OMS seleciona centro de Campinas para estudo de câncer infantil

Cem mil crianças e mães da região serão acompanhadas

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A OMS (Organização Mundial de Saúde) selecionou o Centro Infantil Boldrini, de Campinas, para a realização de uma pesquisa que tem como objetivo detectar quais fatores de risco são determinantes para o aparecimento do câncer infantil. Cem mil crianças e mães da região de Campinas serão acompanhadas, a partir deste ano, desde o pré-natal até quando completarem 18 anos. A pesquisa será realizada em outros países e um total de 1 milhão de bebês participarão do estudo. As informações serão disponibilizadas em um banco de dados mundial, organizado pela OMS.
 
A instituição de Campinas será a única unidade brasileira a participar do processo. A presidente da entidade, Silvia Brandalise, afirmou que do total de crianças acompanhadas, até 15 devem manifestar algum tipo de câncer no período, de acordo com as estatísticas de incidência observadas por estudos recentes. Elas serão analisadas para determinar possíveis fatores de risco. "A intenção da pesquisa é descobrir como fatores ambientais podem influenciar no desenvolvimento de um câncer infantil", afirmou.
 
De acordo com Silvia, esse projeto tem um custo total de R$ 40 milhões. Em princípio, o centro Boldrini usará seus próprios recursos, mas a expectativa é que ao longo do desenvolvimento do programa, o projeto conquiste o interesse de instituições privadas e públicas para ajudar financeiramente na concretização da pesquisa. "Cada questionário, que tem 200 perguntas, custa R$ 40 para ser aplicado. Estamos buscando uma empresa para a elaboração e aplicação do questionário", disse a presidente do centro.
 
O Boldrini está em fase de preparação para a pesquisa de campo, prevista para começar dentro de 45 dias. A licitação para contratação da empresa já foi aberta. O próximo passo será convidar gestantes a participar do estudo nos postos de saúde.
 
Questionários
 
A seleção das mulheres grávidas acontecerá nos próximos três anos. Primeiramente serão selecionadas 100 mil gestantes, tanto de clínicas particulares quanto públicas. Além disso, será recolhido o material sanguíneo da mãe, amostras da placenta e também o teste do pezinho realizado pelo bebê logo ao nascer.
 
As mulheres responderão quatro questionários. O primeiro será preenchido quando a gestante estiver no primeiro trimestre da gravidez e o segundo no último trimestre da gestação. Após o nascimento da criança haverá um questionário a ser respondido pela mãe quando o bebê completar seis meses e o último, quando a criança tiver um ano.
 
Depois dessa fase, inicia-se um trabalho em parceria com as Unidades Básicas de Saúde das cidades escolhidas para o acompanhamento das crianças. Pelo projeto, o Centro Boldrini será avisado sempre que alguma delas for diagnosticada com câncer ou doenças incomuns para a idade, que podem indicar câncer. Ao ser avisado, o centro Boldrini acompanhará a criança para tentar estabelecer fatores de risco.
 
Estrutura
 
O laboratório onde os dados serão reunidos já existe e foi equipado com freezers para estocar as amostras de sangue das mães e dos recém-nascidos acompanhados ao longo do estudo. "Através de doações do Instituto Ronald McDonald´s, conseguimos construir a estrutura. E o Rotary Internacional e o de Campinas estão nos ajudando com a compra de mobiliário. Mas estamos buscando novas parcerias para a realização da pesquisa", informou Silvia Brandalise, ressaltando que, só nessa estrutura, os investimentos já superam R$ 1 milhão.
 
O custo de manutenção do centro, segundo Silvia, é de R$ 4 milhões mensais, para 3,6 mil atendimentos mensais, além de 75 internações por dia e oito pacientes que necessitam de tratamento intensivo por dia. "No mês passado, tivemos déficit de R$ 400 mil. É aí que temos que nos virar, fazer feijoada, apelar para a sociedade civil. A tabela SUS não é revisada há 20 anos. Temos de buscar alternativas".

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