Para encerrar as atividades do ano de 2015, a FEHEOSP, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Implantes (Abraidi), Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (Sbac) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), realizaram o evento Pró-Saúde 2016/Fechando 2015, em 3 de dezembro, na sede do Grupo Fleury, em São Paulo. O encontro contou com a presença de líderes do setor saúde, do economista Eduardo Gianetti da Fonseca e da jornalista da GloboNews Cristina Lôbo.
De acordo com Gianetti, que fez uma análise sobre a conjuntura econômica do país, o quadro atual da economia é preocupante. “Até 2005, o Brasil tinha superávit nas contas externas. Hoje, os investimentos no Brasil também vêm caindo e os juros crescendo. Isso tudo complica muito o quadro fiscal que é onde, talvez, esteja alojado o principal problema da economia brasileira.”
Isso mostra, segundo o especialista, que o governo da presidente Dilma só agravou o que já não estava bom. Na área fiscal, o economista citou a carga tributária de 24%, em 1988, ano que começou o Plano Real. “De lá para cá, este número subiu para 36%, sendo que 45% da renda nacional é do setor público. O Estado brasileiro investe apenas 2% do PIB, em média, isto é, a nossa capacidade de investimentos está reprimida, e o governo gasta mais do que arrecada. O Estado brasileiro não cabe no seu PIB”, destacou.
Do ponto de vista político, o economista apontou o Presidencialismo de Coalizão como a principal causa da derrocada brasileira. Segundo ele, o país não tem estrutura partidária e os políticos fazem concessões com o que há de pior para aprovar medidas no Congresso Nacional. “Dilma loteou 39 ministérios entre dez partidos. O PMDB adota o modelo da relação entre parasita e hospedeiro. Os partidos viraram agremiações. Esse sistema de Presidencialismo de Coalizão faliu.”
Para 2016, Gianetti indicou dois prováveis caminhos no cenário nacional. O primeiro indica que o governo federal saia deste processo de crise e de impeachment e aprove medidas e propostas para reanimar a economia. Já o segundo, é que a presidente Dilma seja “renunciada” pelas forças políticas e que haja um governo de coalizão e de transição com contundentes reformas políticas e econômicas.
A jornalista da GloboNews, Cristiana Lôbo, falou sobre o pedido de impeachment de Dilma Rousseff e as perspectivas para o futuro político do país. Ela informou que 68 pessoas estão sendo investigadas pela Operação Lava Jato e que dessas, 14 são senadores. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem seis inquéritos, e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) tem três. Também disse que o PT precisa de 171 votos na Câmara dos Deputados para barrar o processo de impeachment. “Agora, tirar um presidente da República eleito, sem nenhuma acusação formal, é um desastre. A pergunta é: qual país vai nascer disso?”, inquiriu a jornalista.
Cristiana também disse que o processo de impeachment aumenta ainda mais a fragilidade do governo federal e a falta de exercício do poder, agravando a crise econômica e política brasileira. “O efeito será o aprofundamento da crise. A incerteza nunca é um bom ingrediente para uma crise econômica. E a conjuntura já estava piorando nos últimos meses com a recessão superando 3% e a inflação ficando acima de 10%. A incerteza e a turbulência política vão aumentar a paralisia nos negócios. Ninguém quer investir diante de tanta dúvida sobre o futuro imediato.”
No quadro de restrições orçamentárias, que já afetou a saúde, e com o desemprego impactando o mercado de saúde suplementar, o setor demonstra-se preocupado não somente com o segmento, mas com o país. Para o presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Júnior, “não dá para se pensar somente no setor da saúde. A corrupção sempre existiu, como exceção, agora é regra. Nesse ponto não dá para imaginar que todos roubaram e que a presidente não sabia. Ela tem responsabilidade sim. Há condições para o impeachment. Não importa se ela pôs o dinheiro no bolso ou não. A improbidade aconteceu. Ela tem demostrado claramente de que é culpada por tudo que está acontecendo desde 2003, quando era presidente do Conselho Administrativo da Petrobrás”, afirmou durante o debate realizado com os representantes da entidade promotoras do evento, e aclamou: “Temos de ir para a rua e encampar a questão do impeachment. Vamos mostrar que a sociedade descorda com tudo o que está aí”, finalizou.
Também participaram do debate moderado pelo gerente de Relações Institucionais do Grupo Fleury, Wilson Shcolnik, os presidentes da Sbac, Jerolino Aquino; da CBDL, Fábio Arcuri; da SBPC/ML, Paula Távora; da Abraidi, Gláucio Pegurin; e da Abiad, Carlos Eduardo Gouvêa.