Clínicas psiquiátricas precisam se dar mais valor

Palestra abordou a relação dos serviços com os planos de saúde

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Este foi o principal recado dado pela psiquiatra Rosita Ponte de Araújo, sócia-diretora do Núcleo Sistema de Saúde Mental, que palestrou no SINDHOSP  em 13 de agosto, a convite do departamento de Saúde Mental do Sindicato. O objetivo do encontro foi debater os desafios e as oportunidades para o setor, que sofre com o fechamento de leitos em massa para o atendimento ao SUS e ainda encontra dificuldades para se alocar no mercado suplementar. 
 
Para Rosita, o fato de não existirem muitos serviços nem muitos psiquiatras no país é uma oportunidade. “Temos que saber o nosso valor. Hoje a cobertura em psiquiatria aumentou, e é preciso saber dialogar com os planos em relação a custos. O paciente oncológico gasta muito mais do que nosso paciente psiquiátrico, por exemplo”. 
 
Segundo sua projeção, aproximadamente 10 milhões de usuários de planos de saúde necessitam de atendimento em saúde mental. Sem contar que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apertou o cerco em relação à cobertura obrigatória dos planos, e aumentou o poder de voz dos usuários para reclamações e denúncias. “As operadoras estão mais atentas aos pacientes, porque a ANS recebe reclamações e pune. As multas são altas, chegam a R$ 80 mil por dia. Daí o interesse dos planos em negociar”, afirmou.
 
Outro apontamento interessante, dado por Rosita, foi a questão da esquizofrenia. No Brasil, cerca de dois milhões de pessoas sofrem da doença, e terão de receber atendimento e tratamento. E a esquizofrenia é um dos Códigos Internacionais de Doença (CID) que, pela regulação que houve dos anos 2000 para cá, possui cobertura sem limites pelos planos de saúde. Assim como transtorno bipola.
 
A psiquiatra comentou sobre a experiência bem sucedida do seu serviço em relação à negociação. Depois que a ANS regulamentou a aplicação de medicação injetável de longa ação em hospital-dia psiquiátrico, as operadoras perceberam que o custo era menor do que sucessivas internações. “O relacionamento com o convênio precisa ser muito claro. Não temos psiquiatras suficientes para trabalhar como auditores nas operadoras, por isso, se soubermos demonstrar o custo-benefício, fica mais fácil. Para isso, é importante ter um bom administrador. No nosso caso, a vida melhorou muito depois que contratamos um administrador para acompanhar as contas médicas”. 
 
Os convidados para a palestra lotaram o auditório, que também contou com a presença do diretor tesoureiro do Sindhosp e presidente do IEPAS, José Carlos Barbério, e do coordenador do departamento de Saúde Mental, Ricardo Mendes. 
 

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