10 de junho de 2016

Novos métodos ajudam no tratamento do Alzheimer

Esquecer acontecimentos recentes é um sintoma que deve ser avaliado com muito cuidado entre os idosos. Muitas vezes esse comportamento pode estar associado ao Alzheimer, doença degenerativa cerebral. Essa patologia atinge, geralmente, os indivíduos com mais de 65 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 47,5 milhões de pessoas sofrem de demência e há 7,7 milhões de novos casos por ano. O Alzheimer é uma das causas mais comuns dessa doença e pode contribuir com uma média entre 60% e 70% dos casos.
 
O Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP tem realizado diversos estudos para melhorar os instrumentos de diagnóstico, tratamento e conhecimento desse distúrbio neurológico.  De acordo com o professor e médico Orestes Forlenza, do Laboratório de Neurociências do IPq, existem dois mecanismos patológicos importantes que causam o Alzheimer. O primeiro está associado à formação de placas senis (ou neuríticas) no tecido cerebral; essas placas são originadas pelo acúmulo de um peptídeo neurotóxico conhecido como beta-amiloide. Esse fragmento proteico é gerado a partir de uma clivagem (corte) anormal da proteína precursora do amiloide, chamada APP.  O pesquisador explica que, em condições normais, a clivagem da APP não gera o beta-amiloide, mas sim outro fragmento proteico com funções protetoras ao metabolismo neuronal.
 
Um segundo mecanismo associado ao desenvolvimento da doença de Alzheimer decorre do colapso da estrutura que dá sustentação às células nervosas (o citoesqueleto neuronal). De acordo com o professor, esse processo ocorre por conta do excesso de fosforilação de uma proteína denominada Tau, que é responsável por estabilizar o citoesqueleto. Quando ocorre a hiperfosforilação da Tau, ela perde essa função e ocorre colapso progressivo dos neurônios, formando-se os filamentos helicoidais pareados (PHF), que são ricos em Tau hiperfosforilada. Este processo leva à formação dos emaranhados neurofibrilares. As placas neuríticas e os emaranhados neurofibrilares são os marcadores patológicos da doença de Alzheimer e a sua formação está ligada ao desenvolvimento dos sintomas clínicos da doença.
 
O IPq vem desenvolvendo diversas linhas de pesquisas relacionadas ao Alzheimer. No Laboratório de Neurociências (LIM-27), Forlenza coordena um grupo de pesquisadores no desenvolvimento de uma tecnologia inovadora para assessorar o diagnóstico dos distúrbios da memória. Este estudo se baseia no monitoramento da movimentação ocular durante uma sessão de testes de memória, por meio de um aparelho denominado Eye-tracker. Segundo ele, pacientes acometidos pela doença de Alzheimer apresentam um padrão de movimentação ocular diferente de pessoas normais. “Essa informação poderá auxiliar na identificação de casos com sintomas muito leves”, menciona o médico.
 
Outro estudo em que a equipe é pioneira no Brasil realiza o diagnóstico clínico da doença a partir de marcadores biológicos. Esses biomarcadores podem ser determinados em fluidos corporais, tais como no líquor (líquido cefalorraquidiano) e em sangue periférico (por exemplo, plasma, leucócitos ou plaquetas), e refletem alguns dos processos patológicos cerebrais característicos da doença. Outra forma de estudo dos biomarcadores consiste no uso de métodos de imagem cerebral, tais como a ressonância magnética e a PET (tomografia por emissão de pósitrons). 
Por meio dessas tecnologias, é possível identificar correlatos da deposição do peptídeo beta-amiloide e do acúmulo da proteína Tau, bem como das consequências desses processos patogênicos, sem a necessidade de examinar diretamente os tecidos cerebrais.No caso dos biomarcadores liquóricos, essas informações podem ser obtidas a partir do exame do líquido que banha o sistema nervoso, obtido por meio de uma punção lombar. De acordo com Forlenza, mede-se a concentração do peptídeo beta-amiloide, da proteína Tau total e de sua forma fosforilada no líquor; dependendo da combinação desses resultados, é possível estimar o risco de desenvolvimento futuro de doença de Alzheimer em indivíduos com sintomas muito discretos.
 
No LIM-27, também são realizados estudos para avaliar a eficácia de intervenções terapêuticas para pacientes com doença de Alzheimer. Um deles, que é realizado pelo laboratório do IPq, consiste no uso do lítio no tratamento de pacientes com doença em estágio inicial. O professor menciona que há décadas esse medicamento é usado para tratar várias doenças psiquiátricas, como, por exemplo, o transtorno bipolar. Recentemente, foram revistas as propriedades dessa substância e descobertas novas propriedades neuroprotetoras. Os pesquisadores fizeram alguns testes controlados, ministrando lítio para os pacientes com queixas de memória, e perceberam tanto uma diminuição do declínio cognitivo/funcional como também a modificação de parâmetros biológicos relacionados à formação do beta-amiloide e à fosforilação da proteína Tau.
 
Outra forma de tratamento é por métodos não farmacológicos. O IPq desenvolve intervenções de reabilitação cognitiva e funcional através de um programa de hospital-dia geriátrico, onde os pacientes frequentam oficinas terapêuticas. O professor também destaca a atenção que deve ser dada aos familiares e cuidadores dos idosos com Alzheimer. Geralmente, por carregarem uma quantidade de trabalho muito grande, além do sofrimento inerente ao fato de terem um familiar acometido, os cuidadores de pacientes com demência acabam desenvolvendo transtornos psíquicos variados, geralmente relacionados à sobrecarga, tais como insônia, depressão e ansiedade.
 
Tratamento
 
Embora ainda seja incurável, existe muito a se fazer pelos pacientes acometidos pela doença de Alzheimer. Para que o tratamento seja mais eficaz, o ideal é estabelecer o diagnóstico nas suas fases iniciais. Os familiares precisam estar atentos aos sintomas que acometem os idosos, como perda da capacidade de lembrar fatos recentes e a dificuldade de raciocínio.
 
Os medicamentos aprovados para o tratamento da doença de Alzheimer compensam algumas deficiências no funcionamento cerebral, fortalecendo a capacidade cognitiva do indivíduo e melhorando eventuais alterações do comportamento; porém, não alteram o processo que leva à destruição neuronal. Assim, a pessoa pode re

Perguntas e respostas

O que é a infecção pelo zika vírus?
É uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como Aedes aegypti, caracterizada por exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias.
 
Como é transmitida?
O principal modo de transmissão descrito do vírus é por vetores (mosquito Aedes aegypti). No entanto, está descrito na literatura científica a ocorrência de transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, perinatal e sexual, além da possibilidade de transmissão transfusional.
 
Qual o prognóstico?
Vem sendo considerada uma doença benigna e autolimitada, com os sinais e sintomas durando, em geral, de 3 a 7 dias. Ainda não foram descritas formas crônicas da doença.
 
Há tratamento ou vacina contra o zika vírus?
Não existe tratamento específico. Não há vacina contra o zika vírus.
 
Como evitar e quais as medidas de prevenção e controle?
As medidas de prevenção e controle são semelhantes às da dengue e chikungunya. Não existem medidas de controle específicas direcionadas ao homem, uma vez que não se dispõe de nenhuma vacina ou drogas antivirais.
 
Prevenção domiciliar
Deve-se reduzir a densidade vetorial por meio da eliminação da possibilidade de contato entre mosquitos e água armazenada em qualquer tipo de depósito, impedindo o acesso das fêmeas grávidas com o uso de telas/capas; ou mantendo os reservatórios, ou qualquer local que possa acumular água, totalmente cobertos. Em caso de alerta ou de elevado risco de transmissão, a proteção individual por meio do uso de repelentes deve ser implementada pelos habitantes.
 
Individualmente, pode-se utilizar roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, proporcionando alguma proteção contra as picadas dos mosquitos, principalmente durante surtos; além do uso de repelentes na pele exposta ou nas roupas.
 
Prevenção na comunidade
As comunidades devem se basear nos métodos realizados para o controle da dengue, utilizando estratégias eficazes para reduzir a densidade de mosquitos vetores. Um programa de controle da dengue em pleno funcionamento irá reduzir a probabilidade de um ser humano virêmico servir como fonte de alimentação sanguínea, e de infecção para Aedes aegypti e Aedes albopictus, levando à transmissão secundária e a um possível estabelecimento do vírus nas Américas.
 
Os programas de controle da dengue para o Aedes aegypti, tradicionalmente, têm sido voltados para o controle de mosquitos imaturos, muitas vezes por meio de participação da comunidade em manejo ambiental e redução de criadouros.
 
Procedimentos de controle de vetores (mosquitos)
As orientações da OMS e do Ministério da Saúde do Brasil para a dengue fornecem informações sobre os principais métodos de controle de vetores e devem ser consultadas para estabelecer ou melhorar programas existentes. O programa deve ser gerenciado por profissionais experientes, como biólogos com conhecimento em controle vetorial, para garantir que ele use recomendações de pesticidas atuais e eficazes, incorpore novos e adequados métodos de controle de vetores segundo a situação epidemiológica e inclua testes de resistência dos mosquitos aos inseticidas.
 
Como denunciar os focos do mosquito?
As ações de controle são semelhantes aos da dengue, portanto voltadas principalmente na esfera municipal. Quando o foco do mosquito é detectado, e não pode ser eliminado pelos moradores de um determinado local, a Secretaria Municipal de Saúde deve ser acionada.
 
O que fazer se estiver com os sintomas de febre por vírus zika?
Procurar o serviço de saúde mais próximo para receber orientações.  
 
Que exames para o diagnóstico da infecção pelo vírus zika estão cobertos pelo meu plano de saúde? 
Os planos de saúde estarão obrigados a cobrir, a partir de julho, três tipos de exames para o diagnóstico da infecção pelo vírus Zika em gestantes e bebês. São eles: PCR para zika e pesquisa de anticorpos IGM e IGG para zika.
 
Por que a ANS definiu as gestantes e bebês como o grupo prioritário neste momento?
O conhecimento sobre a infecção pelo vírus zika ainda está sendo construído. Neste momento, sabe-se que a infecção pelo vírus zika é geralmente benigna e assintomática. Ainda não há tratamento específico. Desta forma, para a população em geral a realização destes exames não altera a conduta clínica. 
 
Nas gestantes e bebês isso é um pouco diferente, uma vez que já foi comprovada a relação da infecção pelo vírus da zika e a ocorrência de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central. Nestes casos, um teste diagnóstico positivo para infecção pelo vírus Zika pode alterar a conduta clínica no acompanhamento de gestantes e bebês.
 
Se eu estou grávida o que meu plano irá cobrir? 
O acompanhamento pré-natal com o obstetra, exames como a ultrassonografia obstétrica, que pode auxiliar no diagnóstico de feto com microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central, bem como todos os exames pré-natais de rotina já são de cobertura obrigatória. Os exames laboratoriais para o diagnóstico da infecção pelo vírus zika estarão cobertos a partir de julho. 
 
Se o bebê nascer com microcefalia o que meu plano irá cobrir?
As consultas com pediatra e acompanhamento de puericultura, exames para a confirmação da microcefalia e suas complicações. Ultrassonografia transfontanela, tomografia de crânio, exames de audição, neurológicos e de acuidade visual s&

Instituto Sírio-Libanês promove curso de aprimoramento em medicina intensiva

Entender a monitorização hemodinâmica, ajustar o ventilador mecânico de um paciente grave e realizar a punção de acesso venoso central. Estas são algumas das aptidões necessárias em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e que tem aumentado o número de médicos, acadêmicos e residentes em medicina que buscam o aprimoramento na área. Atento às necessidades no setor de saúde, o Instituto Sírio- Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP/HS) promove no mês nos dias 17 e 18 de junho, a 8a edição do curso de habilidades práticas em medicina intensiva.
 
“São profissionais de várias regiões do país que têm a necessidade de saber como atuar em uma UTI, ou que buscam se aperfeiçoar na medicina intensiva, uma especialidade que vem crescendo com os avanços da tecnologia hospitalar, somada às mudanças dos perfis das doenças e dos pacientes, bem como com o envelhecimento da população”, afirma Luciano Azevedo, médico intensivista e coordenador do curso.
 
“Os destaques deste curso são o corpo docente referência na área, uma aprendizagem de forma prática e a interação do aluno com os procedimentos e habilidades necessárias para realizar as atividades em UTI”, completa o José Paulo Ladeira que também atua na área de medicina intensiva e na coordenação.
 
Entre os temas que serão abordados nos dois dias de curso está também o de “Comunicação de doenças graves”, na qual os alunos discutirão o tema com o instrutor, e observarão a interação dele com um ator. Posteriormente, os alunos terão interação direta com o ator. “Esta forma realista de mostrar como agir é que faz o diferencial do curso”, finaliza o Azevedo.
 
 
Serviço
Evento: Curso de Habilidades Práticas em Medicina Intensiva
Data: 17 e 18 de junho
Local: Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa
Endereço: Rua Professor Daher Cutait, 69 – São Paulo-SP
Informações: https://iep.hospitalsiriolibanes.org.br/web/iep/-/curso-de-habilidades-praticas-em-medicina-intensiva 
 

43º CBAC será realizado em SP

Após 23 anos, o Congresso Brasileiro de Análises Clínicas (CBAC) volta a ser sediado na cidade de São Paulo. O evento, que está na 43ª edição e que é organizado pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (Sbac) com apoio do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), será entre os dias 26 e 29 de junho de 2016, no Palácio das Convenções do Anhembi. Trabalhos científicos serão expostos durante o congresso.
 
A comissão organizadora do evento espera a participação de 2,5 mil congressistas, 100 expositores e uma extensa e completa programação científica abordando temas nas áreas de hematologia, microbiologia, parasitologia, bioquímica, imunologia, citologia, gestão laboratorial, qualidade laboratorial, toxicologia, genética forense, farmácia clínica e tópicos especiais (autotestes, testes rápidos, point of care).
 
Em paralelo, serão realizados o 4º Núcleo de Gestão e Qualidade, o 2º Fórum de Proprietários de Laboratórios e o Simpósio Satélite de Microbiologia Clínica.
 
“Estamos muito entusiasmados e ansiosos para apresentar este projeto que, ao mesmo tempo que é tão tradicional, chegando à sua 43ª edição, traz sempre inovações seja na sua programação científica, nas atividades sociais, na abrangência ou na riqueza de produtos e serviços apresentada pelos expositores”, comentou dr. Jerolino Lopes Aquino, presidente da Sbac.
 
“Somos convictos que o Congresso contribuirá para o crescimento profissional dos colegas que atuam na área de análises e que buscam aperfeiçoar seus conhecimentos teóricos e práticos”, completou o dr. Marcos Machado, diretor-tesoureiro do CRF-SP e presidente do 43º CBAC.
 
Para mais informações e inscrições clique aqui.
 
 
 
 
 
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