Como será o futuro dos hospitais?

A jornalista Natalia Cuminale, CEO e Diretora de Conteúdo da startup de jornalismo Futuro da Saúde conversou com Francisco Balestrin, presidente do SindHosp e do CBEXs, sobre as tendências e o futuro dos hospitais.

Durante entrevista, Balestrin abordou pautas de grande destaque no setor, compartilhando suas impressões à frente de duas grandes instituições de saúde e experiências, em mais de 40 anos de atuação.

A premissa de que os hospitais do futuro serão hubs de saúde, a necessidade de fortalecimento da promoção à saúde, conscientizando a população, e ainda aspectos da formação dos profissionais da área foram pautas do diálogo.

Os hospitais do futuro

Logo no início do vídeo, Natália traz para a discussão o trecho de um relatório da McKinsey que diz o seguinte: ao combinar a telemedicina com a adaptação do ambiente domiciliar, conforme as necessidades do paciente, o cuidado será centralizado em casa e não mais no hospital. E em seguida questiona como Balestrin enxerga o futuro dos hospitais.

Em resposta, o executivo disse que além da colocação feita pela McKinsey, um dos estudos mais importantes sobre o tema foi realizado em Barcelona, onde se definiu 14 itens específicos de como seria o futuro do hospital e o hospital do futuro.

“Entre outras coisas, coloca-se também que nesse mundo de saúde digital, é claro que você vai ter esses instrumentais todos, e poder aumentar o acesso do cidadão, sem que necessariamente ele precise se dirigir às instituições de saúde. Mas, além disso, há o fato de que esses atendimentos não precisarão acontecer em instituições de referências.

Os centros de referência serão hubs, que terão ligados a eles um conjunto grande de instituições de menor complexidade e, ligadas a essas, outras instituições de atendimento mais primário.

Isso tudo porque, no fundo, o hospital funcionará dentro de uma rede assistencial. Será impossível encontrar instituições como temos hoje no nosso país, por exemplo, absolutamente isoladas. Isso não há de acontecer”.

Sendo assim, segundo o expert, o espaço físico perderá o protagonismo no trajeto do paciente nos cuidados com a saúde, a rede assistencial é que vai importar. E todas essas mudanças englobam a valorização e evidenciação de um time assistencial.

“O médico trabalha hoje muito em cima da doença. Nós precisamos atuar em cima do chamado time da saúde. E os novos hospitais vão fazer parte exatamente disso, dessas redes de saúde”.

Tão logo, entende-se que, no futuro, a instituição de saúde fará parte da vida do cidadão e os profissionais de saúde terão suas rotinas transformadas com as mudanças nas operações do dia a dia, especialmente as ligadas à tecnologia. Teremos então profissionais de saúde mais valorizados e familiarizados com o trabalho em time.

É necessário avaliar o médico

Em sequência, Balestrin recordou a evolução das tecnologias para a saúde nos últimos anos e o quanto avançamos no desenho de profissionalização do mercado, mas em paralelo apontou também os problemas com as estruturas de formação que surgiram concomitantemente.

“Muitas escolas de medicina não tem o que é necessário pra formar o médico, e estamos formando mais de 50 mil médicos por ano. É importante avaliar de tempos em tempos a formação do médico, porém não vejo essa discussão acontecendo na sociedade”.

Para Balestrin, quando o assunto é formação de médicos, mais do que quantidade, é preciso se preocupar com a qualidade do profissional. Ele defende que, de tempos em tempos, essa qualidade seja checada.

“Tenho 40 anos de formado. Nunca, depois que eu me formei, eu fiz alguma avaliação.
É importante que tenhamos uma avaliação da formação do profissional médico durante a sua escola. Que a cada 2, 3 anos ele seja submetido a uma prova. Ao final do curso, ele tem que ser submetido a uma prova de proficiência para provar que ele aprendeu medicina” enfatizou.

A importância da acreditação

Em continuidade, Balestrin apontou a saúde digital como um dos principais recursos da saúde hoje, capaz de expandir o acesso, otimizar processos e impactar na diminuição e gestão de filas, entretanto, para ele, há um fator essencial que não pode ser negligenciado: a qualidade. Partindo do ponto de vista que o acesso se torna em vão, se não houver qualidade, certificação e acreditação na área da saúde.

“Nos Estados Unidos, 90% dos hospitais são certificados, acreditados, já no Brasil, da média de 6.200 hospitais, apenas 400 possuem acreditação. O cidadão brasileiro precisa começar a cobrar isso no seu dia a dia.” Clique aqui para assistir à íntegra da entrevista.

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