OPAS revela crescimento na violência contra profissionais de saúde

CRM e CRE relatam casos na cidade de SP

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Uma técnica de enfermagem que trabalha do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de Maceió, foi agredida fisicamente por uma dona de casa ao chegar no local da ocorrência. Em Jundiaí, interior de São Paulo, um profissional de enfermagem preparava a medicação para o paciente internado do hospital, quando foi agredido inesperadamente pelo mesmo. Na cidade paulista outro caso chamou a atenção: um pai, nervoso devido ao risco do parto de sua filha, agrediu um segurança da instituição, que teve que levar três pontos na orelha. Esses são exemplos de inúmeros e crescentes casos de violência, física ou verbal, contra pessoas que trabalham na área de saúde.
 
Pesquisa da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), feita com 20 mil profissionais de saúde de países latino-americanos de língua espanhola, revela que 66,7% dos entrevistados sofreram algum tipo de agressão no local de trabalho no ano passado, um aumento considerável frente o último levantamento (2006), que mostrou que o índice de agressão era de 54,6%. O estudo apontou ainda que ¾ das agressões ocorreram em instituições públicas e foram motivadas, principalmente, pela demora no atendimento (44,2%), falta de recursos para o cuidado (28,2%) e notificação de morte (8,6%). Outra conclusão do levantamento é que 30% dos profissionais agredidos fisicamente tiveram que suspender suas atividades laborais temporariamente por conta da violência sofrida.
 
Esse não é o primeiro estudo que aponta o aumento da brutalidade contra colaboradores da área da Saúde. Dados do Bureau of Labor estatísticas (EUA, 2014) mostram que 80% dos enfermeiros que trabalham em hospitais norte-americanos já foram chutados, arranhados, mordidos, cuspidos e até mesmo perseguidos e ameaçados por pacientes. Em Portugal, o Direcção-Geral da Saúde (DGS), ligado ao Sistema Nacional de Saúde, mostrou que a violência quase triplicou em um ano: de 202 casos reportados em 2013 passou para 531, em 2014. No ano passado, 381 casos foram reportados, de janeiro a agosto.
 
No Brasil, dados do Conselho Regional de Enfermagem e do Conselho Regional de Medicina, ambos de São Paulo, mostram que 32% dos profissionais de enfermagem já sofreram ou presenciaram algum tipo de violência em seu local de trabalho, sendo 20% de violência física. A Sociedade Paulista de Pediatria realizou um levantamento ano passado, que mostrou que sete em cada dez pediatras já sofreram algum tipo de ato violento no trabalho.
 
Essa violência crescente também levou a Joint Commission International (JCI), maior agência avaliadora da qualidade e segurança em instituições de saúde do mundo, a alertar hospitais para o problema. “Em seu novo manual de padrões de qualidade e segurança, a JCI incluiu um tópico em que hospitais devem identificar e gerenciar eventos sentinela, ou seja, aqueles que não estão relacionados diretamente à doença do paciente. Nesse item, a JCI chama atenção para caso de violência no local de trabalho, quando um profissional de saúde é agredido a ponto de morrer, ter uma lesão grave, uma perda de função ou ser submetido a uma cirurgia”, relata o médico José de Lima Valverde Filho, coordenador de acreditação do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), parceiro no Brasil da JCI. “O CBA e a JCI recomendam e até exigem de seus hospitais acreditados, que tenham programa de prevenção de violência e de tratamento e terapia para profissionais que tenham sofrido agressão”, complementa Valverde Filho.
 
Imagem: COREN/CREMESP – campanha “Violência não Resolve”.

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