3 de abril de 2014

Surto de dengue na Lapa e no Jaguaré já supera todo 2013

Após bater o recorde histórico de número de casos no País e no Estado de São Paulo em 2013, a dengue agora preocupa moradores da zona oeste da capital. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, o bairro do Jaguaré já vive um surto da doença, com 169 casos em apenas três meses. Lapa é o segundo distrito da cidade com a maior incidência da doença: 98 casos desde o início de 2014.
 
Nos dois distritos, o número de casos registrados nos três primeiros meses do ano já supera a soma de todos os registros de dengue notificados nesses locais nos últimos quatro anos.
 
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, os tipos de habitação nos dois bairros favorecem os criadouros do mosquito Aedes aegypti. "Na Lapa, há muitas casas com jardins e piscina. Vemos moradores que ainda mantêm pratos de vasos de plantas. No Jaguaré, que tem moradias mais simples, há pessoas que acumulam água em tonéis, deixam caixas d’água destampadas", diz Vivian Ailt Cardoso, porta-voz da secretaria.
 
Moradora de um prédio da Lapa, a advogada Mariana Graziela Saloppa, de 33 anos, foi uma das vítimas da doença. "Comecei com uma dor abdominal, depois uma dor muito forte no corpo, mas nunca imaginei que fosse dengue."
 
Mariana disse ter passado quatro vezes pelo médico até ter o diagnóstico correto. "Me diziam que era virose", conta. "Deveria haver uma campanha alertando os moradores sobre o risco maior da doença."
 
A Prefeitura afirma que já fez visitas em moradias dos dois bairros para eliminar criadouros do Aedes. Afirmou ainda que, para matar os mosquitos adultos, fez aplicação de inseticida no Jaguaré e programou para a semana que vem a mesma medida para as ruas da Lapa.
 
Apesar da alta na zona oeste, o número de casos registrados até agora na cidade é inferior ao do mesmo período de 2013 (751 contra 1,1 mil).
 
Recorde. Em 2013, a incidência da dengue bateu recorde em todo o País. Foram 731,5 casos por 100 mil habitantes. As autoridades consideram surto quando são registrados 300 casos por 100 mil habitantes. O recorde anterior no País havia ocorrido em 2010, quando o mesmo índice chegou a 530,3. A marca se repetiu no Estado de São Paulo, onde foram notificados 479,6 casos por 100 mil habitantes, contra 458,9 em 2010.
 
Segundo o Ministério da Saúde, a disseminação do vírus tipo 4 da dengue foi o principal responsável pelos altos índices da doença. "Esse tipo começou a ser identificado em 2011, mas foi no ano passado que ele se espalhou. Como a maioria das pessoas nunca havia tido contato, houve esse aumento", diz Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde.
 
Barbosa afirma que, embora os números tenham sido recordes, o índice de mortalidade foi inferior ao de 2010, pior ano até então. Foram 595 mortes em 2013, contra 656 três anos antes. Ele diz ainda que o ministério liberou para os municípios em dezembro verba extra de vigilância em saúde. "O repasse rotineiro é de R$ 1,2 bilhão. Enviamos um valor 30% superior." O número de casos registrados nos dois primeiros meses do ano no País é 80% inferior ao índice do mesmo período do ano passado, diz a pasta.

Lei para tratamento de câncer na rede pública não funciona

Quase onze meses depois de entrar em vigor, a lei que fixa o prazo de até 60 dias para pacientes com câncer iniciarem o tratamento na rede pública de saúde ainda não foi colocada em prática. O entrave para que pacientes vejam concretizado o direito de acesso a uma terapia no tempo considerado razoável é o Sistema de Informação do Câncer (Siscam), uma ferramenta anunciada poucos dias antes da vigência da lei e que, por ironia, foi classificada pelo então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como "uma nova etapa do tratamento do câncer no País".
 
A presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi, avalia que a regulamentação limitou e desvirtuou a Lei 12.732/12, que determinou o prazo de 60 dias. "A criação do sistema, por si só, não é um problema. O erro foi condicionar o prazo de 60 dias ao funcionamento completo do Siscam", afirmou.
 
O Ministério da Saúde, por meio da assessoria de imprensa, afirma que o Siscam, por si só, não impede que a lei seja colocada em prática. Mas reconhece que, como ele não está em funcionamento, não há como fazer o controle de prazos.
 
O software foi ofertado gratuitamente pelo Ministério para todas as secretarias de Saúde em maio do ano passado. O recurso tem capacidade de reunir o histórico do paciente e do tratamento. A expectativa anunciada pelo ministério era a de que a partir de agosto do ano passado todo o registro de novos casos de câncer no País já estariam sendo feitos pelo Siscam. Na ocasião, a pasta anunciara que estados e municípios que não implantassem o sistema até o fim do ano teriam suspensos os repasses feitos para atendimento oncológico.
 
O prazo, no entanto, não foi sacramentado em portaria. A oficialização somente ocorreu em dezembro: e a data limite, concedida na época, era março deste ano. Na prática, uma folga dada para os municípios. Agora, o ministério avisa que a data será novamente prorrogada. Embora a portaria ainda não tenha sido publicada com a dada, Estados e municípios já foram avisados sobre o novo fôlego.
 
De acordo com o Ministério, a ampliação do prazo foi feita para tentar aumentar a adesão de municípios. Pelas contas da pasta, 3.961 municípios receberam senha e até o momento foram cadastrados 1.539 casos de diagnóstico positivo de câncer.
 
Dificuldades. Maira avalia que esse não é o único problema enfrentado na área de tratamento de câncer, sobretudo o de mama. Como exemplo, ela cita a limitação para o uso de medicamento trastuzumabe para pacientes com câncer de mama com metástase. "Há estudos mostrando que o medicamento traz benefícios para essas pacientes", afirma. "Essas mulheres acabam sendo duplamente penalizadas: demoram para receber o diagnóstico, iniciam o tratamento muitas vezes numa etapa tardia, apresentam metástase e, quando isso ocorre, não têm direito ao uso do remédio."
 
O Instituto Nacional do Câncer estima que 518 mil novos casos de todos os tipos de câncer são registrados no País por ano. Em 2010, ocorreram 179 mil mortes em decorrência da doença. O câncer dos brônquios e do pulmão foi o tipo que mais matou (21.779), seguido do câncer do estômago (13.402), de próstata (12.778), de mama (12.853) e de cólon (8.385).

Empresas investem na prevenção para inibir o uso de drogas

O funcionário começa a faltar às segundas-feiras e após feriados. Demora para voltar ao trabalho depois do almoço. Passa a ir mais ao banheiro. Seu rendimento apresenta oscilações. Ele tem dificuldade de concentração e precisa de mais tempo para realizar suas tarefas. Mudanças bruscas de humor e transtornos na relação com o chefe e os colegas tornam-se comuns, bem como desleixo com a aparência e a higiene, endividamento e pedidos de dinheiro emprestado.
 
Segundo o médico Marco Sergio Martins, diretor da consultoria GTS, especializada em gestão de saúde e qualidade de vida, esses são alguns dos sinais característicos de um grande causador de absenteísmo e queda de produtividade nas empresas: a dependência química. Trata-se de um mal bastante democrático, na definição de Martins, por atingir todas as classes na sociedade – e o mesmo vale para os níveis hierárquicos das companhias. "Já presenciamos diretores com sérios problemas de dependência e toda a equipe de recursos humanos de mãos atadas por não ter como fazer uma abordagem adequada", conta.
 
Desvelar a dependência é o primeiro passo – e entrave – para tratá-la, uma vez que essa costuma ser uma doença da negação. O doente nunca admite ser dependente. Muitas vezes, é necessária uma ação conjunta da área de recursos humanos, do departamento médico da corporação, de um consultor externo e mesmo de familiares do funcionário. "Provas que evidenciam o uso são documentadas e apresentadas a ele em uma reunião. Por exemplo, os atrasos, as faltas, as licenças médicas, os acidentes no trabalho e o não cumprimento de compromissos", afirma o diretor da GTS.
 
Como o desgaste financeiro, emocional, social e produtivo provocado por um caso desse tipo é significativo, várias grandes empresas instituem programas de combate ao uso de drogas. Mauricio Yonamine, que possui doutorado em toxicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e atua na aplicação de análises toxicológicas, afirma que essas iniciativas se baseiam, primariamente, na prevenção – com palestras de conscientização, por exemplo. "Caso um funcionário seja identificado como usuário, ele será encaminhado para o departamento médico e tratado conforme o caso."
 
A Philips, multinacional de origem holandesa, possui uma estrutura capaz de atender funcionários dependentes desde 1984, de acordo com Cristiane José, gerente de RH – Saúde e Bem-Estar da companhia. Em 2006, uma política de prevenção, reeducação e tratamento para dependência química foi divulgada internamente. "Além do plano de saúde, os colaboradores contam com uma rede exclusiva de psicoterapeutas e psiquiatras especializados", diz ela. A empresa tem também um canal 0800 para que empregados com problemas como o de uso de drogas possam pedir ajuda.
 
Um dos pilares mais importantes do programa, ressalta Cristiane, é o de educação, com o objetivo de sensibilizar as pessoas em relação ao tema. Há campanhas mais específicas, como a de combate ao alcoolismo, empreendida na época do Carnaval. O estopim da doença muitas vezes se esconde nas fronteiras difusas entre o consumo considerado "social" e sua evolução para um quadro patológico. Campanhas desse tipo na Philips se valem de diferentes meios de propagação como palestras, cartazes e intranet. "Em 2011, formamos um grupo de teatro em que os atores estudaram sobre dependência química para fazer uma peça a respeito", conta a gerente.
 
O departamento de saúde e bem-estar tem sete profissionais capacitados para lidar com casos de uso de drogas. Segundo Cristiane, é preciso uma abordagem adequada do profissional com o intuito de ofertar ajuda para o tratamento. Todas as ações são feitas de forma sigilosa. O tabagismo é atacado por um programa específico desde 2003 – antes disso, as iniciativas para combatê-lo eram pontuais. O tratamento via reposição de nicotina é feito no ambulatório da própria companhia. Psicoterapia ou acupuntura, via plano de saúde, podem ser necessários. A empresa também pode orientar funcionários e familiares com dependências diversas como, por exemplo, em remédios para dormir ou para emagrecer, jogo ou internet.
 
Entre os anos de 1987 e 1988, Paulo Celso Gonçalves, hoje com 60 anos, era chefe no setor de benefícios de previdência privada da Philips, uma espécie de "departamento pessoal que cuidava dos aposentados da empresa", conforme ele define. Naquele tempo, conta que bebia quase todos os dias e que isso prejudicava seu desempenho profissional. "Meu rendimento piorava muito, a memória falhava e deixava coisas para fazer depois."
 
Uma assistente social que ficava no mesmo andar que ele percebeu o problema e o convidou para assistir a uma palestra sobre alcoolismo, realizada na própria organização. "Prestei muita atenção e parecia até que o orador estava contando a minha história". A partir daquele momento, Gonçalves passou a buscar orientações com a assistente como se fosse para uma terceira pessoa, uma espécie de personagem fictício que criou. Pouco depois, assistiu a mais uma palestra, dessa vez proferida por outro executivo da empresa que era dependente, e tomou sua decisão. "Percebi que estava errado e abri o jogo. Em 1989, parei de beber."
 
Abandonar o hábito requereu amparo da família, da assistente social e do chefe. "No início foi terrível. Sentia os efeitos da abstinência, mas continuei trabalhando normalmente e não precisei ser internado. A gente acha que ninguém percebe, mas meu diretor já havia observado a situação. Ele sempre acompanhou o caso e deu todo o apoio", ressalta. Ter se conscientizado da doença, diz, foi fundamental para vencê-la. Após largar a bebida, passou a ajudar aposentados da própria empresa que enfrentavam o problema. Em 1996, deixou a Philips para abrir um negócio próprio em Pedreira, interior de São Paulo.
 
Nem sempre um executivo que passa por um processo de recuperação consegue exercer suas funções profissionais. Dependendo da avaliação médica, ele poderá ser tratado no ambulatório – e assim permanecer no trabalho – ou ser submetido a um período de internação, que em média dura de 30 a 60 dias, segundo Martins, da GTS.
 
A responsabilidade pelas despesas varia de acordo com a corporação, esclarece Yonamine, da USP. "Conhecemos empresas que custeiam grande parte de um primeiro tratamento, e o restante é pago pelo próprio funcionário. Se ocorrer

ANS cria comitê de diálogo entre operadoras e prestadores

Uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já publicada no Diário Oficial da União, cria o Comitê de Incentivo às Boas Práticas entre Operadoras e Prestadores.
 
A função do colegiado é estabelecer a manutenção de um diálogo permanente com os agentes de saúde suplementar e a sociedade civil; promover o aprimoramento de indicadores e ações relativos à adoção de boas práticas, tanto pelas operadoras de planos privados quanto por prestadores de serviços de saúde; e desenvolver mecanismos de indução para que os agentes do setor suplementar de assistência à saúde priorizem a qualidade dos serviços prestados.
 
“Poderão ser criados indicadores que contemplem aspectos relacionados às práticas do setor e influenciam nos resultados da assistência prestada aos consumidores, incentivando um sistema baseado na valorização da qualidade assistencial, bem como poderão ser estabelecidos índices como metodologia de avaliação e monitoramento da adoção de boas práticas, tanto por parte das operadoras de planos privados de assistência à saúde quanto dos prestadores de serviços de saúde”, informou a ANS.

Carreta na Régis fará mamografia grátis sem pedido médico

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo decidiu ampliar o acesso e incentivar as mulheres a realizarem exames de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em todo o Estado. Para isso, a pasta irá utilizar quatro carretas-móveis e um caminhão adaptado para percorrer os municípios paulistas, incluindo locais distantes onde o exame não é oferecido, para a realização gratuita do procedimento.
 
Após passar por seis cidades no Estado, sendo três na Grande São Paulo e três no interior, a próxima parada do veículo será no município de Taboão da Serra, localizado na região metropolitana de São Paulo.
 
Instalada no Largo do Taboão, no cruzamento da rodovia Régis Bittencourt com a Avenida Francisco Morato, o veículo permanecerá na cidade por no mínimo 30 dias.
 
Com o novo programa estadual "Mulheres de Peito", a pasta quer incentivar as mulheres paulistas com idades entre 50 e 69 anos a realizarem exames preventivos de mamografia a cada dois anos na rede pública. A iniciativa tem como objetivo promover um rastreamento contínuo e organizado da doença, visando à detecção precoce de tumores malignos inclusive em fases em que a mulher não apresenta nenhum sintoma.
 
A previsão é que, por meio das unidades móveis, cerca de 60 mil mamografias a mais sejam realizadas por ano. No total, o investimento do governo do Estado é de R$ 14 milhões.
 
Para as mulheres entre 50 e 69 anos de idade, não haverá necessidade de pedido médico de mamografia para a realização do exame nas unidades móveis. Pacientes fora dessa faixa etária também poderão realizar os exames, mas desde que tenham em mãos um pedido médico, que pode ter sido emitido tanto pela rede pública quanto particular.
 
As carretas possuem 15 metros de comprimento, 4,10 metros de altura e, quando abertas, 4,90 metros de largura. Além de mamógrafo, cada veículo é equipado com aparelho de ultrassom, conversor de imagens analógicas em digitais, impressoras, antena de satélite, computadores, mobiliários e sanitários.
 
As unidades móveis de mamografia contam com uma equipe multidisciplinar composta por técnicos em radiologia, profissionais de enfermagem, funcionários administrativos e um médico ultrassonografista.
 
No interior das carretas, as mulheres poderão fazer exames de mamografia de segunda à sexta-feira, das 9h às 20h, e aos sábados, das 9h às 13h. As imagens captadas pelos mamógrafos serão encaminhadas para o Serviço Estadual de Diagnóstico por Imagem (Sedi), serviço da Secretaria que emite laudos à distância, na capital paulista. O resultado sairá em até 48 horas após a realização do procedimento.
 
0800
 
Mulheres paulistas com idades entre 50 e 69 anos, que nasceram em ano par e fazem aniversário em abril já podem marcar seus exames de mamografia sem necessidade de pedido médico, gratuitamente, pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
 
Esta é uma iniciativa complementar às carretas-itinerantes, que tem como objetivo rastrear ativamente o câncer de mama e incentivar a realização de exames preventivos para detecção precoce da doença.
 
Para fazer o agendamento da mamografia basta ligar para o callcenter da Secretaria, pelo número 0800-779-0000. O serviço telefônico estará disponível de segunda a sexta-feira, das 08h às17h. Neste caso, os exames não serão realizados nas carretas, e sim em uma das 300 serviços com mamógrafo do SUS paulista.
 
Esta primeira fase do programa é destinada a quem nasceu em ano par, mas caso a mulher tenha nascido em ano ímpar e esteja há mais de dois anos sem fazer o exame, também poderá fazer o agendamento no mês de seu aniversário, ainda este ano.
 
As mulheres nascidas em ano ímpar e que realizaram o exame recentemente terão a oportunidade agendar a mamografia no próximo ano, também no mês do aniversário, em unidades como AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), hospitais e clínicas. Doze mil mamografias a mais serão ofertadas na rede com o programa.
 
A previsão é de que a mamografia seja realizada ainda no mês de aniversário da paciente ou, no máximo, em 45 dias após a solicitação do exame. Caso sejam detectadas alterações no exame ou suspeitas de câncer, a paciente será encaminhada a um serviço de referência do SUS para fazer exames complementares, acompanhamento ou tratamento, de acordo com cada caso.
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