As perspectivas e os desafios da saúde suplementar para que o setor possa ofertar serviços de qualidade foram discutidos no 20° Congresso Abramge e 11° Congresso Sinog, nos dias 27 e 28 e agosto, no Hotel Renaissance, na capital paulista.
O presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, o diretor das duas entidades, Luiz Fernando Ferrari Neto, e o presidente do IEPAS, José Carlos Barbério, participam do evento.
Na abertura dos congressos, o secretário-geral da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) e presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo, Reinaldo Scheibe, e o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo, Geraldo Lima, deram as boas-vindas aos cerca de 300, representantes de operadoras médicas e odontológicas e demais modalidades que completam a cadeia de saúde suplementar. ”O segmento caracteriza-se por incorporar vários elos dentro de uma extensa cadeia produtiva; responde por 10% do PIB; vem evoluindo e deve se reconhecer e ser reconhecido como uma plataforma de desenvolvimento social e econômico no país. A integração dos elos e com o setor público deve ajudar a responder com urgência quais as perspectivas e desafios para que tenhamos um a saúde de qualidade para todos? Acredito que este evento é uma grande oportunidade para buscarmos essas dessas respostas”, afirmou Scheibe.
A conferência magna, sobre o cenário político, foi feita pelo cineasta e comentarista da TV Globo, Arnaldo Jabor. Na palestra, ele falou sobre o panorama da atual conjuntura política do país e quais as são possibilidades futuras. Otimista, Jabor disse acreditar que com as recentes prisões de políticos e empreiteiros envolvidos com o mensalão e os desvios da Petrobrás – investigados pela operação Lava Jato da Polícia Federal –, “o Brasil está passando por uma mutação histórica extremamente importante, para melhor, com o surgimento de uma nova cidadania”.
Na sequência, a palestra OPME – Panorama Atual e Perspectivas, exposta diretor da Abramge, Pedro Ramos, contou com balanço das ações iniciadas em reunião realizada na sede da entidade em julho de 2014, onde se decidiu em reunião com diversas entidades da saúde suplementar, que era preciso atuar contra a máfia das próteses que lesa os sistemas público e privado de saúde. Entre os resultados apresentados estão mais de duas horas de exibição de notícias televisivas de âmbito nacional, mas de 300 notícias (entre impressas e online), a criação de três Comissões de Parlamentar de Inquérito (CPIs) – na Câmara dos Deputados, Senado Federal e Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul -, elaboração de diversos projetos de leis (PLs) – com destaque para o de criminalização de condutas da máfia das próteses, como superfaturamento e indicação de cirurgias desnecessárias –, e as prisões ocorridas em Montes Claros, Minas Gerais.
Os desafios da saúde suplementar foram discutidos em um talk show com representantes do mercado, operadoras e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Albucacis de Castro Pereira, representante da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), fez uma exposição sobre as dificuldades encontradas pelos comerciantes em continuarem pagando a crescente conta decorrida dos planos de saúde, que atualmente alcançam entre 13% e 15% das despesas empresariais. Ele acredita que é preciso alterar o modelo de remuneração dos prestadores acomodados em receber sem demonstrar qualitativamente as vantagens de seus serviços, avaliar melhor a incorporação de novas tecnologias que corroboram para o aumento dos custos.
Reinaldo Scheibe e Geraldo Lima comentaram que as operadoras também estão preocupadas com os custos administrativos, mas também com os altos valores das multas aplicadas pelo órgão regulador e a grande demanda gerada pela ininterrupta regulamentação do setor.
O diretor-presidente da ANS, José Carlos Abrahão, assegurou que a agência está preocupada com a condição, principalmente dos consumidores, mas sem esquecer de prestar a devida atenção aos demais envolvidos do segmento de saúde suplementar. Afirmou que o setor precisa urgentemente sentar para discutir um novo modelo de remuneração, pois “do jeito que está não dá mais”. E avisou que se o setor não se acertar, o órgão regulador irá interferir nesta negociação. "O foco é melhorar o atendimento do consumidor."
Encerrando o primeiro dia dos congressos, o filósofo, escritor e ensaísta Luiz Felipe Pondé, fez uma excelente palestra sobre o cenário social brasileiro e disse que, há quatro ou cinco anos, o país tem passado por importante transição democrática com o apoio de pessoas jovens, que possuem uma mentalidade mais liberal, aberta a novos conhecimentos e experiências; e encerrou: "Uma democracia é feita por pessoas, mas garantida por instituições".
Abrindo os trabalhos no segundo dia do evento, a desembargadora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Deborah Ciocci, falou sobre o impacto da judicialização e a importância da especialização dos magistrados em determinados tema, como é o caso da saúde, para possibilitarem a criação de varas com temas específicos para agilizar processos.
Na conferência de encerramento, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não demonstrou otimismo ao falar sobre o cenário econômico do país. Por meio de dados compilados, demonstrou possíveis projeções econômicas brasileiras – pessimista, básica e otimista.
Informou que, no curto prazo, há vários problemas conjunturais. É necessário reduzir a inflação, ajustar o setor externo, aumentar o superávit fiscal. Nas projeções, apresentou, dentro de um cenário econômico otimista, que uma melhoria no ambiente de negócios, tornando os investimentos mais atraentes, pode fazer o Brasil crescer mais do 4% ao ano, mas deixou claro que em 2015 a recessão será elevada, com a inflação próxima a 6,5%. “O fato é que a perspectiva para 2017 é de melhora. Dependerá somente do cenário que será alcançado.”