e até de gestão, mas todas muito direcionadas ao exercício específico da profissão. Isso faz com que profissionais de diferentes áreas da saúde façam a “gestão” do seu próprio trabalho, de forma individualizada, quando todos deveriam estar focados na gestão da integralidade da assistência. Essa mudança de pensamento e comportamento precisa começar na universidade. E a tarefa é árdua.
 
Dados mais recentes do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mostram a complexidade na gestão dos recursos humanos da saúde. São 2.580.985 profissionais cadastrados. Esse universo é formado por nada menos que 364 diferentes ocupações, seguindo os critérios da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Pouco mais de 1 milhão de profissionais (39,1% do total) têm nível superior. São médicos de várias especialidades, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e odontólogos, entre outros. Os técnicos representam 29,4% do total dos recursos humanos, ou 759.239 pessoas.
 
Para melhorar a qualidade da assistência, principalmente a que o usuário percebe como valor, é necessário que essa equipe multiprofissional trabalhe integrada, seja dentro da mesma organização ou no âmbito do sistema de saúde. Para que isso seja feito, as atribuições técnicas de cada profissão precisam ser extrapoladas. Isso vale também – ou principalmente – para os médicos. Além do funcionamento do mercado, os profissionais precisam conhecer os protocolos da organização em que atuam, ser incentivados a alcançar metas e se sentirem parte de uma rede de relações que tem como foco principal o bem-estar do paciente e a qualidade assistencial. Certamente isso ajudaria, e muito, também no combate ao desperdício.
 
Mudanças estruturais importantes, necessárias ao sistema de saúde brasileiro, só se vão concretizar com o envolvimento de todos. Novas abordagens na formação dos profissionais da saúde são importantes para que o mercado se possa reorganizar e inovar. Mais que de bons profissionais, precisamos formar cabeças capazes de promover mudanças.

Febre amarela pode virar epidemia urbana

A equipe da Fehoesp conversou com o infectologista Roberto Focaccia para entender melhor a epidemia de febre amarela no país, e ajudar a esclarecer as dúvidas da população e dos próprios serviços de saúde, que começam a ser procurados por conta da vacina.

A iniciativa faz parte da campanha deflagrada ano passado contra a chamada tríplice epidemia (dengue, zika e chikungunya). Confira:

Já falamos sobre a tríplice epidemia do Aedes aegypti. Como o senhor analisa agora a febre amarela no país?
Trata-se da quarta epidemia ou surto no país. Tecnicamente é uma epidemia porque são números de casos não esperados. Mas o número ainda é pequeno. São poucos. Mas que coloca em alerta toda a vigilância sanitária.

Existe risco concreto de que o vírus silvestre da febre amarela se torne urbano, atacando cidades?
O risco existe porque as cidades incharam, cresceram e se aproximaram da zona de mata e de florestas. E por meio do vetor, o mosquito Aedes aegypti, pode sim ocorrer uma epidemia urbana.

E por que ainda o vírus não se tornou urbano?
Os próprios cientistas estão tentando entender. Talvez o Aedes aegypti não seja um vetor tão capacitado para a febre amarela e o número de casos é pequeno ainda. Mas o perigo existe.

Por que a febre voltou?
As políticas preventivas do poder público são falhas. Não se vacinou adequadamente as populações de risco. E também há graves falhas no controle de viajantes.  A mobilidade da população dentro e fora do país leva as arboviroses rapidamente para várias regiões. É clara a deficiência das autoridades sanitárias no controle dos viajantes. O controle dessas populações que se mobilizam prá lá e prá cá, tanto interna como externamente, merecem do governo uma atenção especial. já que eles são os grandes disseminadores da febre amarela. O governo deve manter uma atenção toda especial nas rodoviárias, nos aeroportos, nos terminais de ônibus para que as pessoas sejam vacinadas antes de viajar. O ideal é que vacinem 10 dias antes para ter uma proteção total. Mas se isso não é possível, no momento que iniciar a viagem tome a vacina e por pelo menos 7 a 10 dias essa pessoa use repelentes e evite entrar em matas, principalmente de manhã cedo ou a noite, quando o número de mosquitos é maior. E para as pessoas que vêm de fora, de regiões infestadas como Angola, que o governo seja rigoroso, exigindo o certificado de vacinação ao adentrarem no Brasil.

E o que deve ser feito agora?
O foco principal é combater o mosquito Aedes aegypti nas grandes cidades. Ele pode ser o vetor de mais de 200 vírus. Tem que haver cobertura de proteção em torno das cidades. Populações têm que ser vacinadas, especialmente aquelas que vivem na periferia, no entorno das florestas e os viajantes. Mas o grande problema do Brasil é a falta de um grande saneamento básico, falta de esgoto e água tratada e uma educação de saúde pública precária. Tudo isso induz ao desenvolvimento de vetores.

E quem deve tomar a vacina?
A vacinação em massa tem seus riscos porque é uma vacina que pode dar efeitos colaterais. A vacina está destinada às populações que vivem nas cercanias de onde ocorreram casos confirmados de febre amarela. Quem vai viajar para regiões que sabidamente tem febre amarela deve se vacinar dez dias antes da viagem.  A vacina tem 95% de eficiência e não pode ser aplicada em gestantes, crianças menores de 6 meses e indivíduos imunossuprimidos. Como a vacina é um vírus vivo atenuado pode causar efeitos colaterais severos. Uma em cada 300 mil pessoas desenvolve efeito colateral importante e um em 1 milhão pode morrer de febre amarela pela vacina. A OMS recomenda tomar a vacina uma vez na vida enquanto o Ministério da Saúde do Brasil recomenda duas vacinas com intervalo mínimo de 5 anos.  Nunca se deve tomar essa vacina em duas doses seguidas. E por se tratar de uma vacina com vírus vivo, tenho receio de vacinações em massa.

A vacina tem estado em falta…
As autoridades sanitárias deveriam ter planejado melhor uma cobertura vacinal em torno das cidades. Eu tenho receio de vacinações em massa com a população em pânico.  Mas além da falta de vacinas, não temos também número suficiente de testes de febre amarela. Os testes são importantes porque pode-se confundir clinicamente a febre amarela com outras doenças como dengue, zika ou chikungunya. O teste sorológico não é 100% específico. Pode dar como resultado um falso negativo ou um falso positivo. Mas há um teste mais específico de pesquisa de imunoglobulina.

Como os serviços de saúde podem identificar e diagnosticar a febre amarela?
Clinicamente, as quatro doenças transmitidas por arbovírus , quando brandas, possuem sintomas semelhantes como dor de cabeça, vômitos, dores pelo corpo, um quadro enfim, muito inespecífico. Isso pode confundir o colega. O melhor nesses casos é pedir o exame específico para a suspeita que o médico tem. Na evolução, pode haver comprometimento do fígado, do rim, ocorrer hemorragias. O paciente fica ictérico, amarelado, daí o nome febre amarela. E para o tratamento não há medicação específica. Os cuidados são de UTI e os casos graves têm alta letalidade.

E como o senhor avalia a evolução dessas quatro arboviroses no país?
Acho imprevisível. Não sabemos ao certo como vão evoluir. Mas nossos gestores de saúde devem estar atentos para a vacinação de proteção em torno das áreas infectadas, distribuição de testes em todo o país, política de vacinação de forma a cercar os viajantes, informar a população para que ao adentrar em matas e florestas utilizem também repelentes. Agora não sei se teremos vacinas suficientes porque a produção da Fiocruz é limitada.

 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa FEHOESP
 

Guia de orientações para o planejamento financeiro das empresas

Os problemas com planejamento e controle financeiro estão entre os principais fatores que levam pequenas e médias empresas, a fechar suas portas. Por isso, a Associação Comercial de São Paulo – ACSP lançou um  guia de orientações para que o empreendedor possa traçar uma estratégia financeira eficiente para levá-lo a melhores resultados. São sete, os cuidados básicos:

1- Tenha profissionais capacitados na área

Não importa se o profissional especializado na área financeira é um funcionário direto da empresa ou se o serviço é prestado em forma de uma assessoria externa.

O essencial é ter o apoio de alguém que realmente entenda bem do assunto no momento de iniciar o planejamento estratégico financeiro da empresa.

O ideal é que a equipe envolvida tenha domínio da contabilidade e demonstrações financeiras e até mesmo que consiga visualizar possibilidades de futuros investimentos que tragam retorno positivo para as finanças do negócio.

2- Organize todas as informações

Antes de começar a definir uma estratégia financeira, primeiro é preciso ter disponível todas as informações e dados da empresa de forma organizada.

Sem os números exatos na mão, o planejamento financeiro pode ficar completamente inconsistente e não vai refletir a verdadeira realidade do negócio.

Com as informações organizadas, os gestores podem planejar adequadamente e inclusive tomar decisões com mais agilidade. E isso pode fazer a diferença entre ganhar ou perder dinheiro.

Como já falamos nos sinais que mostram a necessidade de ajuda para o planejamento financeiro da sua empresa, um sistema de gestão pode ser fundamental para organizar todas essas informações e integrar todos os dados.

3 – Analise diversos relatórios

Um sistema eficiente pode garantir a emissão de diversos relatórios que vão servir de base para a definição da futura estratégia financeira.

Entre esses documentos, podemos destacar:

– Relatório de Faturamento: mostra o faturamento por mês para que se identifique os períodos de aumento ou queda de vendas.

– Relatório da curva ABC: classifica os produtos mais vendidos e/ou clientes mais representativos da empresa.

– Controle de fluxo de caixa: mostra em detalhes todos os lançamentos financeiros, de entradas e saídas.

– Contas a pagar e a receber: exibe todos os t&iacut

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