3 de fevereiro de 2016

Microcefalia e zika: OMS decreta emergência de saúde pública mundial

O surto de microcefalia e o aumento dos casos de complicações neurológicas que acenderam o alerta vermelho da saúde no Brasil desde o segundo semestre do ano passado agora são oficialmente um problema global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência de Saúde Pública de importância internacional diante do quadro, situação que só havia ocorrido outras três vezes na história, a última delas com a epidemia de ebola. Mesmo sem confirmar a relação do surto com o zika vírus, transmitido pelo Aedes aegypti, a organização recomendou aos governos adotar uma política de vigilância máxima. 
 
O zika circula em 22 países e está em grau 2 de emergência, numa escala de 0 a 3. O anúncio aconteceu em Genebra, na Suíça, durante encontro com especialistas. Para o órgão, a explosão de casos de microcefalia é suficiente para decretar emergência. 
 
“O zika vírus por si só não é a emergência internacional”, disse David Heymann, médico que presidiu a reunião dos cientistas. O diretor de Emergência da OMS, Bruce Aylward, também confirmou a posição da entidade. “A emergência são os grupos de doenças (neurológicas)”, disse. 
 
A partir de agora, será feito um apelo internacional por recursos para financiar novas pesquisas e tentar determinar a relação entre o vírus e a malformação genética que altera o desenvolvimento neurológico dos bebês. 
 
Essa é também a expectativa da secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque. “É um vírus novo. Sabemos pouco sobre ele, estamos fazendo história e ciência”, lembrou. No país, a notificação do zika passará a ser compulsória a partir da próxima semana, quando os laboratórios estaduais receberão os testes para confirmação da presença do vírus no organismo. 
 
De forma imediata, a OMS sugeriu medidas para conter a proliferação do mosquito, sem incluir a restrição de viagens aos países afetados. A preocupação é evitar orientações para não vir aos Jogos Olímpicos. As recomendações são para as grávidas tomarem medidas extras de proteção, que os aviões sejam desinfectados e que os serviços de saúde se preparem para o aumento de casos neurológicos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entre três milhões e quatro milhões de pessoas poderiam ser contaminadas pelo vírus zika em 2016 nas Américas. 
 
Bruce Aylward admitiu que o zika vírus é “um teste de uma nação” para o Brasil e pediu “maturidade” a grupos políticos e atores da sociedade. A OMS estima que o vírus pode ser registrado em casos locais no sul da Europa a partir da primavera no Hemisfério Norte.
 
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que o reconhecimento internacional deve facilitar a busca de parcerias, reunindo esforços de governos e especialistas para enfrentar a situação e disse, ainda, que afirmou à OMS a possiblidade de um evento de importância internacional desde o ano passado. Amanhã, a presidente Dilma Rousseff fará pronunciamento em rede nacional para pedir a mobilização da sociedade contra o Aedes. 
 
FOTO: Fabrice Coffrinni/AFP

Governo estuda flexibilizar plano de saúde individual

Ganhou força nas últimas semanas o pleito das operadoras de planos de saúde para a liberação dos reajustes dos contratos individuais, que hoje são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Além da liberdade para aumentar os preços, as empresas querem ter o direito de rescindir esses contratos de forma unilateral. O assunto foi debatido em 26 de janeiro, em uma reunião realizada na Casa Civil. Estavam presentes representantes dos ministérios da Saúde e da Justiça, além do diretor-presidente da ANS, José Carlos de Souza Abrahão. Para autorizar a rescisão unilateral dos contratos, será necessária uma mudança na Lei 9.656/98, que dispõe sobre os planos de saúde e veta a ruptura – salvo em casos de fraude ou inadimplência superior a 60 dias.
 
Existe na ANS a expectativa de que uma consulta pública seja aberta para debater o assunto. A ideia é que mudança atinja apenas os novos contratos que venham a ser comercializados, já que os beneficiários que adquiriram os planos sob as regras antigas teriam direito adquirido. Para liberar os reajustes, é exigida apenas a aprovação, por maioria simples, da diretoria da agência, que é composta por cinco membros: José Carlos de Souza Abrahão (presidente), Martha Regina de Oliveira (desenvolvimento setorial), Leandro Reis Tavares (normas e habilitação), Simone Freire (fiscalização) e Karla Santa Cruz Coelho (gestão). Durante a reunião na Casa Civil, a ANS foi orientada a retomar os estudos referentes à liberação dos reajustes dos planos individuais, uma demanda antiga das operadoras. 
 
Até pouco tempo atrás, a maioria do colegiado resistia à ideia, mas o Valor apurou que o cenário mudou e está bem mais favorável às operadoras. A avaliação é de que a situação econômica do país vai puxar para cima os custos das empresas, levando os reajustes dos planos individuais a patamares mais próximos dos corporativos, cujos preços são livres. No ano passado, a ANS autorizou um reajuste de 13,55% para os contratos individuais, enquanto que os coletivos subiram ao redor de 19%. "Com a situação econômica atual, a tendência é de que os cálculos para reajuste dos planos individuais cheguem perto dos 20%, que é o patamar dos corporativos", explicou uma fonte na ANS. Os valores da próxima revisão serão apresentados em maio ao Ministério da Fazenda. Por ora, a ANS já começou a trabalhar na elaboração de um novo modelo de cálculo para os reajustes dos planos individuais, que deixaram de ser comercializados. O Brasil conta hoje com cerca de 10 milhões de contratos desta categoria.
 
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as principais operadoras do país, informou que desconhece a existência desses debates no governo. A entidade salientou, entretanto, que vem alertando a ANS para o "urgente"equacionamento da regulação dos planos individuais. "As atuais políticas, em especial aquelas referentes às definições dos índices de reajuste dos planos individuais, não contribuem para a expansão da oferta. O desequilíbrio nas despesas assistenciais – e que, inevitavelmente, se reflete nas mensalidades – não encontra solução pelo controle dos reajustes. Há inúmeros exemplos de fracasso no país dessa política", registrou, em nota, a FenaSaúde. Além da rescisão unilateral e da liberação dos reajustes, as operadoras pedem redução nas multas aplicadas pela ANS. A recusa de um atendimento, por exemplo, pode render uma punição de R$ 80 mil, cifra que as empresas consideram desproporcional se comparada aos cerca de R$ 60 pagos por uma consulta. Oficialmente, a agência não comenta as discussões. Por meio de sua assessoria, informou que não há estudos para mudanças nas regras atuais. O Ministério da Saúde não se manifestou até o fechamento desta edição.
 

Ex-ministro da Saúde apoiará pedido de aborto legal por microcefalia no STF

O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PSB-RJ) diz que apoiará a ação pelo direito legal ao aborto de fetos com microcefalia, que deve ser levada ao Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas.
 
"Me coloquei à disposição (do grupo que levou a questão ao Judiciário) e vamos continuar em contato", diz Temporão, ministro entre 2007 e 2011, no segundo governo Lula. "Eu apoio que isso seja levado ao Supremo e que se levante a discussão."
 
Nas palavras do médico, atual diretor executivo do Instituto Sul-americano de Governo em Saúde (ISAGS), o projeto "já nasceria derrotado" caso a discussão acontecesse na Câmara dos Deputados. "Jamais passaria. Este é talvez o mais reacionário corpo de deputados e senadores da história republicana", diz.
 
Daí vem a escolha pelo poder Judiciário. "O Brasil vive um momento na política em que o cinismo, a mentira e a hipocrisia têm que terminar no contexto do aborto. Temos que enfrentar a realidade e deixar de fingir que não estamos vendo o que acontece. Abortos ilegais são feitos todos os dias nas camadas mais ricas da sociedade."
 
Como a BBC Brasil revelou na última quinta-feira, o mesmo grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos no STF, acatada em 2012, se organiza para levar ação similar à Suprema Corte em meio à epidemia de microcefalia que se espalha pelo país.
 
À frente da ação, a professora Debora Diniz diz que a interrupção de gestações "é só um dos pontos de uma ação maior", que também cobra políticas que erradiquem o mosquito Aedes aegipty, vetor do zika vírus, e garantias de acompanhamento e tratamento de crianças com deficiência ou má-formação por conta da doença.
 
'Que país é este?'
 
Durante seu mandato como ministro, Temporão defendeu publicamente, por diversas vezes, o direito à escolha pelo aborto legal como questão de "saúde pública". Na época, chegou a afirmar que a discussão era conduzida no país "de forma machista".
 
"A presidente Dilma nunca falou sobre o assunto e nenhum dos ministros que me sucedeu tocou no tema. Eu me arrisquei, botei meu rosto no debate e nunca recuei", diz hoje, se definindo como um "homem militante da causa feminista".
 
"A questão tratada nesta demanda ao Supremo se refere aos direitos da mulher", prossegue Temporão. "Caso seja comprovada esta relação entre zika e microcefalia, a mulher deve ter o direito de levar a gravidez adiante ou não."
 
O avanço da microcefalia e do zika vírus nas Américas foi declarado como emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em reunião em Genebra nesta segunda-feira. Segundo a organização, o zika seguirá se alastrando rapidamente pelo continente e poderá afetar até 4 milhões de pessoas neste ano, com até 1,5 milhão de vítimas no Brasil.
 
A OMS ainda investiga a "potencial" relação entre o vírus e os casos de microcefalia, diz Bruce Aylward, diretor-executivo da instituição.
 
"Nesta etapa, o que precisamos é obter mais evidências científicas e de saúde pública que deem substância à questão que irá ao Supremo", argumenta Temporão. "Há robustas evidências epidemiológicas e clínicas, mas ainda não há comprovação determinada e absoluta. Por isso coloquei que é muito importante ouvir e ler mais sobre o tema."
 
O ex-ministro, que atendeu ao telefonema da reportagem em um hotel em Quito, no Equador, cita diversas o médico Drauzio Varella, que afirmou à BBC Brasil nesta terça-feira que a proibição do aborto no Brasil "pune quem não tem dinheiro".
 
"Que país é este que faz vista grossa para que a classe média faça o aborto e coloca na cadeia aquelas que ousam fazer, mas são pobres?", indaga Temporão, afirmando que o Brasil e a maioria dos países da América Latina estão entre os "mais atrasados do mundo" na legislação sobre o aborto legal.
 
'Falsa impressão'
 
Para o médico, que não quis comentar a gestão do atual ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-RJ), "é um absurdo que a sexta economia do mundo tenha índices tão altos de infestação" pelo vírus.
 
"Basta comparar bairros mais ricos e mais pobres, a diferença (na incidência da doença) é gritante. Isso coloca em risco de maneira diferenciada essas mulheres", afirma.
 
Temporão afirma que haveria "uma falsa impressão" de que epidemia seria fruto da "negligência das pessoas". Para o ex-ministro, a principal culpa é do Estado, que não ofereceria "coleta de lixo, fornecimento correto de água e esgotamento sanitário" de forma adequada.
 
"Cerca de 80% dos focos no Nordeste não estão lá por culpa das famílias. Elas não têm acesso a água de forma contínua, por isso estocam. O Brasil enfrenta surtos permanentes de zika, dengue e chikungunya há 30 anos porque estas questões não foram atacadas."
 
Foto: ISAGS

Anvisa aprova testes que diferenciam zika de dengue e outros vírus

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, em 3 de fevereiro, o registro de dois testes de laboratório que possibilitam a detecção dos vírus da dengue, chikungunya e zika com apenas um exame, e um terceiro que pode verificar a presença do vírus em amostras biológicas em estudo.
 
Um dos exames é feito pelo laboratório alemão Euroimmun, e os demais pelo brasileiro Quibasa/Euroclin. O governo brasileiro pretende distribuir esses testes para 29 laboratórios credenciados a partir do final deste mês, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.
 
Atualmente, o sistema de saúde não tem como diferenciar os três vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, e em muitos casos a contaminação do zika era registrada como dengue.
 
A partir desta semana, o governo começa a distribuir um outro exame, que permite a testagem apenas para o zika e começará a notificação compulsória dos casos, o que não era feito até agora.
 
Viremia
 
Os exames que diferenciam as três doenças, aprovados pela Anvisa, permitirão aos laboratórios identificar cada uma delas, mas funcionam apenas no período chamado de viremia –quando o doente apresenta os sintomas– e, no caso da Zika, em que esse período é curto, tem menor eficácia.
 
Os laboratórios nacionais trabalham no desenvolvimento de um outro exame que possa detectar a presença de anticorpos do vírus mesmo depois da infecção ter acabado.
 
O Ministério da Saúde informou que os casos suspeitos e confirmados de recém-nascidos com má-formação cerebral ligada ao Zika vírus no Brasil subiram para 4.074 até 30 de janeiro, ante 3.718 na semana anterior. Foram registrados no total 4.783 casos suspeitos de microcefalia no país desde outubro, dos quais 709 foram descartados.

Regionais e sindicatos reúnem-se para o Planejamento Estratégico 2016

Nos dias 1º e 2 de fevereiro foram promovidas, pelo departamento de Operações Regionais (Geopre), da FEHOESP, reuniões com os representantes das regionais do SINDHOSP de Bauru, Campinas, Sorocaba, ABC, Santos, São José do Rio Preto e São José dos Campos; e também dos demais sindicatos da Federação: SindJundiaí, SindMogi, SindhosPru, SindRibeirão e SindSuzano, com o objetivo de discutirem o Planejamento Estratégico de 2016. Os encontros ocorreram na sede do SINDHOSP e da FEHOESP, em São Paulo.
 
“Cada departamento do Sindicato e da Federação explanou as novidades, as novas diretrizes em relação aos seus respectivos departamentos. O objetivo destes dois dias foi fechar o Planejamento Estratégico”, afirmou Erik von Eye, gerente de Operações Regionais, e que esteve à frente das reuniões.
 
Também durante o encontro, os coordenadores dos departamentos das duas entidades detalharam as atividades realizadas durante o ano e os representantes tiveram a oportunidade de sanar suas dúvidas e dar sugestões para os trabalhos em 2016.  
 
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