Uma pesquisa realizada com pacientes que fizeram cirurgia de redução de estômago mostrou que um ano após a operação eles gastaram 60% menos em remédios. O dado não deixa de ser uma forma, mesmo que reducionista, de mensurar o aumento da qualidade de vida destas pessoas. De acordo com o levantamento da seguradora Orizon, cada um desses pacientes conseguiu economizar por ano, em média, R$ 755,00 no tratamento do diabetes e R$ 525,00 no controle do colesterol.
“O resultado da cirurgia não é medido apenas pela redução de peso, mas com a melhora da qualidade de vida e das comorbidades”, diz Almino Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Só o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta US$ 20 bilhões anuais (o equivalente a R$ 47 bilhões) com problemas relacionados ao sobrepeso e à obesidade, uma soma que considera gastos diretos como internações e medicamentos e os indiretos, por perda de produtividade. Os dados são de um estudo publicado em 2012 no periódico científico BMC Public Health e realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Coincidência ou não, desde janeiro de 2012, os planos de saúde são obrigados a cobrir o procedimento de cirurgia bariátrica (inclusive por vídeo).
Ramos explica que com o sobrepeso surgem outras doenças relacionadas, como diabetes, hipertensão, colesterol alto, ácido úrico e problemas ortopédicos. “Tenho pacientes que tomam de 18 a 20 comprimidos por dia e, depois da cirurgia, este número passa para dois”, diz.
Paulo Roberto Souza, 43 anos, emagreceu 74 quilos no ano passado e afirma que o ganho em qualidade de vida não pode ser mensurado pela economia de dinheiro. Ele não tinha risco de diabetes, mas a pressão era altíssima e atingia picos preocupantes. “Eu era tão relaxado com a minha saúde que nem tomava remédio”, disse.
Por causa da pressão que chegava a picos de 23, ele ia cerca de três vezes por semana ao hospital. “Todo mundo lá já me conhecia pelo nome, mas aquilo não era rotina, né?". Além disso, tinha uma dilatação no átrio esquerdo, pois o coração já não estava mais aguentando a carga. Os sintomas de obesidade não aparecem só nos exames. "Eu estava parado e de repente me vinha uma indisposição, angustia, depressão”, conta.
Hoje, o diretor de uma empresa multinacional no Rio de Janeiro toma apenas um multivitamínico e um remédio mais leve para o controle da pressão arterial, que logo deve parar. Trocou a rotina de hospital três vezes por semana pela academia todas as manhãs antes de ir ao trabalho. “Sou exemplo na academia. Corro sete quilômetros todos os dias. No teste de esforço que fiz recentemente fui além do esperado. Poderia fazer 8, mas cheguei à 13. Até o meu cardiologista ficou surpreso”, se gaba.
Há pouco mais de um ano, o mesmo cardiologista dava uma sentença macabra a Paulo. “Meu médico disse: você tem de 10 a 15 anos de vida. Fiz a gastroplastia vertical, pois precisava mudar de vida. Estava numa estrada sem volta”, disse.
Em último caso
Apesar do emagrecimento rápido e da melhoria imediata da saúde, a cirurgia para redução do estômago deve ser sempre a último opção e apenas para obesos mórbidos. Nos últimos anos, até mesmo pelo grande nível de sucesso de quem se submeteu ao procedimento, surgiu uma tendência de obesos ganharem mais peso a fim de atingir o índice de gordura necessário para fazer a cirurgia, o que é um perigo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a bariátrica é indicada apenas para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m², que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue, problemas articulares, ou pacientes com IMC maior que 40 Kg/m², que não tenham obtido sucesso na perda de peso com outros tratamentos.