Testes da vacina da dengue em humanos começam no Recife

Medicamento foi elaborado pelo Instituto Butantan de São Paulo

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Os testes clínicos em humanos da vacina contra dengue, elaborada pelo Instituto Butantan de São Paulo, começaram no dia 20 de outubro no Recife. Ao todo, serão 1,2 mil voluntários estudados durante os cinco anos da pesquisa. A capital pernambucana é a terceira cidade do Nordeste a realizar os testes. A intenção é elaborar uma vacina com dose única. O estudo acompanhará 1,2 mil voluntários com idades entre 2 e 59 anos. A pesquisa terá três etapas – 18 a 59, 7 a 17 e 2 a 6 anos – que durará dois anos. Os outros três anos servirão para analisar todos os dados e as variáveis colhidas durante as etapas.
 
Na data, três voluntários do primeiro grupo (18 a 59) receberam a vacina. Ela é desenvolvida pelo Instituto Butantan, unidade da Secretaria do Estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês). No Recife, os testes ocorrerão no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, a Fiocruz, sob supervisão do médico e pesquisador Ernesto Torres de Azevedo. O start da vacinação no Recife ainda contou com a presença do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do governador de Pernambuco, Paulo Câmara.
 
Os ensaios clínicos já acontecem em Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), Fortaleza (CE), Aracaju (SE), Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT), além de três centros de pesquisa em São Paulo. Os testes envolverão 17 mil voluntários das cinco regiões do Brasil. A vacina é produzida com vírus vivos. Na última etapa dos testes, 2/3 dos voluntários receberão a vacina e 1/3 um placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem o vírus.
 
Somente pessoas saudáveis poderão participar do estudo. Elas poderão ter tido dengue ou não. Por ser um bairro próximo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na capital pernambucana, a amostragem ocorrerá apenas com os moradores do Engenho do Meio por conta da necessidade de um acompanhamento mensal. "Nós vamos visitar as casas e perguntar quem gostaria de participar da pesquisa. A meta é visitar 1.500 casas. Caso o morador aceite ser voluntário, será agendado um exame físico e uma entrevista com um médico", explicou Ernesto.
 
O pesquisador acrescentou que os testes com a vacina foram satisfatórios até agora. "Até o momento se sabe que essa vacina induz uma resposta imunológica contra os quatro sorotipos de dengue. O perfil de segurança dela é bastante razoável. Os efeitos colaterais leves, que podem aparecer em algumas pessoas, são pequenas pintas vermelhas que ocorrem na pele, mas nada grave. Quando elas tiverem qualquer sintoma de febre, elas vão nos contactar e nós vamos verificar se é dengue ou não. Essa é a forma que tradicionalmente se quantifica a eficácia da vacina. Você acompanha no grupo todos os potenciais casos de dengue que tenham ocorrido", acrescentou Ernesto.
 
O governador Geraldo Alckmin se mostrou confiante de que a vacina será comercializada após os testes. "Nós estamos na última fase para pedir o registro da Anvisa e produzi-la em escala industrial. A fábrica da vacina já está quase pronta no Instituto Butantan, em São Paulo. Deve ficar pronta em dezembro deste ano. O mundo não tem nenhuma vacina contra os quatro tipos da dengue. Ela será a primeira no mundo e 40% do mundo tem essa arbovirose. Quanto mais rápido viabilizarmos as vacinas, mais rápido a gente terá uma resposta", ponderou o tucano.
 
Histórico
Em 2008, o Instituto Butantan firmou parceria com NIH e passou a desenvolver no Brasil uma vacina similar a uma das estudadas pelo instituto americano, composta pelos quatro tipos de vírus da dengue. Um dos grandes avanços do Butantan no desenvolvimento da vacina, segundo o instituto, foi a formulação liofilizada (em pó), que garante a estabilidade necessária para manter os vírus vivos em temperaturas não tão frias.
 
Isso permite seu armazenamento em sistemas de refrigeração comum, como geladeiras, além de aumentar o período de validade da vacina em um ano. Nas etapas anteriores, a vacina foi testada em 900 pessoas. Seiscentas na primeira fase de testes clínicos, realizada nos EUA pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São Paulo.

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