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Desejos para a saúde em 2025

Nações, companhias, organizações da sociedade civil e o próprio ser humano costumam renovar pactos, redefinir estratégias e realinhar objetivos a cada final ou início de ciclo. Estes momentos de reflexão e replanejamento trazem oportunidades de mudanças, principalmente para os que têm propósitos claros e desejam alcançá-los. Afinal, como já ensinou o grande filósofo Confúcio, “você não pode controlar o vento, mas pode ajustar as velas”. Para o setor saúde, especificamente, o que podemos desejar neste novo ano?

2025 chega com a esperança renovada nos 5.570 municípios brasileiros, com a posse, em janeiro, dos novos prefeitos, prefeitas e dos que foram reeleitos. Como são nas cidades que a saúde pública se concretiza, é de fundamental importância que os secretários e secretárias municipais de Saúde tenham habilidade política, disposição para o diálogo e as competências técnicas necessárias para lidar com a complexidade e as dinâmicas de um sistema tripartite, como o SUS.

A saúde aspira por bons diagnósticos municipais e regionais, baseados em informações sociodemográficas e econômicas, tendências de doenças, fatores de risco e análise da infraestrutura, equipamentos, mão de obra e protocolos assistenciais. Feito isso, é preciso traçar um plano de saúde para a cidade, lembrando que muitas ações de saúde devem ser desenvolvidas em conjunto com outras áreas da administração pública, pois é sabido que variáveis como renda, saneamento básico e nível de escolaridade podem influenciar direta e indiretamente nos indicadores de saúde, além de proporcionar melhor qualidade de vida.

Para assegurar acesso integral, rápido e de qualidade, desejos de toda a sociedade, é necessário adotar novos modelos de governança assistencial, com a coordenação dos diferentes níveis de atenção em redes regionalizadas e hierarquizadas. Para esse desafio, a participação e respaldo das secretarias estaduais de Saúde são cruciais, além da utilização de ferramentas de saúde digital. São Paulo tem avançado nessa direção.

Doenças crônicas, envelhecimento populacional, saúde mental e controle de epidemias são agendas prioritárias que devem ser enfrentadas e exigem abordagens multidisciplinares e coordenadas. Para que tudo isso possa se tornar realidade, é imprescindível uma maior integração entre público e privado, o estabelecimento de parcerias entre universidades, startups, empresas e governos dos três níveis; criação e introdução de indicadores que permitam remunerações baseadas em desfechos, entre outras ações. A FESAÚDE-SP e o SindHosp já deram sua contribuição visando a transformação das comunidades e um melhor cuidado, com o Guia de Ações Municípios Saudáveis, que está disponível para download nos sites das entidades.

Acredito piamente ser possível termos as pessoas certas nos lugares certos, diagnósticos bem elaborados, melhor planejamento em saúde, enfim, garantir acesso e uma assistência digna em um ambiente de respeito e confiança entre todos os que atuam no ecossistema da saúde. Este é o meu desejo.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp

Artigo publicado na edição de novembro/2024 da revista LaborNews. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação

Faça agora download no Guia de Ações Municípios Saúdáveis

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Na saúde, não compre gato por lebre

O ditado popular que intitula este artigo é provocativo, à medida que as eleições municipais se aproximam. Votar é um direito constitucional e precisa ser encarado com sensatez. Uma das premissas para o voto consciente é lembrar que “o quadro é mais importante do que a moldura”, portanto, o eleitor não deve se deixar enganar por frases de efeito, aparências ou cenas de propaganda política. Conhecer a trajetória e os planos dos candidatos para as áreas que realmente interessam à sociedade é o caminho para não cair em armadilhas.

Nos últimos processos eleitorais, a polarização impediu uma discussão mais aprofundada sobre temas importantes, como saúde, educação, meio ambiente, segurança pública e geração de empregos. O debate e a apresentação de propostas praticamente inexistiram, em um cenário mesquinho que, lamentavelmente, persiste. Agressões ideológicas e discursos vazios desviam a atenção do eleitor e só servem para beneficiar aqueles que nada ou pouco têm a oferecer, caso eleitos (lembram da moldura?).

Recente pesquisa Genial/Quaest aponta a saúde como o segundo mais grave problema da cidade de São Paulo, só perdendo para a segurança pública. Com a consciência de que é preciso mudar essa realidade, propor ações para melhorar a saúde das pessoas e visando qualificar o debate político (lembram da pintura?), a Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP) desenvolveu e está apresentando aos pré-candidatos às Prefeituras o Guia de Ações Municípios Saudáveis – Transformando Comunidades, Cuidando de Pessoas.

Como são nas cidades que a saúde pública se concretiza, esse Guia objetiva contribuir para a construção de uma agenda inovadora e positiva, que leve a uma melhor organização e gestão do sistema de saúde municipal. Ele foi desenvolvido para que possa ser adaptado e servir de referência para todos os 645 futuros gestores da saúde dos municípios paulistas, afinal, uma organização mais eficaz da saúde municipal pode garantir, por exemplo, o acesso universal aos serviços, promover a prevenção, prover o cuidado, assegurar maior integração entre público e privado, a qualidade assistencial e a melhoria dos indicadores em saúde.

 No Brasil, a complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS), maior sistema de saúde público do mundo e com gestão tripartite, não consegue inibir os imprudentes. Ainda é comum, infelizmente, que o maior posto da saúde nas cidades seja ocupado pelo médico pessoal ou correligionário político do prefeito, sem o mínimo preparo para o cargo ou conhecimento do sistema. Um secretário ou secretária municipal de Saúde deve conhecer, pelo menos, o funcionamento do SUS, os mecanismos de participação social, de financiamento e ter capacidade técnica para estabelecer pactos assistenciais regionais.

 Mudanças constantes na condução da saúde municipal favorecem também o rompimento de programas e causam danos especialmente à atenção primária. Essa prática, porém, é comum. Levantamento do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS) entre 2021 e 2023 aponta que 40% dos municípios paulistas efetuaram trocas de secretários no período. O tempo médio de permanência no cargo de um secretário municipal de Saúde é de 1,8 ano, segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). O órgão também estima que aproximadamente 300 novos secretários municipais de saúde assumem o cargo todos os meses no país. O problema é sério, pois gera desperdícios, impede a execução do programa de governo traçado para o setor e traz prejuízos diretos à população, ao SUS e ao setor privado com e sem fins lucrativos (santas casas).

Na saúde, para garantir acesso e uma assistência integral a todos os cidadãos é necessária uma abordagem colaborativa e organizada que envolva toda a sociedade. É, portanto, essencial propor ações com capacidade de inovar, garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nas próximas eleições temos a chance de escapar da polarização, pois só assim deixaremos de andar em círculos e conseguiremos implementar políticas públicas que garantam mais dignidade e justiça social.

Um provérbio chinês ensina que “podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados a colher o que semeamos”. Que o bom senso prevaleça e o eleitor não compre gato por lebre nessas eleições.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp e da FEHOESP

Artigo publicado em 17/08 pelo jornal Correio Braziliense. Clique aqui e veja a publicação

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Saúde suplementar também faz parte do SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior sistema de saúde do mundo. A estrutura e capilaridade que possui pelo extenso território nacional merecem ser enaltecidas. Graças à infraestrutura de atenção primária e ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), o país conseguiu, nas últimas décadas, controlar doenças imunopreveníveis, como difteria, coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela, entre outras. Recentemente, a pandemia da Covid-19 deixou mais evidente a importância do SUS para a sociedade.

Ainda que muitos não enxerguem dessa forma, a regulamentação da saúde suplementar, vinda com a Lei nº 9.656, em 1.998, é outra conquista do sistema de saúde brasileiro. O setor suplementar responde, atualmente, pela assistência a 51 milhões de usuários, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ou 25,1% da população. Isso significa que um quarto dos brasileiros não dependem exclusivamente do SUS, ainda que todos os cidadãos tenham direito e utilizem os serviços de promoção, prevenção e vigilância sanitária. Com os desafios econômicos que se apresentam para o Brasil e o estrangulamento orçamentário dos entes federativos (União, Estados e Municípios), alguém acredita que o SUS seria capaz de absorver essa demanda de milhões de indivíduos?

A saúde suplementar é um pilar assistencial importante e desempenha papel imprescindível para o Estado, que pode priorizar o desenvolvimento de políticas sociais e de saúde dirigidas aos mais necessitados. Além de contribuir para que a assistência pública não fique ainda mais sobrecarregada, a saúde privada é inovadora em sua essência e dispõe de uma infraestrutura tecnológica e de qualidade comparável aos maiores e melhores centros de saúde mundiais.

Frente aos recentes problemas envolvendo as operadoras de planos de saúde e amplamente noticiados pela imprensa, como o cancelamento unilateral de planos, o Ministério da Saúde, como representante do Executivo federal, precisa urgentemente voltar sua atenção para este setor fundamental para o SUS e para parcela significativa da população. Já passou da hora de pensar alternativas que aumentem a integração entre esses dois elos do sistema, garantindo maior acesso, qualidade e resolutividade.

Único é sinônimo de singular. Portanto, discursos sobre sistema público e/ou privado de saúde não cabem nesse conceito e na realidade brasileira. A construção de um país mais saudável exige um esforço contínuo de avaliação, reestruturação e mudanças de rota. Por isso, é preciso enaltecer os pontos positivos, identificar os problemas e trabalhar para que os setores público e privado garantam, juntos, um sistema de saúde mais inclusivo, equânime e sustentável para os brasileiros.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp

Artigo publicado na edição de Julho/2024 da revista LaborNews. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação.

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A Inteligência Artificial na Saúde

Debates sobre os benefícios, riscos e limites da Inteligência Artificial (IA) têm sido uma constante no mundo contemporâneo, cada vez mais conectado e interligado. Para um dos entusiastas da IA, o cientista da computação, Andrew Ng, ela será a eletricidade do século XXI, pela sua capacidade de gerar profundas transformações em todos os setores da sociedade. Hoje, já temos alguns exemplos da sua utilização na indústria, agricultura, varejo, economia, mobilidade (os carros autônomos são bons exemplos) e, claro, na área da saúde. Mas, afinal, o que é IA?

De forma bastante genérica, podemos definir IA como um avanço tecnológico que permite que sistemas e algoritmos, baseados em um enorme banco de dados, simulem uma inteligência similar à humana. Com isso, máquinas e dispositivos eletrônicos passam a ser capazes de realizar tarefas antes restritas às pessoas.

A exemplo da União Europeia, que em dezembro do ano passado aprovou a regulamentação da IA na região, no Brasil o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), objetiva estabelecer balizas para o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de inteligência artificial. Alguns desafios éticos e morais no uso da IA realmente precisam ser discutidos e vencidos, e a expectativa é que a aprovação de uma legislação possa ajudar nesse processo. Cito alguns exemplos, como a privacidade e segurança dos dados, a responsabilidade, os impactos nos postos de trabalho até a fiscalização de uma eventual superinteligência.

Como o mercado tem sua própria dinâmica, que quase sempre se antecipa às regulamentações, a IA já vem sendo utilizada por algumas organizações de saúde para melhorar a gestão e a assistência aos pacientes. Alguns hospitais, por exemplo, já a utilizam com bons resultados operacionais e com melhorias na experiência do paciente. Algoritmos, ao analisarem exames, já identificam – em algumas organizações – quais pacientes nos prontos-socorros correm mais riscos cardíacos, de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou de problemas como pneumonia, nódulos e derrame pleural, permitindo uma assistência mais rápida. Na administração, a IA tem auxiliado na gestão de leitos e centros cirúrgicos, a calcular a probabilidade de ausência do paciente em exames agendados, o chamado “no-show”, enfim, a melhorar os resultados da instituição. Estes são apenas alguns poucos exemplos.

Atentos a essa realidade, a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e o SindHosp promoverão, no mês de maio, no Espaço Arena da feira Hospitalar, o Fórum Brasil Saúde 2024, com o tema “A Inteligência Artificial na Saúde”. Na ocasião, profissionais que lideram o desenvolvimento e a aplicação da IA no país irão debater a sua aplicabilidade, a importância da segurança dos dados, de um banco de informações robusto, cases serão apresentados, aspectos éticos e legais discutidos e o futuro da IA também fará parte dos debates.

Um dos maiores físicos da história, Stephen Hawking, acreditava que a IA era a maior conquista da humanidade, mas que, também, poderia ser a última. Trazer para o centro das discussões esse tema tão atual é de suma importância para que a IA possa beneficiar um maior número de pessoas e que seja aplicada com ética, transparência, limites e controle, sempre.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp  e da Fehoesp

Artigo publicado na edição de abril/24 da revista LaborNews. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação

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