O 25º Congresso Nacional das Santas Casas e o XI Congresso Internacional das Misericórdias começaram nesta quarta-feira (23), em Salvador (BA). Cerca de 700 pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, participam dos eventos, que vão ate´sewxta-feira (25) discutindo “Imagem, Gestão e Sustentabilidade: os elos entre o passado e o futuro das misericórdias”.
A programação científica tem debates sobre gerenciamento de crise, gestão hospitalar, sustentabilidade, parcerias público-privada, impacto do envelhecimento, inclusão de pessoas com deficiência, cuidados continuados, judicialização na Saúde e os desafios e oportunidades para as Misericórdias no Brasil e no mundo.
Com a situação global apontando graves crises, o tema central pretende chamar a atenção para os problemas que as instituições têm enfrentado. Por isso, especialistas e autoridades vão apresentar dados e propor discussões para que possam ser construídas ideias e alternativas que permitam a transição para um cenário melhor. Para tanto, os debates devem levar à discussão sobre governança corporativa e o relacionamento com os governos. Segundo o economista e professor Rubens Mazzali, “a sustentabilidade de uma organização, seja ela uma empresa com ou sem fins lucrativos, se dará apenas quando ela zelar por relações éticas com todos os seus públicos de relacionamento”.
Para a jornalista Erika Baruco, a imagem institucional é um patrimônio intangível, cujo valor deve ser preservado. Por isso, é recomendável uma gestão de crise, a fim de resguardar a reputação da entidade. “No contexto corporativo, dependendo do nível de gravidade, do tempo e do tipo de atendimento de suas demandas, a crise pode afetar as relações de confiança, segurança e, consequentemente, o desenvolvimento dos negócios de forma importante e, algumas vezes, irreversível.”
Outro problema é impacto do envelhecimento da população. Para o presidente do International Longevity Centre Global Alliance (ILC-BR), Alexandre Kalache, o Brasil não está preparado para cuidar desse novo quadro demográfico e a razão disso é que a percepção de que este é um tema importante ainda não caiu na pauta da sociedade em geral. “Está melhor do que há dez anos, mas ainda é um tema abordado de forma tímida pela mídia e que os recursos humanos das grandes empresas ainda não estão antenados para esta mudança demográfica que nós vamos ter.”
Uma das propostas para melhorar o atendimento em Saúde é a adaptação do programa de Cuidados Continuados Integrados, utilizado em Portugal. No país luso, o modelo representa uma resposta às mudanças sociais sofridas pelo país. De acordo com a presidente da Associação de Cuidados Continuados e Geriátricos (Curae) e coordenadora Nacional da Rede de Cuidados Continuados em Portugal (RNCCI), Maria Inês Guerreiro, em países como Portugal, em que os mecanismos de apoio assentavam nas redes informais de solidariedade, as alterações nos modelos familiares, nas relações de vizinhança, no mercado laboral, e fundamentalmente no papel desempenhado pela mulher, foram introduzidas rupturas nas fontes tradicionais de suporte. “O resultado da análise dos dados disponíveis em Portugal para o âmbito hospitalar revela uma tendência de mudança de perfil na utilização hospitalar nos últimos anos, caracterizada por um aumento da presença da população idosa e de patologia crônica no hospital, o que sugere a necessidade de implementar novas respostas para atender de forma mais específica estes grupos populacionais.” Para adaptar este modelo ao Brasil, deve ser feita uma adaptação às condições locais e a cada região.
Paralelo às sessões temáticas, está acontecendo a Feira de Exposições, que vai receber empresas de tecnologia em saúde, além de contar com um estande do Ministério da Saúde, no qual os participantes poderão tirar dúvidas com técnicos do órgão.