Holanda freia crescimento dos custos, mas mantem qualidade

Pilar da transformação foi a parceria público-privada

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A Holanda, embora seja um país pequeno, é a 20ª economia do mundo e é o número um em cuidados de saúde na Europa pelo sexto ano consecutivo. Hoje, eles gastam 12% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em saúde. Mas, segundo seu vice-ministro, Bas Van Den Dungen, se nada tivesse sido feito, a qualidade custaria caro, tornando a saúde insustentável.

Bas veio ao Brasil para participar do CISS – Congresso Internacional de Serviços em Saúde, evento principal da Hospitalar 2017. Segundo ele, a virada veio em 2006, quando o governo percebeu que o crescimento dos gastos chegaria a 30% do PIB até 2040. “Foi quando Iniciamos uma reforma bem rigorosa do sistema, baseada em parcerias público-privadas, em que o governo trabalha de maneira próxima”. 

No acordo, ficou decidido que o crescimento com os gastos em saúde alcançariam 1,5% em 2014 e 1% entre 2015 e 2017. “O crescimento dos gastos está sustentável no momento”, afirmou Bas. Para se ter ideia dos resultados, após a implantação do programa de segurança do paciente, em 2008, a mortalidade por eventos adversos caiu 50%, e 95% de todas as cirurgias realizam check list.

Duas empresas convidadas apresentaram seus cases, que têm ajudado a transformar a saúde na Holanda. Uma delas foi Gertje Van Roessel, diretora internacional da Buurtzorg, considerada um agente de mudanças na prestação de serviços de enfermagem em domicílio, responsável pelo atendimento de 60% do mercado naquele país.

Segundo Gertje, a iniciativa nasceu com quatro enfermeiros, em 2007. Hoje possui mais de 10 mil, distribuídos em 850 equipes espalhadas pelo país. O segredo, segundo sua diretora, é a descentralização da gestão, num modelo inovador que não possui gerentes e muito pouca burocracia. “As equipes são independentes, atendem uma vizinhança de até 10 mil pessoas e muitos dos profissionais moram a comunidade, conhecem suas necessidades, suas redes informais e seus recursos”. 

A Buurtzorg atende a 70 mil pacientes na Holanda, em cuidados paliativos, demência, doenças crônicas, pacientes que receberam alta hospitalar mas que necessitam de cuidados etc. O custo é baixo e funciona graças a um software específico. “Tínhamos muitos programas, mas nenhum adequado. Construímos o programa junto com os profissionais, e hoje todos eles têm um ipad e imputam as informações em tempo real”, contou a diretora. Sem contar que por contar com uma estrutura administrativa enxuta, eles conseguem investir mais recursos em cuidados. O Buurtzorg gasta 8% de sua receita com pessoal, enquanto empresas de saúde tradicionais gastam 25%.

 

 

(Por Aline Moura)

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