O jornal Folha de S. Paulo destacou o Projeto Bússola, que auxilia clínicas de serviços de saúde a obter certificados de qualidade, em sua edição de 15 de agosto. O projeto, idealizado pela FEHOESP e pelo SINDHOSP, com desenvolvimento pelo IEPAS, foi criado para atender a necessidade desse mercado, que tinha dificuldades para obter certificação.
Em parceria com a Organização Nacional de Acreditação (ONA), a primeira edição do programa foi realizada ao longo de 2014, com a participação de oito clínicas. Destas, seis já fora creditadas.
Leia na íntegra:
Redução de falhas passa por higiene básica e formação
Profissionais de saúde dizem que até medidas simples, como lavar as mãos, ajudam a atenuar erros médicos
Para minimizar os erros que deixam sequelas em pacientes, profissionais da área defendem medidas que incluem ações básicas de higiene, avaliação de estudantes de medicina e certificações e protocolos comparados aos de pilotos de avião.
Segundo Aline Yuri Chibana, presidente da Fundação para Segurança do Paciente, erros médicos costumam ser resultado de várias falhas no atendimento médico. “A acreditação das instituições e a adoção de checklists melhoram os processos nos hospitais. É preciso trabalhar mais a cultura de segurança e sair da cultura punitiva.”
Como exemplo, ela cita um simples lavar de mãos, não apenas da equipe médica, mas mesmo de visitantes, ou a identificação de pacientes, para evitar, por exemplo, a troca de medicamentos.
“São medidas extremamente simples, mas de grande impacto”, diz Chibana, que é diretora de qualidade do hospital A. C. Camargo.
A Fehoesp (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) tem trabalhado para capacitar os estabelecimentos a obter um selo de qualidade da ONA (Organização Nacional de Acreditação). Para conseguir a certificação, os estabelecimentos têm que adotar uma série de protocolos de gestão de qualidade.
Para Yussif Ali Mere Júnior, presidente da Fehoesp, tratase de processo semelhante ao adotado por pilotos de avião. “Antes de fazer a decolagem o piloto checa e recheca tudo. Se tiver algo falhando, você sabe qual é o risco.”
Em 2013, a Anvisa publicou uma resolução determinando que todos os serviços de saúde no país estabelecessem núcleos de segurança do paciente, com planos que determinassem ações de gestão de risco. Foram estipulados quatro meses para que todos os 8.500 estabelecimentos cadastrados se adequassem. Até julho, apenas 1.277 haviam criado seus núcleos.
Tanto Chibana quanto Ali Mere concordam que uma avaliação dos recém-formados em medicina ajudaria a evitar erros. “Mas deve ir muito além do que se faz na OAB. Não pode ser um exame só escrito, tem que ser prático”, diz Ali Mere. Proposta do tipo chegou a ser feita pelo Ministério da Educação, mas está sendo revista na gestão Temer (PMDB). (PAULO GOMES)