A Associação Paulista de Medicina (APM) apresentou, em 1º de outubro, pesquisa encomendada ao Instituto DataFolha sobre a opinião dos usuários da saúde suplementar. A iniciativa já foi realizada em 2013 e 2014.
No total, 84% dos pacientes de planos de saúde relataram problemas com os serviços. O percental ultrapassa os levantamentos anteriores, que apresentaram 79% e 77%, respectivamente em 2013 e 2014. No caso dos prontos-socorros, 80% dos pacientes relataram dificuldades, entre elas: lotação do local de espera (73%), demora para ser atendido (61%), demora ou negativa para realização de exames e procedimentos necessários (34%), demora ou negativa de transferência para leitos hospitalares (12%) e negativa de atendimento (11%).
Para o presidente da APM, Florisval Meinão, a superlotação nos hospitais é "inaceitável" e demonstra falta de leitos. "Hoje, quem for a um hospital vai se deparar com demoras excessivas, o que é absolutamente inaceitável", afirmou, em uma crítica à falta de maior estrutura de atendimento contratada pelos planos de saúde.
Ainda 69% apontaram que um dos principais problemas é a demora para marcar a consulta médica, mesmo argumento usado pelos 58% dos entrevistados que reclamaram sobre exames diagnósticos.
Para o diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury, a demora para se conseguir uma consulta médica gera uma grave distorção: "Pais, por exemplo, estão levando seus filhos no pronto-socorro para fazerem consultas de rotina. Tem gente que vai de madrugada fazer consulta de rotina. Pela dificuldade de marcar consultas, ou pela falta de clínicos nos prontos-socorros e hospitais, as pessoas ficam sem atendimento médico. Isso afeta os adultos e também as crianças, dando margem a um aumento de morbidade. No futuro, teremos adultos doentes", ressaltou.
"A grande verdade é que muitos desses pacientes migram para médicos particulares ou para o SUS", disse Florival Meinão. Segundo a pesquisa APM/Datafolha, 20% dos entrevistados declararam que recorreram ao Sistema Único de Saúde por falta de opções de atendimento no plano de saúde. Em 2013, esse percentual era de 22% e em 2012, de 15%.
Para a elaboração da pesquisa, foram realizadas 437 entrevistas na região metropolitana de São Paulo e 463 no interior do estado, com pessoas acima dos 18 anos que utilizaram planos de saúde nos últimos 24 meses. Desse total, 42% são beneficiados, 88% já fizeram uso e 77% enfrentaram algum tipo de dificuldade.
Também participaram da entrevista coletiva à imprensa o ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), João Ladislau Rosa, o secretário de Relações Sindicais e Associativas do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Otelo Chino Júnior, e o delegado da APM, José Carlos Machado Campos.