Os medicamentos genéricos não apenas puxaram o crescimento das vendas na indústria farmacêutica brasileira no primeiro semestre como impediram a retração do mercado de medicamentos no país.
Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, a PróGenéricos, aponta que as vendas do segmento cresceram 11,5% em unidades nos seis primeiros meses 2014, em relação ao mesmo período de 2013. Foram comercializadas 416,1 mil unidades da categoria de medicamentos contra 373,1 no primeiro semestre do ano passado.
Em receita bruta, as vendas de medicamentos genéricos somaram R$7,5 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano contra R$6,2 3 bilhões mesmo período do ano anterior, apresentando evolução de 18,31%
As vendas do setor como um todo, incluindo todas as demais categorias de medicamentos somadas aos genéricos, apresentaram crescimento de 7,8%, ou seja, saíram de 1,381 bilhão entre janeiro e junho de 2013 e atingiram a marca de 1,489 bilhão de unidades no mesmo período deste ano. Em valores, o total das vendas no varejo farmacêutico brasileiro no primeiro semestre somaram R$ 30,9 bilhões de reais contra R$ 27,3 bilhões no mesmo período de 2013, crescimento de 13,26%.
O levantamento mostra, ainda, que ao excluirmos os genéricos dos resultados do mercado farmacêutico nacional, o desempenho das vendas em unidades foi de 6,8%. Em valores, sem os genéricos a receita com as vendas da indústria farmacêutica teriam apresentado leve retração de 0,1%.
“A estagnação da economia brasileira, que prejudica o crescimento da renda da população, tem afetado as vendas da indústria farmacêutica, inclusive os genéricos. Estamos crescendo menos do que deveríamos crescer, pois os genéricos dependem de políticas e ações governamentais ainda mais intensas focadas na ampliação do acesso. Nosso desempenho foi 47% superior ao restante do varejo farmacêutico”, analisa Telma Salles, presidente executiva da PróGenéricos.
Na visão da executiva, o cenário atual mostra o quanto os genéricos são imprescindíveis do ponto de vista de saúde pública e também do ponto de vista do mercado. “Os genéricos oferecem a possibilidade de a população continuar tendo acesso a medicamentos com qualidade e preço baixo. Por outro lado, é o segmento que vem possibilitando às empresas minimizarem as eventuais perdas que porventura possam ocorrer com esse cenário de retração nas vendas”, explica.
Cenário e perspectivas
A PróGenéricos revisou sua expectativa de crescimento para 2014. “Imaginávamos crescer 20% em unidades, porém, ficaríamos satisfeitos se conquistássemos um crescimento de 15% nas vendas”, afirma Salles.
A entidade afirma que uma revisão no sistema tributário de medicamentos poderia reverter o cenário de estagnação vivido por toda indústria no momento atual. “Os genéricos ficariam ainda mais baratos”, diz.
Salles ressalta também que o principal atributo dos genéricos, a intercambialidade, é fundamental para manutenção das conquistas trazidas pelos genéricos e também para continuar garantindo crescimento para as indústrias. “É bom para todos os lados, população, indústria e governo, assegurar aos genéricos a prerrogativa da intercambialidade. Mudanças precipitadas podem confundir consumidores, fragilizar grandes empresas, mudar políticas de descontos que garante preços mais acessíveis aos genéricos, travando o objetivo do governo que é garantir a ampliação doa cesso a medicamentos”, conclui.