23 de setembro de 2015

Santa Casa volta a expor sua história

Guardião de capítulos importantes da memória da saúde paulistana, o Museu da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Augusto Carlos Ferreira Velloso reabre as portas em novas instalações, dentro do complexo hospitalar da Vila Buarque, na região central de São Paulo. O acervo de mais de 7 mil peças foi transferido, nos últimos dois meses, para o conjunto de 12 salas antes usadas pelas superintendências da casa – cinco salas a mais do que o espaço ocupado pelo museu desde sua criação, em 2000.
 
Todo o processo de transferência e as pequenas obras de melhorias das salas – pintura, por exemplo – foram bancados graças a doações. Diretora voluntária do museu, a empresária e biblioteconomista June Locke Arruda buscou referências de outras instituições para chegar ao modelo expositivo que considera ideal. “Conheço 80% dos museus importantes do mundo”, afirma ela, que também é conselheira do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE). “E este tem imenso valor pela própria ligação histórica com a cidade de São Paulo. Trata-se de uma expressão da memória da cidade.”
 
Não há registros precisos da data de criação da Santa Casa, mas se estima que ela exista desde a década de 1560 – entre as instituições mais antigas de São Paulo ainda na ativa, rivaliza, portanto, com a Câmara, de 1560, e com o Mosteiro de São Bento, de 1598.
 
Acervo. Apesar de já aberto à visitação, o museu ainda não está completamente pronto. Duas das 12 salas ainda não foram integradas ao conjunto e o acervo passa por um minucioso trabalho de recadastramento. Nos planos de June, a reinauguração oficial deve acontecer em cerimônia mais para o fim do ano.
 
A preocupação é que o memorial não onere a instituição. “Estamos organizando os itens com todas as informações para que as visitas não necessitem de monitoramento”, exemplifica June. Ela também vislumbra a criação de um aplicativo para celular que funcione como guia de visitação – e, ainda, proporcione tour virtual àqueles que não puderem ir pessoalmente ao museu. “Para viabilizar o desenvolvimento, estamos em busca de parcerias”, diz.
 
Entre as peças, destaca-se a roda dos expostos, ou roda dos enjeitados, por meio da qual recém-nascidos eram abandonados em instituições de caridade. A da Santa Casa, hoje no museu, funcionou de 1825 a 1960. No período, recebeu 4.696 crianças – todas listadas em 16 livros, hoje guardados logo abaixo da peça.
 
Em outra sala, estão à mostra 15 relógios antigos da instituição. Também é possível conferir os bilhetes de uma loteria de 1824 em prol da Santa Casa e pás de pedreiro utilizadas na construção dos pavilhões que hoje formam o conjunto hospitalar.
 
Para quem é da área médica, merecem a visita as salas que guardam equipamentos antigos. Há desde uma mesa cirúrgica da década de 1920 até um vibrador para massagens, além de microscópios, balanças e um agregômetro de plaquetas.
 
SERVIÇO
Museu da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Augusto Carlos Ferreira Velloso
Rua Dr. Cesário Mota Júnior, n.112 – Vila Buarque – (11) 2176-7025
Segunda a sexta, das 9h às 17h
Grátis
 
 

CFM suspende teto de idade para reprodução assistida no Brasil

Após dois anos em vigor, o Conselho Federal de Medicina (CFM) alterou a regra que fixava a idade de 50 anos como limite para uma mulher poder ser submetida às técnicas de reprodução assistida.
 
Desde 2013, pacientes que tivessem mais do que essa idade deveriam recorrer a Conselhos Regionais de Medicina para obter uma autorização para o procedimento -em muitos casos, o pedido era negado e o recurso chegava ao CFM.
 
Agora, o tratamento pode ser adotado desde que o médico responsável e a mulher assumam os riscos de uma gravidez tardia, como hipertensão e diabetes.
 
"Toda mulher tem sua autonomia, e o médico tem que fazer uma análise dessa autonomia. Houve uma demanda muito grande aos [conselhos] regionais e ficamos sensibilizados", disse Hiran Gallo, coordenador da câmara técnica sobre o tema no CFM.
 
O médico pondera que a entidade ainda defende a idade de 50 anos como limite máximo para as candidatas. "Continuamos alertando que há um risco muito grande para a mulher e o feto", afirma.
 
Reprodução assistida
Após dois anos, Conselho Federal de Medicina Altera regras de tratamento
 
Questões COMO ERA COMO FICA
Idade A mulher deve ter até 50 anos para fazer o procedimento: acima disso, deve ser pedido parecer ao CRM Procedimento pode ser feito desde que médico e paciente assumam os riscos de uma gravidez tardia
Direitos Ficou permitido o uso das técnicas em relacionamentos homoafetivos, respeitado o direito de objeção do médico Texto explicita que gestação compartilhada é permitida em união homoafetiva feminina em que não há infertilidade
Doação Doação voluntária de gametas femininos e masculinos (óvulos e espermatozoides) era permitida Doação voluntária ficou restrita a gametas masculinos
Embriões Foi permitida a seleção de embriões compatíveis com um filho para posterior transplante de células-tronco ou órgãos A seleção de embriões passa a ser permitida apenas para transplante de células-tronco
Barriga de Aluguel “Barriga de aluguel” foi permitida para mulheres de até 50 anos, desde que tivessem relação de parentesco de até quarto grau (prima) Limite de idade foi suspenso e casos não previstos na norma podem ser analisados pelo CRM

*Infográfco Folha de S. Paulo

Casais gays
A nova resolução do CFM explicita ainda a permissão para que um casal gay feminino realize gestação compartilhada -quando uma mulher pode implantar o embrião gerado a partir da inseminação de um óvulo da parceira.
 
"A principal dúvida era a de que o óvulo [doado] deveria ser anônimo, e não da parceira. Mas há o reconhecimento da união homoafetiva, então ele se comporta como um casal", explica Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, que participou das discussões que levaram à nova resolução.
 
O texto altera ainda a regra de seleção para transplante. Fica permitida a seleção de embriões compatíveis com um filho apenas para um futuro transplante de células-tronco, e não mais para órgãos, como antes definido.
 
"Doação de órgãos significa você criar uma criança para doar um rim [por exemplo]. É uma situação que a gente considera perigosa", afirma Amaral.
 
"BARRIGA DE ALUGUEL"
 
O Conselho Federal de Medicina suspendeu também a idade limite de 50 anos para mães, irmãs, avós, tias ou primas atuarem como barriga de aluguel. O texto da nova resolução prevê que "demais casos" estarão sujeitos à autorização dos conselhos regionais.
 
"[Houve caso em que] foi feito levantamento e a paciente não tinha nenhuma pessoa para fazer solidariedade em quarto grau de parentesco. E foi autorizada [a prática]", disse Hiran Gallo.
 
Ficam mantidas as regras de descarte de embriões (congelados por mais de cinco anos) e o impedimento para uso de técnicas de reprodução assistida para escolha do sexo do bebê.
 
Todas essas alterações nas regras ligadas à medicina reprodutiva devem ser publicadas nos próximos dias no "Diário Oficial da União", a partir de quando entram em vigor.
 
Planos
Os planos de saúde brasileiros não são obrigados a custear técnicas de reprodução assistida, mas muitos casais têm recorrido à Justiça para obrigá-los o oferecer o tratamento. Também não há obrigatoriedade de custeio pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
 
No ano passado, foram registrados cerca de 28 mil ciclos de fertilização e foram congelados por volta de 48 mil embriões nas clínicas de reprodução assistida do país. 

Santas Casas debatem desafios e oportunidades para o setor no mundo

O 25º Congresso Nacional das Santas Casas e o XI Congresso Internacional das Misericórdias começaram nesta quarta-feira (23), em Salvador (BA). Cerca de 700 pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, participam dos eventos, que vão ate´sewxta-feira (25) discutindo “Imagem, Gestão e Sustentabilidade: os elos entre o passado e o futuro das misericórdias”. 

A programação científica tem debates sobre gerenciamento de crise, gestão hospitalar, sustentabilidade, parcerias público-privada, impacto do envelhecimento, inclusão de pessoas com deficiência, cuidados continuados, judicialização na Saúde e os desafios e oportunidades para as Misericórdias no Brasil e no mundo.

Com a situação global apontando graves crises, o tema central pretende chamar a atenção para os problemas que as instituições têm enfrentado. Por isso, especialistas e autoridades vão apresentar dados e propor discussões para que possam ser construídas ideias e alternativas que permitam a transição para um cenário melhor. Para tanto, os debates devem levar à discussão sobre governança corporativa e o relacionamento com os governos. Segundo o economista e professor Rubens Mazzali, “a sustentabilidade de uma organização, seja ela uma empresa com ou sem fins lucrativos, se dará apenas quando ela zelar por relações éticas com todos os seus públicos de relacionamento”.

Para a jornalista Erika Baruco, a imagem institucional é um patrimônio intangível, cujo valor deve ser preservado. Por isso, é recomendável uma gestão de crise, a fim de resguardar a reputação da entidade. “No contexto corporativo, dependendo do nível de gravidade, do tempo e do tipo de atendimento de suas demandas, a crise pode afetar as relações de confiança, segurança e, consequentemente, o desenvolvimento dos negócios de forma importante e, algumas vezes, irreversível.”

Outro problema é impacto do envelhecimento da população. Para o presidente do International Longevity Centre Global Alliance (ILC-BR), Alexandre Kalache, o Brasil não está preparado para cuidar desse novo quadro demográfico e a razão disso é que a percepção de que este é um tema importante ainda não caiu na pauta da sociedade em geral. “Está melhor do que há dez anos, mas ainda é um tema abordado de forma tímida pela mídia e que os recursos humanos das grandes empresas ainda não estão antenados para esta mudança demográfica que nós vamos ter.” 

Uma das propostas para melhorar o atendimento em Saúde é a adaptação do programa de Cuidados Continuados Integrados, utilizado em Portugal. No país luso, o modelo representa uma resposta às mudanças sociais sofridas pelo país. De acordo com a presidente da Associação de Cuidados Continuados e Geriátricos (Curae) e coordenadora Nacional da Rede de Cuidados Continuados em Portugal (RNCCI), Maria Inês Guerreiro, em países como Portugal, em que os mecanismos de apoio assentavam nas redes informais de solidariedade, as alterações nos modelos familiares, nas relações de vizinhança, no mercado laboral, e fundamentalmente no papel desempenhado pela mulher, foram introduzidas rupturas nas fontes tradicionais de suporte. “O resultado da análise dos dados disponíveis em Portugal para o âmbito hospitalar revela uma tendência de mudança de perfil na utilização hospitalar nos últimos anos, caracterizada por um aumento da presença da população idosa e de patologia crônica no hospital, o que sugere a necessidade de implementar novas respostas para atender de forma mais específica estes grupos populacionais.” Para adaptar este modelo ao Brasil, deve ser feita uma adaptação às condições locais e a cada região.

Paralelo às sessões temáticas, está acontecendo a Feira de Exposições, que vai receber empresas de tecnologia em saúde, além de contar com um estande do Ministério da Saúde, no qual os participantes poderão tirar dúvidas com técnicos do órgão.

 

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