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Hospitais com cara de hotel: humanização passa por mudanças dos espaços

Hospital com cara de hospital é coisa do passado. Esse o tema do quinto episódio da série “Papo da Saúde – Especial Hospitalar 2024”, que foi apresentado pela consultora técnica Nathália Nunes no estúdio montado dentro do estande do SindHosp durante a feira. Ela recebeu o diretor executivo Kleber Santana e a diretora de Atendimento Cássia Montanini do Grupo G9, para conversar sobre tecnologias e estratégias para melhorar a experiência no hospital, tanto do paciente como do profissional de saúde. Clique aqui para assistir à íntegra da entrevista.

O Grupo G9 desenvolve soluções de acabamento para instalações hospitalares, fornecendo itens como bate-macas, cortinas divisórias de leitos, placas vinílicas, corrimãos e cantoneiras, que podem ser personalizados. “Arquitetos e engenheiros de hospitais estão procurando humanizar os espaços, fugindo daquele aspecto todo branco, marrom e azul. Hoje em dia, eles querem entregar espaços com mais cara de hotel, para acolher os pacientes e suas famílias em um momento de fragilidade”, explicou Kleber Santana.

O executivo sabe que o foco do gestor hospitalar está no negócio. “O hospital obtém receita basicamente com consultas, exames, internações e cirurgias. Ou seja, não quer se preocupar com detalhes como os equipamentos de acabamento. É aí que entram nossas soluções. Conseguimos instalar alguns itens com uma fita dupla fase especial, no concreto ou drywall. Ou seja, realizamos uma instalação sem barulho nem cheiro de cola ou poeira e o hospital não precisa inutilizar o espaço e perder rentabilidade”, ponderou Santana.

Projetos personalizados

Cássia Montanini contou que um dos diferenciais do Grupo G9 são os projetos personalizados. “Nessa hora, unimos a força de criação dos marceneiros com nossa capacidade criativa”, explicou a diretora de Atendimento. “A experiência tem nos mostrado que, se um empresário não achou a solução para seus espaços, é porque ele não é o criador”.

Um case do Grupo G9 está em andamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. “Vamos ter um cinco mil metros de placa vinílica personalizada. Criamos personagens exclusivos e temáticos e demos 100 anos de uso sem custo para o HC. É uma ala para crianças com câncer, então parece haver um propósito maior em realizar esse trabalho, para além do negócio em si”.

Para o futuro, o Grupo G9 trabalha com a perspectiva de que muitas doenças serão tratadas em casa. Os gestores esperam levar a estrutura dos hospitais para a casa das pessoas, que vão precisar de equipamentos também. “Teremos internações em casa, onde também haverá necessidade de se criar um ambiente de hotel”.

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Medicina Segura e o Cuidado Humanizado

Medicina e enfermagem devem, sempre, ser caminhos espirituais! Começa, aqui, o valor da segurança do paciente.

O "primum non nocere" de Hipócrates é a minha primeira noção sobre segurança do paciente, mas a enfermeira inglesa Florence Nightingale, na guerra da Criméia, entre os anos de 1853 e 1856, ditava que em primeiro lugar a prioridade era a segurança dos soldados, frente a elevada mortalidade nos hospitais de campanha. "Que os benefícios sejam alcançados com os menores riscos para os pacientes", dizia Nightingale.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que de 20% a 40% dos gastos com saúde se perdem na má administração e com cuidados de má qualidade. Penso que a segurança do paciente seja um problema global de saúde pública, fundamental, no qual concorrem prestadores, operadoras e os próprios pacientes. Como se fosse o ponto central de uma humanização sustentável da medicina para a segurança do todo. É aqui que deve haver, na relação com o paciente, um tempo para ouvir, para entender e para refletir.

Na humanização dos cuidados à saúde aparece o sentimento da compaixão e o resgate pela paixão de cuidar, como escreve a médica Rita Charon: "Aquilo que circula em qualquer meio que banha todo e qualquer ser humano, todos os dias, são narrativas que contamos, que guardamos, que ouvimos, que sonhamos, que imaginamos, com que crescemos, que lemos, que escrevemos, que assistimos, que tememos!” Como entusiasta da medicina sóbria, respeitosa e justa (slow medicine), Rita Charon fala em seu livro da importância de se ouvir mais do que perguntar, junto à cama do paciente, para entender, para refletir! É um retrato de quanto é justo um cuidado mais consciente.

De sua própria narrativa ela conta: "Conforme o paciente fala, escuto o máximo possível – não tomando notas durante a entrevista – sem interromper, a menos que seja muito necessário, não indicando, de uma maneira ou de outra, o que considero saliente, significativo ou interessante. Eu tento o melhor para registrar a dicção, a forma, as imagens, o ritmo do discurso. Eu presto atenção – enquanto me sento na borda da cadeira, junto à cama, absorvendo o que está me falando – metáforas, expressões idiomáticas, gestos, bem como o enredo e as personagens representadas para mim pelo paciente… Eu ouço não apenas o conteúdo de sua narrativa, mas também a sua forma…seus silêncios, onde ele escolhe começar a contar de si mesmo, como ele sequencia os sintomas com outros eventos de sua vida. Após alguns minutos, o paciente para de falar e começa a chorar. Eu pergunto por que ele chora. Ele diz: ninguém nunca me deixou fazer isso antes."

Este é o significado de se permitir ao médico tempo suficiente para interagir com o paciente sem comprometer a qualidade da atenção médica. Pode ser a base da segurança, quando os cuidados são mais humanos, mais éticos, mais efetivos.

Dos inúmeros exemplos de segurança do paciente, este texto é apenas um que retrata o que li e busquei em "Slow Medicine”, Rita Charon e em "Narrative medicine, honoring the stories of illness (2016); Medicina narrativa, Rita Charon (2019); Bioética, Charon et ali, (2020).

Proteger o paciente garantindo a sua segurança é dever de todos, principalmente daqueles médicos e enfermeiros diretamente envolvidos nesta nunca terminada busca de alcançar seu mais nobre desejo.

 

José Carlos Barbério, presidente do IEPAS – Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde

 

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