Foi apresentada na Assembleia Legislativa, no dia 13 de agosto, a pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil – com foco no Estado de São Paulo. O estudo foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e apoio do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).
A apresentação a profissionais, imprensa e comunidade ocorreu em Sessão Solene, no Auditório Franco Montoro, da Casa de Leis de São Paulo, com a presença de deputados, autoridades da saúde, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Compuseram a mesa diretora Fabiola de Campos Braga Matozinho, presidente do Coren-SP, a coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado, e Neyson Freire, representando o presidente do Cofen.
“Formamos a maior categoria de saúde no Estado de São Paulo, com 460 mil profissionais. Portanto, precisamos sair da invisibilidade social e política na qual a nossa profissão se encontra no País”, argumenta Fabiola de Campos Braga Matozinho. “Mais de 80% de nós somos mulheres, a despeito de a pesquisa apontar um início de masculinização da Enfermagem. Temos de nos valorizar e exigir valorização nas duas frentes. Outra questão para a qual devemos ficar atentos é a violência. Dados apontam que somente 4% dos agressores foram penalizados nos últimos tempos. Devemos nos indignar e agir, pois parece até que há uma impunidade em relação aos agressores. Temos de identificar esses casos e denunciá-los, para que possamos fazer os encaminhamentos necessários. Se trabalharmos unidos, obviamente alcançaremos a vitória.
A pesquisa tem abrangência de mais de 450 mil profissionais. Para chegar a um retrato fiel da Enfermagem no Estado trabalhou-se com uma base de 2.500 questionários. Em São Paulo, no atual momento, a enfermagem é composta por um quadro de 77,1% de técnicos e auxiliares e 22,9% de enfermeiros.
“Traçamos o perfil da grande maioria dos trabalhadores que atuam do campo da saúde. Isso demonstra a dimensão da pesquisa, que não contempla apenas os que estão na ativa, mas a corporação como um todo”, relata Maria Helena Machado. “A enfermagem precisa de apoio e compromisso por parte dos governantes. O estado de São Paulo reforça dados negativos da enfermagem nacional – e positivos também. É muito importante apresentar um trabalho desse porte em uma Casa Legislativa, já que é o lugar onde se formulam políticas”.
Onde trabalham
No quesito mercado de trabalho, 55% da equipe de enfermagem encontra-se no setor público; 35,1% no privado; 22,3% no filantrópico e 9,6% nas atividades de ensino.
Em São Paulo, 64% da equipe de enfermagem declaram desgaste.
Renda mensal
Considerando a renda mensal de todos os empregos e atividades que a equipe de enfermagem exerce, constata-se que 0,3% de profissionais na equipe recebem menos de um salário-mínimo por mês. A pesquisa encontra o percentual de 6,3% de pessoas que declararam ter renda total mensal de até R$ 1 mil .000, ou seja, estão em condições de subsalário.
Dos profissionais da enfermagem, a maioria (73,5%) tem apenas uma atividade/trabalho.
Os quatro grandes setores de empregabilidade da enfermagem (público, privado, filantrópico e ensino) apresentam subsalários. O privado (8,5%), o filantrópico (5,5%), o público (5%) e o de ensino (6,3%) praticam salários com valores de até R$ 1.000, sendo, entretanto, os menores percentuais praticados em relação à Região Sudeste.
Masculinização
A equipe de enfermagem em São Paulo é predominantemente feminina, sendo composta por 83,3% de mulheres. É importante ressaltar, no entanto, que mesmo tratando-se de uma categoria feminina, registra-se a presença de 15,7% dos homens – um pouco acima da média nacional (14,4%). “Pode-se afirmar que na enfermagem está se firmando uma tendência à masculinização da categoria, com o crescente aumento do contingente masculino na composição. Essa situação é recente, data do início da década de 1990, e vem se firmando”, afirma a coordenadora.
Profissionais qualificados
O desejo de se qualificar é um anseio do profissional de enfermagem de São Paulo. Os trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares) apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, o que significa dizer que mais de 1/3, ou seja, 37,9% de todo o contingente, fizeram ou estão fazendo curso de graduação.
Desemprego aberto
A área já apresenta situação de desemprego aberto, com 8,8% dos profissionais entrevistados relatando situações de desemprego nos últimos 12 meses. Dificuldade de encontrar emprego foi relatada por 66,3% desses profissionais.
Concentração na capital
Mais da metade da equipe de enfermagem (62,4%) se concentra na Capital.
Dados Brasil
A enfermagem hoje no país é composta por um quadro de 77% de técnicos e auxiliares e 23% de enfermeiros. É o que aponta pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, divulgada recentemente, cujos resultados também apontam desgaste profissional em 64,2% dos entrevistados e grande concentração da Força de Trabalho na Região Sudeste (mais da metade das equipes consultadas).
O mais amplo levantamento sobre uma categoria profissional já realizado na América Latina é inédito e abrange um universo de mais de 1,8 milhão de profissionais.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de saúde compõe-se de um contingente de 3,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca 50% atuam na enfermagem (cerca de 1,8 milhão). A pesquisa sobre o Perfil da Enfermagem, realizada em aproximadamente 50% dos municípios brasileiros e em todos os 27 estados da Federação, inclui desde profissionais no começo da carreira (auxiliares e técnicos, que iniciam com 18 anos; e enfermeiros, com 22) até os aposentados (pessoas de até 80 anos).
A pesquisa foi encomendada pelo Cofen para determinar a realidade dos profissionais e subsidiar a construção de políticas públicas. “Este diagnóstico detalhado da situaçã
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